sábado, 30 de novembro de 2013

O Vale das Abelhas se coloca como uma janela para que vislumbremos o imaginário e a religiosidade medieval do Leste europeu...


Assisti em DVD ao filme “O vale das Abelhas”.
Um fantástico trabalho cinematográfico dos anos 60, que exalta o cinema Tcheco. A película nos conta a história de Ondroej, um jovem que foi enviado por seu pai, um senhor feudal, para um internato religioso, como forma de punição depois que este decide casar-se com uma adolescente e o filho se revoltar contra a decisão paterna. Após alguns anos lá, Ondrej começa a refletir sobre questões existenciais e suas crenças. Decide então fugir e voltar para casa a fim de por em prática sua vingança com conotação incestuosa. Explorando o imaginário do leste da Europa, a natureza da fé e da dúvida, o diretor tcheco Frantisek Vlacil constrói uma obra inspiradora, um verdadeiro épico ambientado na Idade Média. Recomendo!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Blue Jasmine é uma lição de vida, um soco no estômago para quem acha estar acima de tudo e de todos...


Assisti ontem ao filme “Blue Jasmine” do fabuloso diretor estadunidense Woody Allen. A fita narra a história de uma mulher endinheirada chamada Jasmine, pertencente a alta sociedade de Nova York. Porém, Sua vida mudará drasticamente por conta da separação traumática do marido rico e corrupto, que mais tarde se enforcaria na prisão. Jasmine perde toda sua fortuna. Não tendo para onde ir e com quem contar, vê-se forçada a morar de favor com sua irmã, uma proletária, em São Francisco, chegando completamente perturbada do ponto de vista psíquico, vivendo à custa de psicotrópicos e calmantes. Uma vida de esplendor e jactância cai por terra, dando lugar a uma realidade bem díspar: a morada agora é numa acanhada casa de subúrbio de uma cidade que para ela é feia e sem grandes encantos, povoada por seres aborrecíveis que trazem à tona o pior dos pesadelos para quem já viveu como rainha. Protagonizado pela extraordinária Cate Blanchett, “Blue Jasmine” é uma lição de vida, um soco no estômago para quem acha estar acima de todas as outras pessoas. As idas e vindas da trama não atrapalham, pelo contrário; elas são capitais para que se possa comparar o antes e o depois. Na história divisamos a forma pela qual os ricos enxergam as classes menos favorecidas, a repulsa que eles sentem dos mais humildes e o uso da falsidade para aproximar-se com suas espúrias intenções. Falsidade que também se percebe nos encontros entre esses mesmos ricos, ostentando-se de suas conquistas, num puro jogo de interesse mútuo. Mas a rebordosa nunca tarda a surgir, e o charme e a riqueza desabam, que nem um prédio em demolição. A protagonista encontra-se vivendo mal, tendo que batalhar por sua sobrevivência e passando por diversos apertos. Na reta final, compreendemos como a mentira é capaz de acabar com todas as aspirações e expectativas, já que a triste Jasmine, mais uma vez, faz uso da velha companheira, a farsa, do início ao fim. Na tragicomédia de Allen não há clichês, e muito menos um final feliz; carregado de censuras ao capitalismo, às amizades por interesse, à hipocrisia na vida das pessoas e, principalmente, ao evidenciar que as coisas são muito diferentes daquilo que realmente são. Estupendas atuações de todo o elenco, direção arrebatadora, roteiro agradável, trilha sonora charmosa, desilusões, muitas desilusões aos que insistem em acreditar em fantasias. Poucos diretores são capazes de retratar a vida na real como o Allen. Refleti a respeito dos acontecimentos por várias horas. Ao menos momentaneamente, não consigo enxergar a Cate Blanchett da mesma forma, sem desassociá-la de seu personagem em estado de colapso. A comédia dramática do ano, sem nenhum exagero. Imperdível!


domingo, 24 de novembro de 2013

Brinquedo Proibido. Em tempos como o nosso de conflitos velados e pseudo guerras cirúrgicas, o filme realmente consegue o feito de marcar nossa alma com um selo de intensa bondade e paz...


Hoje assisti em DVD ao belíssimo filme “Brinquedo Proibido”, de René Clement, com uma extraordinária trilha de violão do Narciso Yepes. Carregado em dramaticidade, porém livre de pieguices, como a maior parte da escola realista francesa da primeira metade do século XX, esta película nos traz a história de Paulette uma garotinha francesa na época da ocupação alemã (1940). Órfã, a menina vaga pela França levando consigo o corpo de seu cãozinho morto, até deparar com o garoto Michel Dolle, filho de uma rude família camponesa. Apesar da dificuldade de adaptação de Paulette, ela verá no novo amigo a possibilidade de perceber e sobreviver à destruição de seu mundo.
O filme tem um final previsível, porém cruel, que faz pensar muito no que aconteceu com as crianças órfãs da segunda guerra e de todas as guerras e conflitos do mundo até hoje, e na incrível capacidade do homem, de superar os momentos de desespero, através da esperança. Clement conseguiu separar bem o mundo adulto, cheio de avareza e horror, do infantil, carregado de ternura e candura. Mesmo caricatural sua crítica social é tocante e a separação das crianças angustiante. A interpretação dos pequenos é maravilhosa. O filme, apesar de recusado na época por Cannes (absurdamente), ganhou o reconhecimento do mundo com um Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e com o Leão de Ouro em Veneza no ano de 1952 (merecidamente), soberano prêmio e menção especial do júri “… por ter elevado a uma singular pureza lírica a inocência da infância acima da desolação da guerra…”. Em tempos como o nosso de conflitos velados e pseudo guerras cirúrgicas, o filme realmente consegue o feito de marcar nossa alma com um selo de intensa bondade e paz. Confira o trailer!
 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"A Cor do Oceano" é um filme atualíssimo que discute os problemas humanitários e políticos da Europa em sua relação com o entrada de imigrantes africanos...


Assistimos no Canal Max, eu, Elisângela e Duda, ao maravilhoso filme espanhol “A Cor Do Oceano”. Película forte e densa, de extrema atualidade sobre os problemas humanitários e políticos da Europa em sua relação com o fluxo de imigração africana. O longa-metragem narra a história de José, um jovem policial espanhol do setor de imigração das Ilhas Canárias, arquipélago pertencente a Espanha que fica geograficamente na costa da África, para onde fogem muitos refugiados africanos. Depois de anos nesse emprego, José crê que pode determinar o destino de quem cruza seu caminho. Seu cotidiano o transforma em um homem desumano. Ele será desafiado quando a turista alemã Nathalie resolve ajudar africanos naufragados que chegam à costa. Apesar dos pedidos do marido, ela vai auxiliar Zola, um “congolês” (na verdade um senegalês, vocês entenderão o porquê durante o filme), a fugir das autoridades. Mas o refugiado e seu filho Mamadou ainda vão enfrentar muitas dificuldades nas mãos dos chamados “tubarões” (Pessoas inescrupulosas que cobram o olho da cara para viabilizar de forma precária a viagem desses africanos à Europa). A maioria das vezes a jornada é interrompida por conta de naufrágios e assaltos de piratas no percurso. Isso quando a guarda-costeira do país europeu em que pensam aportar,  intercepta a embarcação. Recomendo!

Trinta Anos Esta Noite, É ainda hoje um grande filme, feito com imenso talento...


Até ontem eu nunca tinha visto, mas sempre tinha amado Trinta Anos Esta Noite/Le Feu Follet, um dos primeiros filmes de Louis Malle, protagonizado por Maurice Ronet como o belo homem que numa manhã, às vésperas de seus 30 anos, anuncia para si mesmo que vai se matar. O longa mostra a luta de Alain, o atormentado protagonista, contra seu maior inimigo:  ele mesmo. Inspirado no romance de Pierre Drieu La Rochele, Le Feu Follet (fogo fátuo), o filme é um resumo das principais reflexões do movimento existencialista.  A angústia diante da finitude do ser, a amargura com o conformismo burguês, a desprazer sexual e a necessidade da ação como antídoto contra o tédio são temas recorrentes ao longo dos 108 minutos de absoluta densidade filosófica e cinematográfica.
Alain (Maurice Ronet) é um homem que chega em frangalhos à meia idade. Alcoólatra, está há quatro meses internado numa clínica de repouso em Versalhes. No seu quarto, vivencia o drama da ansiedade perpétua encarando obsessivamente o cano de uma pistola.  "A vida não passa tão rápido para mim, por isso quero acelerá-la", reflete. Incentivado pelo médico, Alain arrisca um retorno à vida social, mesmo sem se sentir preparado.  Em Paris, reencontra amigos e acirra os conflitos mais íntimos ao fazer um balanço de sua vida.  O resultado é desastroso e irreversível. Trinta Anos Esta Noite,  espelha o retrato de um homem sem fé, incapaz de conectar-se ao mundo, seja através da arte, da política ou da religião.  É quase um documentário das aflições filosóficas da geração pós-segunda guerra e pré-rebelião estudantil, que tinha em Sartre, Marcuse, Reich e Erich Fromm alguns dos seus principais mentores. 
Balada da desesperança, Trinta Anos Esta Noite aborda sem concessões o suicídio, resumindo-o a uma derrota do conhecimento, da crença e da vontade.  Um filme que deixa na alma uma marca inapagável.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"O que Traz Boas Novas" (tradução literal do nome Bachir Lazhar) e sua pedagogia do afeto...


Filme sensível, delicado, humano, daqueles que fazem um bem enorme à alma. Embora fale sobre a morte, sobre a forma pessoal como cada um de nós enfrenta o luto, o filme não é deprimente, tampouco baixo-astral. O Que Traz Boas Novas faz jus ao título, tratando de assuntos sérios (dolorosos até) com uma rara e inteligível poesia.  O longa-metragem narra a história de Bachir Lazhar (Mohamed Fellag), imigrante argelino que é contratado para substituir uma professora do ensino fundamental, que morreu tragicamente. Embora estejam todos assistidos pela ajuda de uma psicóloga, nenhum outro professor quer a classe até a chegada do Monsieur Lazhar.  Enquanto a turma de alunos passa por um processo de superação da perda, entre ele e as crianças florescerá uma linda relação. A película também aborda o terrorismo, nas angústias de seu protagonista, e a questão da imigração, revelada numa sala de aula multinacional, cujos pequenos membros não se furtam de encarnar no sotaque do mentor. Além do já cimentado bullying, o roteiro mexe ainda numa massa mais tensa e complicada: as regras nas instituições de ensino. Afinal, são elas que muitas vezes dificultam a relação aluno/professor e transformam os garotos em "material radioativo", como frisou um personagem ao lembrar que não se pode encostar neles. O que acontece é que ninguém desconfia do drama pelo qual passa o novo professor, que corre o risco de ser deportado a qualquer momento. À medida que o filme avança, a ternura vai abrindo espaço em meio a tanta dor. Ou desabrochando, como a enigmática crisálida, citada pelo mestre aos pequeninos durante uma citação de Honoré de Balzac. Assim, O Que Traz Boas Novas pode não ser um título muito comercial no sentido mais amplo da expressão, mas sua capacidade de fazer o espectador voar alto é maior do que o fugaz voo de uma bela borboleta.  Certamente, o filme já está na minha lista de favoritos. Vou vê-lo sempre. Confiram o trailer!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A Noite do Professor. De um almoço entre amigos num domingo surgiu a indicação de um livro fabuloso. Obrigado Josuel...


Primeiramente gostaria de agradecer ao meu grande amigo, o professor Josuel Silva, pela maravilhosa indicação do livro de Jean-Pierre Gattégno. Muito bom! Já havia lido há algum tempo um trabalho desse escritor, porém nada se compara ao fantástico “A Noite do Professor”. Além de ser um romance de primeira, aos moldes dos grandes escritores estadunidenses do gênero, o que também me chamou atenção nesta história policial foi à forma como o autor denuncia as mazelas existentes no sistema público educacional francês (principalmente nas escolas da periferia parisiense), e olha que o livro foi publicado em 1994, portanto há pouco tempo atrás. Neste livro, Gattégno nos apresenta o professor André Jefferson (meu xará), um quarentão que herdou do falecido pai o prazer pela vida da nobreza britânica. Mas, com seu precário ordenado de servidor público dificilmente conseguirá manter o padrão aristocrático que sonha. Assim, quando a charmosa e sedutora Sonia Dupré, mãe de um aluno seu (um dos piores alunos por sinal), convida-o para um encontro discreto e noturno em um bistrô chique de Paris a fim de lhe propor com aterrorizante naturalidade, que ele participe de um assalto a banco, Jefferson vê na “proposta” indecente, porém tentadora um sinal do destino. A linda e demoníaca Sonia garante que vai dar tudo certo. Madame Buena, a mãe de Jefferson, insiste em dizer que o filho não nasceu para navegar nas águas agitadas do crime. Jefferson está disposto a ousar. Está cansado da rotina desgastante como professor em uma escola pública em Paris, dando aulas para alunos desmotivados e tendo que se virar nos trinta para driblar as dificuldades estruturais do sistema.  Desconhece, porém, a maldição familiar que sessenta anos antes aniquilara, em condições parecidas, a vida de seu pai, e que agora pode levar a sua a um final inesperado.

 

domingo, 10 de novembro de 2013

"O Porto". O filme de Aki Kaurismaki sobre imigrantes é uma linda alegoria que nos faz para enxergar o outro...


Hoje tive o imenso prazer de rever o filme O Porto, dirigido pelo cineasta finlandês Aki Kaurismaki. O motivo de tanta alegria foi o fato de que, pela primeira vez assisti a um filme com a minha filhinha Duda. Espero que ela possa amar a sétima arte com mais intensidade do que eu. O longa-metragem que assistimos narra uma história contemporânea, principalmente em tempos de crise econômica na Europa. Tudo se passa na agradável cidade litorânea de Le Havre, região da Normandia, e tem como protagonistas, Marcel Marx, um escritor conhecido por ser boêmio, que resolve abandonar a vida de celebridade e se instalar com sua mulher na Normandia, vivendo como engraxate, levando uma vida humilde de um típico cidadão pobre francês que com a crise econômica beira sutilmente a miséria, mas com um coração repleto de bondade e amor pelo outro (guarde isso, será importante ao longo da história), e Idrissa, um adolescente de boa formação, vindo clandestinamente do Gabão, África, tentando chegar a Londres onde sua mãe está trabalhando em uma fábrica chinesa. Quando o esconderijo em que Idrissa se abrigava juntamente com outros africanos com destino a Inglaterra é descoberto, o menino consegue fugir e passa ser procurado pela policia local. É nesse momento que Marcel Marx e o pequeno gabonês se encontram e suas vidas se entrelaçam. Em meio a essa simpática amizade está à comunidade do bairro portuário onde Marx vive com sua esposa e sua cadelinha Laika, e a truculenta polícia de imigração francesa. A partir da solidariedade encontrada por Marcel junto a outros vizinhos (que resolveram ajudar o garoto a se esconder), revela-se a real intenção da história, discutindo as posturas éticas diante de problemas sociais, como a imigração ilegal que hoje desafia a Europa em crise econômica. Em muitos momentos veremos que a violência policial é igual em qualquer parte do mundo quando o assunto é oprimir grupos desfavorecidos como pobres, negros e imigrantes, favorecendo sempre quem tem a posse do capital. O filme não é uma megaprodução, e muito provavelmente por isso mesmo é inteligente, sutil e charmoso. E o diretor tem muitas sacadas, como por exemplo, a leitura do pequeno trecho de um livro do Kafka que fala sobre as injustiças sociais, o nome dada à cadelinha Laika, além do nome Marx não ser mera coincidência. Vale a pena ver e refletir! Confiram o trailer.


sábado, 9 de novembro de 2013

Depois de Lúcia. Uma obra impactante que só me recuperei horas depois para escrever alguma coisa sobre ela...


Esse é sem dúvida um dos filmes mais intensos que já vi. Depois de Lúcia poderia ser a história de muitas famílias mundo a fora. O longa-metragem narra a vida de Roberto, um homem que acaba de ficar viúvo. A perda de sua esposa deixa a relação dele com sua filha Alejandra, de 15 anos, bastante abalada. Para fugir da tristeza que toma conta da rotina dos dois, pai e filha abandonam a cidade de Vallarda e rumam para a Cidade do México em busca de uma nova vida. Alejandra entra em uma nova escola, e sentirá toda a dificuldade que os adolescentes enfrentam quando precisam mudar de escola - começar de novo, construir novas amizades, adaptar-se as rotinas - quando passa a sofrer violências físicas e emocionais. Oprimida, a menina não conta nada para o pai, e à medida que a violência toma conta da vida dos dois, eles se afastam cada vez mais. Não deixem de ver. Confiram o trailer!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Este "Pão Preto" Como filme, é um brilho. Como entendimento do mundo, me entristece...


Assisti no Canal Max, ao maravilhoso Pão Preto, um filme tão espetacularmente bem feito quanto barra pesada, duro, triste. Seus personagens – basicamente pessoas simples, campesinos da Catalunha, logo após o fim da guerra civil espanhola, todas as feridas da luta fratricida ainda abertas – são pessoas sem saída, para quem não existe esperança de luz no fim do túnel. A abertura já é uma pancada. Começa quando, em uma zona rural da Cataluña, um menino chamado Andreu, cuja família pertence ao grupo dos perdedores na guerra civil que dividiu a Espanha ao meio, e da qual saiu vitorioso o fascismo do generalíssimo Francisco Franco, encontra no bosque os cadáveres de um homem e seu filho. As autoridades suspeitam de seu pai pelo fato de ser socialista. A polícia, o prefeito, as autoridades – é tudo a mesma coisa, mostra o filme – parecem interessados em apontar o pai de Andreu pelo assassinato. E, ao que tudo indica, seria uma condenação política: culpe um socialista por um crime, mesmo que ele não seja o criminoso, e será possível se livrar da pessoa indesejável. Esse, mostra o filme, era o lema das autoridades fascistas. Mas Andreu tentará encontrar o culpado. Nestas circunstâncias, Despertará no garoto uma consciência moral que se opõe à mentira como instrumento do mundo dos adultos. Fantástico!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Retratos da vida. "A lavanderia do marinheiro"...


A perspectiva de um varal de roupas com a Torre Eiffel ao fundo foi magnificamente captada por Robert Doisneau (1912-1994). A foto intitulada “La lessive du marinier”, foi feita de dentro de uma “Peniche”, embarcação utilizada para o transporte de mercadorias.
Fonte: Images&Visions.

domingo, 3 de novembro de 2013

Filme Des Vents Contraires. Emocionante!


Assisti hoje à tarde ao singelo filme francês Des Vents Contraires. O principal motivo do meu interesse pela película foi o fato de ter a Audrey que sou apaixonado, então comecei a ver esperando pelas cenas dela. Nem sabia que ela fazia só uma pequena participação... Por isso, fui surpreendido. Eu adorei esse filme; a história é linda e permite uma ótima reflexão. Gostei muito da atuação do Benoît Magimel que interpreta o Paul, um jovem escritor pai de família que vê sua vida mudar completamente quando de repente sua esposa Sarah desaparece. Após um ano de buscas, Paul é um homem quebrado, consumido pela dúvida e culpa. Sua última chance pode ser de começar do zero: mudando com seus dois filhos para Saint Maloo, a cidade onde ele cresceu. Mas, encontros inesperados irão dar a este novo começo uma volta que ele não imaginava. Confesso que mesmo depois de algum tempo ainda estou digerindo a trama... Às vezes de uma hora para outra passa um furacão inesperado na vida e tudo muda de forma mais arrasadora; mas a vida continua e tudo se ajeita de uma maneira toda nova. Confira o trailer!
 

Juan dos Mortos é um filme cáustico e repleto de crítica política, com referências explícitas à história e à situação atual do país...


Assisti ontem à noite num canal de TV por assinatura ao filme cubano Juan dos Mortos. Um longa-metragem polêmico, assim como tudo que se produz sobre Cuba, a revolução e suas consequências. Um país em desmoronamentos. Um regime falido. Uma população refém de um sistema que só funcionou no plano das ideias. Essa é a visão que o argentino Alejandro Brugués tem de Cuba, país em que estudou, optou para viver e onde faz cinema (deixo claro aqui que este trabalho é a visão do DIRETOR). Em sua segunda película, Alejandro resolveu dar corpo a essa visão, mas escolheu a forma mais incomum para isso. A Havana do cineasta está no meio de uma epidemia de zumbis. O tom é o da comédia, mas o diretor evita cair no que podemos chamar de “um lixo”. Juan dos Mortos  No filme, a mídia chama os zumbis de “dissidentes” e atribui sua chegada aos americanos, em mais uma tentativa de atingir o regime. Todas as escolhas do diretor têm um subtexto. Brugués elege como seus heróis um grupo de Zé manés que ganha a vida aplicando pequenos golpes: Juan, um vagabundo convicto, seu amigo punheteiro, o filho maconheiro deste, um travesti e um brutamontes que tem medo de sangue formam o time. O diretor parece os apontar como os verdadeiros revolucionários cubanos. Eles, como o país, estão à margem de tudo, vivem de sobras e à sombra. Mas não é só a inteligência que impressiona no filme. Uma superprodução em que os cubanos tiram sarro deles mesmos – e também dos americanos, dos espanhóis e até dos russos. A qualidade visual do filme merece elogios. A fotografia sempre procura os ângulos mais espertos, há uma quantidade enorme de bons efeitos visuais, que funcionam sempre como suporte para a história. Entre as muitas boas cenas do filme, a melhor é a luta em que Juan tenta se livrar de um zumbi ao qual está algemado, filmada em forma de dança. Recomendo!
Confiram o trailer.

sábado, 2 de novembro de 2013

Tapas.Cinco histórias se entrelaçam no bairro de uma grande cidade.Em cada uma dessas histórias há segredos e responsabilidades a assumir...


Tapas; muito bom este filme. Bem despretensioso, trata do dia-a-dia de alguns personagens da periferia de Barcelona, que por uma razão ou outra, têm suas vidas entrelaçadas. Em suma, como elas se relacionam com o amor, com a solidão, com a vida e com os outros. Segue de certa forma, o caminho dos italianos “Pão e Tulipas” e “Ágata e a Tempestade”, com a diferença que estes têm focos mais bem definidos – a mulher, separações, enfim.
Mas o filme não deixa nada a desejar, é divertimento da melhor qualidade – um pouco de comédia, um pouco de tragédia, e o dia-a-dia correndo no meio. Como a vida…
Confira o trailer!
         

Pequena mudança...

Gostaria de comunicar a todos os que acompanham este humilde bloguinho que o endereço eletrônico foi alterado para www.expressocultural-jeferson.blogspot.com
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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Entregue-se com tempo, carinho e disposição à leitura de O Tempo Entre Costuras e tenho a certeza de que não irá se arrepender...


Hoje trago para vocês a indicação de um livro fabuloso que tive o prazer de desfrutar a alguns meses atrás. O Tempo Entre Costuras narra a história de Sira Quiroga, uma jovem espanhola que aprende a costurar para ajudar sua mãe a ganhar o pão de cada dia. Ela está de casamento marcado, mas se apaixona perdidamente por outro jovem e deixa tudo pra trás pra viver com ele. Troca sua pacata rotina em Madri pelo desconhecido Marrocos, seguindo uma avassaladora paixão. Ela e seu amado Ramiro, um aventureiro em busca de dinheiro, vivem momentos de romance, glamour e futilidade. Mas o sonho vivido por ela acaba quando, de uma hora para outra, é abandonada no Marrocos, meses antes da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), para ter sua inocência triturada pelos caminhos da vida. Porém, se transforma uma vez mais para mergulhar, durante a Segunda Guerra Mundial, em um novo mundo, agora repleto de espiões, impostores e fugitivos. Completamente sozinha e sem dinheiro, com uma dívida enorme para saldar e contando com a ajuda da “muambeira” – uma das melhores personagens do livro em minha opinião – Sira vai aos poucos remodelando sua vida entre uma costura e outra em meio a duas guerras, se misturando com personagens reais e fictícios e ganhando cada vez mais a empatia do leitor. As reviravoltas também são interessantes: quando as coisas começam a se acalmar e acreditamos que Sira possa viver tranquilamente com a máscara que criou para enfrentar o mundo, Dueñas, a autora do livro, coloca a heroína em uma nova fase, precisando se reinventar novamente. Confesso que muitas vezes tive sentimentos confusos com relação à personagem principal, sobretudo no começo do livro quando ela estava completamente cega de paixão. Mas Sira não é uma personagem estática, imutável, e ela aprende a se virar sozinha e a não querer nem precisar depender de homem nenhum para viver. Ela escreve sua própria história e aprende a dançar conforme a música. Ela se transforma sem perder sua essência, evolui sem deixar de ser ela mesma e é isso que torna esse livro tão cativante e tão merecedor de todos os elogios que possa receber. Minha única reclamação, se é que assim posso chamá-la, é que fiquei o livro todo esperando o momento em que Sira apareça com uma rosa na mão como na capa, e esse momento nunca chegou. Mas talvez eu tenha devorado o livro com tanta gana que a rosa tenha passado despercebida. Recomendo com muito entusiasmo!