terça-feira, 25 de junho de 2013

Releituras: O Carteiro e o Poeta é um livro curto, mas, nem por isso, desprovido de conteúdo. Com suas poucas páginas, consegue falar de amizade, romance, política e, sobretudo, poesia...




Comecei ontem a pôr em prática um antigo desejo que há muito venho protelando. Já faz algum tempo que sinto vontade de reler as obras que foram importantes em muitos momentos de minha vida. Comecei então com este singelo trabalho.  O Carteiro e o Poeta, de Antônio Skármeta é um romance que narra uma bela e singular amizade entre um carteiro e o poeta Pablo Neruda. Entendo que o livro acaba sendo uma espécie de biografia, ensaio, diário e romance, já que o próprio autor fala que ”Concretamente, devo a Neruda a perda da minha inocência”, num dos muitos momentos em que expressa sua admiração pelo poeta. Em minha opinião, há dois grandes momentos no livro. Quando Neruda esclarece ao carteiro o que é uma metáfora, e ao fazer isso, seduz os leitores a ver poesia, beleza e, acima de tudo metáforas, em todos os lugares, até mesmo nos mais simples momentos da vida. E, especialmente, quando Neruda pede ao amigo que grave os sons da ilha, para que o poeta mate a saudade durante o período que vive na França como embaixador do Chile. (...) “Preciso desesperadamente de algo, nem que seja o fantasma da minha casa. A minha saúde não anda nada bem. Sinto falta do mar. Sinto falta dos pássaros. Mande para mim os sons da minha casa”.
É um livro belíssimo que fala sobre o amor, política, amizade e principalmente poesia. Agrada pela beleza do texto e pela generosidade da história. Vale a pena ler e a compreender o mundo com os olhos plenos de poesia.

 
 

  

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Se Eu Pudesse Viver Minha Vida Novamente...Talvez nunca tenha visto alguém dizer com tanta propriedade que se pudesse viver sua vida novamente, faria tudo de novo! Ah, eu quero essa liberdade para mim.


Para esse feriadão, venho indicar um maravilhoso livro que se fosse possível eu o definiria em apenas uma palavra: Sabedoria. Trata-se de Se Eu Pudesse Viver Minha Vida Novamente, escrito pelo grande Rubem Alves. Neste trabalho, o autor viaja no tempo e no espaço... Entre as perdas e ganhos que temos durante a vida, recorrendo a memórias ora felizes, ora dolorosas, quase sempre com um toque de nostalgia que não é remorso, mas uma saudade agradável de algo vivido em grande intensidade. Com extraordinária ternura chega ao coração e à mente de cada um, despertando em nós o desejo de aproveitar cada momento plenamente - pois nunca é tarde para a vida! Leia alguns trechos: "Plantei árvores, tive filhos, escrevi livros, tenho muitos amigos e, sobretudo, gosto de brincar. Que mais posso desejar? Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu a viveria como a vivi porque estou feliz onde estou." Pág.10

”Pelo poder da imaginação um cabo de vassoura se transforma num cavalo e uma caixa de sapatos vazia amarrada a um barbante é um carrinho pois assim era o meu pai : ele sabia transformar nadas em coisas boas. ” pág. 77

Nessa escrita cheia de lugares revisitados na meninice, adolescência e fase adulta o autor revive e proporciona a nós leitores um passeio onde se encontra citações e ensinamentos que o próprio Rubem quer enfatizar, os ensinamentos deixados pelo seu pai, os ensinamentos dos grandes escritores e de todos aqueles construídos por sua formação como ser humano.

“O bom da literatura é que ela nos faz viajar por tempos e lugares aonde agente nunca foi e nunca irá” pág.121

O livro é de tiro curto; você vai lendo e quando vê já chegou ao fim. No entanto, suas mensagens são extensas, intensas e eternas.

 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Línguas: Vidas em Português. Devemos nos deixar levar pela nossa língua, valorizar nossa música e literatura e principalmente valorizar a pessoa ao nosso lado...



Hoje, depois do jogo do Brasil, assisti num canal a cabo a um ótimo filme: “Língua: vidas em português” é um documentário lançado em 1994 com produção de Brasil/Portugal. A película aborda a língua portuguesa falada em várias partes do mundo. Além dos países já citados, encontramos também Angola, Moçambique, Guiné-Bissau todos na África, Goa na Índia, Macau na China e no Japão principalmente na boca de emigrantes brasileiros. Através de populares e pessoas ilustres da literatura e da música como João Ubaldo Ribeiro, José Saramago e Mia Couto, Martinho da Vila e Teresa Salgueiro, o diretor tenta reconstruir os caminhos da língua portuguesa. Como ela chegou a cada país através de bocas portuguesas e como em cada região ela se reinventou, criando o que Saramago chamou de “línguas em português”. encontrei na net um trecho do filme. Fica a dica.
 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Lugares Comuns... O que seria deste mundo sem eles, estes loucos maravilhosos?



Maravilha de filme... Narra a história de um professor universitário em uma Argentina em plena ditadura. A vida de Fernando Robles muda depois que ele é obrigado - por decreto - a se aposentar (como aconteceu em várias ditaduras na América Latina, onde os professores que o sistema entendia serem subversivos eram aposentados obrigatoriamente, mesmo sendo ainda jovens). Ao lado de sua mulher Liliana - com quem faz um casal apaixonado e dedicado - viaja à Espanha para visitar o filho. Eles se amam, se respeitam e são fiéis um ao outro, e nunca se cansam de estar a sós, somente os dois. Na volta, assustados com o custo de vida de Buenos Aires, Fernando e Liliana procuram novas ocupações mudando-se para uma fazenda onde pensam em plantar lavanda. Como num tango saudoso, Fernando sonha com dias melhores enquanto passa sua vida a limpo no diário que escreve diariamente. O filme não tem a intenção de dar lição de moral à ninguém, e nem deixa claro de que lado está a razão, apesar de a história ser contada pelo próprio professor. Você pensa, às vezes, que ele é só mais um louco, um sonhador. Mas o que seria deste mundo sem eles, estes loucos maravilhosos?  Recomendo com o coração...

sábado, 15 de junho de 2013

A Cidadela dos Robinsons... Aventura com gosto de infância.



A tarde hoje aqui em casa foi deitado na cama, meio cambaleante por conta de um resfriado abusado; aproveitei para assistir ao excelente filme produzido em 1960 pela Disney chamado A Cidadela dos Robinsons. Um ótimo filme e que agrada a pessoas de todas as idades. Uma fantástica saga envolvendo a família Robinsons na luta contra perigosos piratas. Fugindo dos horrores da guerra na Europa, os Robinsons empreendem uma viagem de fuga à Nova guiné, porém o navio em que estão naufragam em uma terrível tempestade e eles acabam indo parar em uma ilha remota onde começam reconstruir suas vidas. A casa na árvore, os animais selvagens e as intrigas entre dois irmãos apaixonados pela mesma garota. Prepare-se para viver uma das mais fantásticas histórias de naufrágio e piratas.  Recomendo!
 
 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Filme "O Gato do Rabino"... Maravilhoso!!!!



Assisti no final da tarde de hoje a um maravilhoso filme/animação chamado O Gato do Rabino. Muito bom! A história é ambientada na Argélia da década de 1920, onde o rabino Sfar vive com sua filha, além de um papagaio falador e um gato sem nome. Um dia, o gato come o papagaio e começa a falar sem parar. Para não ficar longe de sua adorada dona, o bichano decide se converter ao judaísmo, e passa a compreender melhor os alicerces da religião. Ao mesmo tempo, a chegada inesperada de um judeu russo à cidade obriga o Rabino e seu amigo, um líder islâmico a fazerem uma cruzada pela África, local marcado pelas mais diversas crenças religiosas, raças e línguas. Vários novos amigos - e inimigos - cruzam o caminho desta caravana. O gato diz na introdução, que ele nunca ganhou um nome. Sempre foi "o gato do Rabino". Este dado mostra a grande importância que terá neste filme não apenas o seu dono, mas a questão do respeito à autoridade religiosa. Situando sua história em uma Argélia predominantemente muçulmana, mas em uma cidade judia, e com a influência católica francesa, a produção lança desde o início o seu discurso sobre a pluralidade das crenças. Recomendo...

domingo, 9 de junho de 2013

A Bela Moleira... Garantia de muitas risadas.



Assisti ao maravilhoso filme italiano produzido na metade dos anos 50 e tenho a certeza que vocês vão adorar: A Bela Moleira é o nome deste trabalho estrelado por Marcello Mastroianni, Sophia Loren e o inesquecível Vittorio De Sica. A história remete ao final do século 17, em uma Nápoles sob o jugo espanhol, onde todos os habitantes da cidade são obrigados a pagar imposto até sobre a chuva, mesmo que ela não caia. A exceção é o moleiro Luca, casado com a mulher mais bonita e desejada da região, e que só por isso é favorecido pelo poderoso governador Teófilo, que não vê a hora de levar a mulher do moleiro para a cama. A vida pacata do casal de camponeses  se transforma quando o governador da província arma um plano para possuir a bela esposa. Exemplo típico da comédia italiana tem Sophia Loren como Carmela, a bela moleira do título, e Marcello Mastroianni na pele de Luca, o marido pacato. Ele só tem de se virar quando percebe o interesse do poderoso Don Teófilo (Vittorio De Sica). Imperdível!!!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O fantástico livro "O Falecido Mattia Pascal"...



Este foi mais um dos livros que conheci primeiro como filme. O inesquecível diretor italiano Mario Monicelli adaptou brilhantemente para o cinema e como gostei muito da película, corri atrás do livro. Tenho esta mania: a de comparar o trabalho fílmico com o livro para ver se a adaptação foi bem feita. E só depois de ter lido e me deslumbrado, fui pesquisar a vida do autor e descobri a sua importância na literatura mundial, sendo, inclusive, um ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1934.

Engraçadíssima, a história se passa, salvo às viagens pela Europa do nosso querido protagonista Mattia Pascal, na Itália. Parte na cidade de Miragno e parte nas conhecidas cidades de Roma e Veneza. Mattia Pascal é um homem inteligente, porém gostava da boa vida e, quando todo o dinheiro que herdara do seu pai foi roubado pelo administrador de seus bens, ele se viu como um homem pobre, sem ofício e sem perspectivas.

Uma das partes mais interessantes do livro é na qual Mattia faz das tripas coração para se casar com quem queria. Neste acontecimento, temos cinco personagens: Mattia; Romilda, a mulher com quem Mattia queria se casar; a viúva Pescatore, futura sogra de Mattia e mãe de Romilda; Malagna, o ladrão e administrador dos bens da família de Mattia e, finalmente, Oliva, amiga de infância de Mattia e esposa de Malagna; este último era estéril, porém seu maior sonho era ter um filho. Oliva era sua segunda esposa, e assim como a primeira, não conseguia engravidar. Assim, Romilda que já tinha um caso com Mattia engravidou e, convencida pela sua mãe, foi pedir ajuda para Malagna, que era rico, diga-se por passagem, para assumir a paternidade de seu filho. Convencido, Malagna disse para sua mulher, Oliva, que a culpa era dela pelo fato de não engravidar e que ele não era estéril, por isso, Romilda estava grávida dele e seria com ela com quem ele iria ficar. Então Mattia, inteligente como é, engravidou rapidamente Oliva, que voltou para Malagna dizendo que já estava grávida quando foi expulsa e exigia que assumisse a paternidade do seu filho agora, supostamente, verdadeiro. Resumo da história: com a sua mulher grávida, Malagna voltou para Oliva e Romilda, grávida e sem marido, casou-se com o verdadeiro pai de seu filho, Mattia.

Isso é narrado logo no começo da história, e as coisas mudam radicalmente. Mattia, como ele mesmo diz na primeira página, é um homem que morrera duas vezes. Assim, rodeado por infortúnios, sua sogra insuportável, sua mulher infeliz, pobre, ele decide fugir por uns tempos e, sem querer, acaba ficando rico na jogatina. As mortes sofridas por Mattia estão longe de serem físicas. Depois de ter enriquecido na jogatina, decide voltar para casa e jogar na cara de sua mulher e sogra todo o dinheiro que ganhara. Porém, no trem, pega um jornal para ler as notícias durante a viagem, mas acaba lendo o informe de que seu corpo fora encontrado depois de ter cometido suicídio.

Mattia então, se vê na oportunidade de não precisar mais voltar para sua mísera vida em Miragno, cheio de novas chances e, rico, ele decide assumir uma nova identidade e viver uma nova vida. A partir daí, o livro fica mais denso. A solidão do protagonista, a impossibilidade de se fixar em algum lugar ou de ter uma amizade sincera, leva-o a questionar se sua morte realmente valera a pena.

É um livro muito gostoso de ler, recomendadíssimo à quem gosta de dar risadas lendo e para quem gosta de se questionar sobre o que é identidade. Quanto Mattia morreu e assumiu uma nova identidade – um novo nome, uma nova história, seus problemas não foram resolvidos, apenas a eles se acrescentaram outros, de natureza ainda maior.