quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Blue Jasmine é uma lição de vida, um soco no estômago para quem acha estar acima de tudo e de todos...


Assisti ontem ao filme “Blue Jasmine” do fabuloso diretor estadunidense Woody Allen. A fita narra a história de uma mulher endinheirada chamada Jasmine, pertencente a alta sociedade de Nova York. Porém, Sua vida mudará drasticamente por conta da separação traumática do marido rico e corrupto, que mais tarde se enforcaria na prisão. Jasmine perde toda sua fortuna. Não tendo para onde ir e com quem contar, vê-se forçada a morar de favor com sua irmã, uma proletária, em São Francisco, chegando completamente perturbada do ponto de vista psíquico, vivendo à custa de psicotrópicos e calmantes. Uma vida de esplendor e jactância cai por terra, dando lugar a uma realidade bem díspar: a morada agora é numa acanhada casa de subúrbio de uma cidade que para ela é feia e sem grandes encantos, povoada por seres aborrecíveis que trazem à tona o pior dos pesadelos para quem já viveu como rainha. Protagonizado pela extraordinária Cate Blanchett, “Blue Jasmine” é uma lição de vida, um soco no estômago para quem acha estar acima de todas as outras pessoas. As idas e vindas da trama não atrapalham, pelo contrário; elas são capitais para que se possa comparar o antes e o depois. Na história divisamos a forma pela qual os ricos enxergam as classes menos favorecidas, a repulsa que eles sentem dos mais humildes e o uso da falsidade para aproximar-se com suas espúrias intenções. Falsidade que também se percebe nos encontros entre esses mesmos ricos, ostentando-se de suas conquistas, num puro jogo de interesse mútuo. Mas a rebordosa nunca tarda a surgir, e o charme e a riqueza desabam, que nem um prédio em demolição. A protagonista encontra-se vivendo mal, tendo que batalhar por sua sobrevivência e passando por diversos apertos. Na reta final, compreendemos como a mentira é capaz de acabar com todas as aspirações e expectativas, já que a triste Jasmine, mais uma vez, faz uso da velha companheira, a farsa, do início ao fim. Na tragicomédia de Allen não há clichês, e muito menos um final feliz; carregado de censuras ao capitalismo, às amizades por interesse, à hipocrisia na vida das pessoas e, principalmente, ao evidenciar que as coisas são muito diferentes daquilo que realmente são. Estupendas atuações de todo o elenco, direção arrebatadora, roteiro agradável, trilha sonora charmosa, desilusões, muitas desilusões aos que insistem em acreditar em fantasias. Poucos diretores são capazes de retratar a vida na real como o Allen. Refleti a respeito dos acontecimentos por várias horas. Ao menos momentaneamente, não consigo enxergar a Cate Blanchett da mesma forma, sem desassociá-la de seu personagem em estado de colapso. A comédia dramática do ano, sem nenhum exagero. Imperdível!


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