domingo, 3 de novembro de 2013

Juan dos Mortos é um filme cáustico e repleto de crítica política, com referências explícitas à história e à situação atual do país...


Assisti ontem à noite num canal de TV por assinatura ao filme cubano Juan dos Mortos. Um longa-metragem polêmico, assim como tudo que se produz sobre Cuba, a revolução e suas consequências. Um país em desmoronamentos. Um regime falido. Uma população refém de um sistema que só funcionou no plano das ideias. Essa é a visão que o argentino Alejandro Brugués tem de Cuba, país em que estudou, optou para viver e onde faz cinema (deixo claro aqui que este trabalho é a visão do DIRETOR). Em sua segunda película, Alejandro resolveu dar corpo a essa visão, mas escolheu a forma mais incomum para isso. A Havana do cineasta está no meio de uma epidemia de zumbis. O tom é o da comédia, mas o diretor evita cair no que podemos chamar de “um lixo”. Juan dos Mortos  No filme, a mídia chama os zumbis de “dissidentes” e atribui sua chegada aos americanos, em mais uma tentativa de atingir o regime. Todas as escolhas do diretor têm um subtexto. Brugués elege como seus heróis um grupo de Zé manés que ganha a vida aplicando pequenos golpes: Juan, um vagabundo convicto, seu amigo punheteiro, o filho maconheiro deste, um travesti e um brutamontes que tem medo de sangue formam o time. O diretor parece os apontar como os verdadeiros revolucionários cubanos. Eles, como o país, estão à margem de tudo, vivem de sobras e à sombra. Mas não é só a inteligência que impressiona no filme. Uma superprodução em que os cubanos tiram sarro deles mesmos – e também dos americanos, dos espanhóis e até dos russos. A qualidade visual do filme merece elogios. A fotografia sempre procura os ângulos mais espertos, há uma quantidade enorme de bons efeitos visuais, que funcionam sempre como suporte para a história. Entre as muitas boas cenas do filme, a melhor é a luta em que Juan tenta se livrar de um zumbi ao qual está algemado, filmada em forma de dança. Recomendo!
Confiram o trailer.

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