domingo, 10 de novembro de 2013

"O Porto". O filme de Aki Kaurismaki sobre imigrantes é uma linda alegoria que nos faz para enxergar o outro...


Hoje tive o imenso prazer de rever o filme O Porto, dirigido pelo cineasta finlandês Aki Kaurismaki. O motivo de tanta alegria foi o fato de que, pela primeira vez assisti a um filme com a minha filhinha Duda. Espero que ela possa amar a sétima arte com mais intensidade do que eu. O longa-metragem que assistimos narra uma história contemporânea, principalmente em tempos de crise econômica na Europa. Tudo se passa na agradável cidade litorânea de Le Havre, região da Normandia, e tem como protagonistas, Marcel Marx, um escritor conhecido por ser boêmio, que resolve abandonar a vida de celebridade e se instalar com sua mulher na Normandia, vivendo como engraxate, levando uma vida humilde de um típico cidadão pobre francês que com a crise econômica beira sutilmente a miséria, mas com um coração repleto de bondade e amor pelo outro (guarde isso, será importante ao longo da história), e Idrissa, um adolescente de boa formação, vindo clandestinamente do Gabão, África, tentando chegar a Londres onde sua mãe está trabalhando em uma fábrica chinesa. Quando o esconderijo em que Idrissa se abrigava juntamente com outros africanos com destino a Inglaterra é descoberto, o menino consegue fugir e passa ser procurado pela policia local. É nesse momento que Marcel Marx e o pequeno gabonês se encontram e suas vidas se entrelaçam. Em meio a essa simpática amizade está à comunidade do bairro portuário onde Marx vive com sua esposa e sua cadelinha Laika, e a truculenta polícia de imigração francesa. A partir da solidariedade encontrada por Marcel junto a outros vizinhos (que resolveram ajudar o garoto a se esconder), revela-se a real intenção da história, discutindo as posturas éticas diante de problemas sociais, como a imigração ilegal que hoje desafia a Europa em crise econômica. Em muitos momentos veremos que a violência policial é igual em qualquer parte do mundo quando o assunto é oprimir grupos desfavorecidos como pobres, negros e imigrantes, favorecendo sempre quem tem a posse do capital. O filme não é uma megaprodução, e muito provavelmente por isso mesmo é inteligente, sutil e charmoso. E o diretor tem muitas sacadas, como por exemplo, a leitura do pequeno trecho de um livro do Kafka que fala sobre as injustiças sociais, o nome dada à cadelinha Laika, além do nome Marx não ser mera coincidência. Vale a pena ver e refletir! Confiram o trailer.


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