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Filme
sensível, delicado, humano, daqueles que fazem um bem enorme à alma. Embora
fale sobre a morte, sobre a forma pessoal como cada um de nós enfrenta o luto,
o filme não é deprimente, tampouco baixo-astral. O Que Traz Boas Novas faz
jus ao título, tratando de assuntos sérios (dolorosos até) com uma rara e
inteligível poesia. O longa-metragem
narra a história de Bachir Lazhar (Mohamed Fellag), imigrante argelino que é
contratado para substituir uma professora do ensino fundamental, que morreu
tragicamente. Embora estejam todos assistidos pela ajuda de uma psicóloga,
nenhum outro professor quer a classe até a chegada do Monsieur Lazhar. Enquanto a turma de alunos passa por um
processo de superação da perda, entre ele e as
crianças florescerá uma linda relação. A película também aborda o terrorismo,
nas angústias de seu protagonista, e a questão da imigração, revelada numa sala
de aula multinacional, cujos pequenos membros não se furtam de encarnar no
sotaque do mentor. Além do já cimentado bullying, o roteiro mexe ainda numa
massa mais tensa e complicada: as regras nas instituições de ensino. Afinal,
são elas que muitas vezes dificultam a relação aluno/professor e transformam os
garotos em "material radioativo", como frisou um personagem ao
lembrar que não se pode encostar neles. O que acontece é que ninguém desconfia do
drama pelo qual passa o novo professor, que corre o risco de ser deportado a
qualquer momento. À medida que o filme avança, a ternura vai
abrindo espaço em meio a tanta dor. Ou desabrochando, como a enigmática
crisálida, citada pelo mestre aos pequeninos durante uma citação de Honoré de
Balzac. Assim, O Que Traz Boas Novas pode não ser um título muito comercial no
sentido mais amplo da expressão, mas sua capacidade de fazer o espectador voar
alto é maior do que o fugaz voo de uma bela borboleta. Certamente, o filme já está na minha lista de favoritos.
Vou vê-lo sempre. Confiram o trailer!
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