segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Com sua forma aberta e direta, "Cairo 678" discute direitinho o que se propõe e leva o espectador a um estado de extrema empatia e porque não dizer, engajamento, com suas três admiráveis protagonistas...


Fantástico e impactante! Esta é a minha impressão depois de ter assistido ontem ao filme “Cairo 678” no Canal Max. O diretor egípcio Mohamed Diab (não sei porquê, mas nesse caso coube a um homem) denuncia neste drama histórias reais de seu povo e as transformações que não param de pipocar. Diab promove o encontro de três mulheres. Cada uma à sua maneira, elas desafiaram os costumes egípcios. Fayza, uma funcionária pública, casada e mãe de duas crianças que, apesar de se cobrir dos pés à cabeça, como manda a tradição islâmica, é quase que diariamente “bulinada” no ônibus. Mais madura e descolada, arrisco dizer “ocidentalizada”, a artista plástica Seba, vítima de estupro, virou conselheira de autodefesa e ensina suas alunas a se livrar de possíveis agressores. Nelly, que trabalha a contragosto em telemarketing e quer seguir os passos de seu noivo para ser estrela de stand-up comedy, após ser assediada estupidamente na rua, decide ir à Justiça.
O “678” do título vem do número do artigo da lei egípcia que enquadra o sujeito por assédio sexual, primeiro caso registrado no país, em 2009. Mais importante como estudo sociológico, a película do Diab faz um registro atual das ideias das habitantes do Cairo. Modernas e antenadas, Seba e Nelly encontram em Fayza o seu oposto. Algo, porém, une as protagonistas: enfadadas da repressão machista, elas precisam difundir seu grito de alerta. Pena que não será tão simples assim.
Nelly, até afronta a oposição dos próprios pais e familiares para dar seguimento nos tribunais, pois eles acreditam, veja só, que isso sujaria a honra da família (é dessa forma que pensa a maioria da comunidade islâmica no que concerne ao estupro). O cinema recente já abordou temas semelhantes em produções como “A Fonte das Mulheres” (sobre as marroquinas) e “Caramelo” (a respeito das libanesas). “Cairo 678” não tem o mesmo esmero estético nem a leveza dessas duas fitas. Seu trunfo está, sobretudo, na forma direta e quase documental proposta pelo realizador. Confira o trailer.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Cidade do Fim. Assim como o país do autor, este livro atravessou o mar para me conquistar. Uma grande homenagem a língua portuguesa e um olhar interessante sobre a decadência do império portugês...


Li recentemente um livro maravilhoso. Um livro que, para chegar a minhas mãos precisou atravessar o Oceano Atlântico, pois foi enviado de Portugal por um grande amigo, o lusobrasileiro Evanilson Oliveira, o Banny. Trata-se de um ótimo romance histórico que ainda não foi publicado aqui no Brasil. Chama-se “A Cidade do Fim”, escrito pelo jornalista, filósofo e professor universitário português, Miguel Real. Neste livro conheceremos a história do professor Fátimo que ganhou esse “lindo” nome da sua mãezinha, por ter nascido no ano das Aparições. O nosso protagonista  resolve prestar concurso para ocupar um cargo de docente no Liceu Infante D. Henrique, em Macau, onde permaneceu até morrer. Macau, no sul da China, uma cidade dividida em duas comunidades aparentemente amigas: a branca e a chinesa. Fátimo soube apreciar e reunir o melhor dos costumes de ambas, gerando uma atmosfera especial.

Dividindo o seu tempo entre a escola e os livros, a portuguesa Maria Augusta – com quem Fátimo mantém um casamento de fachada – e a chinesa Siu Lin, a “Pequena Flor de Lótus” – por quem nutre desde sempre uma paixão proibida – são as outras personagens centrais do romance. O protagonista de “A Cidade do Fim” será, ao longo de quase cinquenta anos, uma testemunha privilegiada da vagarosa decadência do poder imperial português, dos conflitos com a comunidade chinesa e, por fim, da entrega oficial do território de Macau à República Popular da China, em 1999.

Depois de se conscientizar de que, com a independência das colonias, “se jogou em Macau o fim do império português, o nosso simpático professor decide expor num romance de amor a história de Macau a par da sua própria história; e nenhuma das duas está isenta de dúvidas, tumulto, surpresa e mesmo violência”.
 
“A Cidade do Fim” é a homenagem de Fátimo a sua língua natal, à pátria que o abraçou e, à pequena “flor de lótus” que o fez desabrochar.

 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Kamchatka mostra o golpe de 1976 sob a ótica infantil e confirma aexcelente safra do cinema na Argentina...


Assisti ontem no Telecine Cult ao maravilhoso filme argentino “Kamchatka”. Apesar da crise por que passa a Argentina, o cinema do país continua bastante produtivo. Vez por outra, surge alguma película sobre um período importante da história argentina, a ditadura militar entre 1976 e 1983. Marcelo Piñeyro, que produziu sobre este tema A História Oficial, Oscar de filme estrangeiro em 1986, retorna ao tema, agora como diretor. Em Kamchatka, o enredo sobre o golpe adquire personalidade porque é contado através do olhar puro de um garoto de dez anos, que assiste embaraçado às transformações a que se vê passar sua família. A fuga da casa, a troca de nomes, a mudança de colégio: a ruptura da normalidade vem seguida por um mundo enigmático, cheio de rituais de clandestinidade e bastante fértil para a mente infantil.

 


Kamchatka é uma boa ocasião para tomar contato com o cinema feito pelos nossos vizinhos. Em uma rápida pesquisa que fiz sobre a biografia do diretor Marcelo Piñeyro, pude constatar que se trata de alguém que é engajado politicamente, premiado e dos mais importantes no cinema argentino atual. No elenco, está Ricardo Darín, que de galã no início de carreira passou a um dos atores mais versáteis e requisitados da Argentina, brilhando nos sucessos Nove Rainhas e O Filho da Noiva, Um Conto Cinês, e tantos outros. Tem também a competente Cecilia Roth, que se “exilou” na Espanha durante a ditadura em seu país natal e virou estrela de filmes de Pedro Almodóvar, como Tudo sobre Minha Mãe. E a dupla de atores-mirins é bastante convincente, ajudando a criar o clima para a emoção sufocada dos pais que se preocupam em nunca mais ver os filhos. Para quem ficou curioso: o nome do filme, Kamchatka, vem de um jogo parecido com o Wars, que é o passatempo da família escondida.



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Só mais essa e vou dormir. "A última crônica"...


Para encerrar a noite, acabei de assisti ao curta-metragem “A Última Crônica” (2007) de Jorge Monclar no YouTube. Gostei muito! Pesquisando rapidamente na internet descobri que o curta é baseado em um conto do Fernando Sabino. Um jornalista interpretado pelo André Gonçalves anda pela cidade falando distraidamente ao celular. Ele nada vê; tudo acontece em volta e ele nada vê. Até que ele entra em um botequim num rápido momento em que desliga o aparelho para tomar um café, vê uma família, um casal e duas filhas, comemorando o aniversário da menina mais velha com uma única garrafinha de Coca-Cola 290 ml e um bolo individual. A mãe é interpretada pela Roberta Rodrigues e o pai pelo André Ramiro. O garçom é interpretado pelo Marcello Gonçalves. É muito bonitinho o curta, confira!

Ausência,leitura e Simenon em dose dupla: Maigret duas vezes, sem tirar...


Estamos de volta depois de uma semana de ausência, onde estive descansando no sítio de papai. Relaxei bastante e aproveitei o tempo livre para ler dois grandes livros do Simenon, ambos protagonizados pelo Comissário da policia francesa Jules Maigret.

O primeiro livro que li foi “Um Fracasso de Maigret”. Na história, que se passa em uma Paris terrivelmente invernal, um antigo conhecido de infância de Maigret, um rico empresário ligado aos mais importantes políticos da França, chamado Ferdinand Fumal, pede proteção após receber cartas anônimas. A simples presença desse homem arrogante e prepotente na sua frente deixa o comissário extremamente aborrecido. Questões ligadas ao passado de ambos trazem más lembranças, pois o pai de Fumal havia roubado o pai de Maigret. Muitos anos depois o filho aparece em sua frente fazendo uma serie de ameaças, usando o seu prestígio de “amigo do ministro”, exigindo segurança. Maigret não tem outra opção a não ser fornecer-lhe segurança policial.  Apesar de Maigret ter fornecido vigilância policial domiciliar, Fumal é encontrado morto em casa no dia seguinte. A imprensa trata o caso com sensacionalismo, o governo francês fica furioso e o nobre comissário acha que vacilou por deixar-se levar por questões pessoais, mesmo havendo utilizado criteriosamente o protocolo policial em casos como o de Ferdinand Fumal. No decorrer de suas investigações, Maigret descobre que o industrial era odiado por muitas pessoas pela forma inescrupulosa como lidava com os negócios. Vários pequenos empresários foram à falência por conta das jogadas de Fumal. Era detestado por seus funcionários e desprezado por sua família. Parece haver um enorme número de suspeitos e só uma mente brilhante como a de Maigret para solucionar o caso.

O outro livro segue um caminho bastante incomum; chama-se simplesmente “Maigret”. Digo incomum porque a história se passa num momento em que Maigret já está aposentado a quatro anos e nem mais vive em Paris. O que aconteceu foi que o sobrinho de Maigret, o inspetor de polícia Lauer, está numa delicada situação profissional. Ele não foi capaz de evitar o homicídio de um homem que estava sob sua vigilância, Pepito, o chefe de um bar chamado "Floria". Além disso, Lauer é o principal suspeito do crime, devido ao modo como entrou em pânico. Enquanto aproveita a sua aposentadoria às margens do Loire, Maigret recebe a visita de seu sobrinho que implora por sua ajuda. Ele concorda, mas encontra dificuldades com seus antigos colegas, pois muitos desafetos de Maigret ainda estão na ativa e dificultam o máximo so seu trabalho, já que o ex-comissário tem que fazer a investigação por conta própria, pois não pode mais utilizar a estrutura da PJ.

Este é o único romance em que Maigret resolve um crime durante sua aposentadoria. Simenon queria que esse fosse o último da série, pois desejava se dedicar inteiramente aos chamados "romans durs", os romances "não Maigret". Após 1933, ele realmente ficou cinco anos sem escrever nenhum romance Maigret (apenas alguns contos), mas após este período voltou a se dedicar ao seu famoso inspetor chefe.

 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

84, Charing Cross Road é uma experiencia sublime, poética e, acima de tudo, abençoada pelo amor...


Sou fã de livros epistolares. De verdade. Gosto porque me sinto parte, mesmo não fazendo parte. Ler as cartas trocadas por alguém é como espiar por cima do ombro, participar em silêncio. Às vezes vibrar. 84 Charing Cross Road, livro de Helene Hanff, que, mais tarde, foi adaptado para o cinema num filme estrelado por Anne Bancroft e Anthony Hopkins, é constituído única e exclusivamente por cartas. Um punhado delas. Correspondências curtas que raramente ultrapassam uma página e que foram trocadas entre 1949 e 1971, por uma escritora pobretona estadunidense (a própria Helene), e Frank Doel, um livreiro londrino que trabalhava num sebo de livros raros.

Foi maravilhoso, à medida que lia o livro poder perceber o crescimento paulatino desse amor. E também a maneira como os laços se construíram. Num tempo em que a internet era apenas um sonho distante, em que a separação continental era mesmo uma distância continental, Helene fez amigos que nunca viu e graças a seu humor particular (ela ficava brava, mas de mentirinha, quando não encontravam um livro que ela procurava) e a seu amor aos livros (achava mágico o toque, a textura e as linhas) encontrou pares e seres humanos.
 
Tudo começa quando Helene responde um anúncio que viu num jornal. A gente sabe disso não por causa de uma introdução, mas porque a primeira carta remetida por ela começa assim. É agradável observar como todo aquele cerimonial do inicio se esvai ao longo dos anos (sim, anos, porque aparentemente o que dizem sobre a reserva dos ingleses é bem verdade) e também como Doel se fez presente na vida de Helene e vice-versa. O amor – dá pra chamar assim? – é genuíno, mas sempre espirituoso, respeitoso e implícito. Frank Doel é casado. E Nora, sua esposa, também acaba, em determinado ponto, se correspondendo por Helene. O amor que vemos não é romântico, não é idealizado. O amor que assistimos nascer é um laço de ternura que nunca é nominado, mas que está presente entre as linhas.
Além do fator humano, evidenciado por comentários breves e contidos – e também por presentes enviados por ambas as partes, o contexto político e social em que as personagens (personagens?) estão inseridas se evidencia. A crise que a Inglaterra do pós-guerra passava, assim como o racionamento de comida, surge como assuntos corriqueiros (nunca expostos pelos ingleses, mas abordados por Helene); da mesma maneira com que esse tipo de situação é contornado pelo tempo. O tempo, aliás, está sempre presente. Conforme a amizade de Doel e Helene cresce, ela tenciona viajar para enfim conhecer a livraria e todos os lugares que seus autores favoritos mencionavam em suas obras. A imaginação corre solta, e Helene pede, também por carta, que amigos americanos descrevam como é a livraria e as pessoas que lá estão. O terreno, tão idealizado, vira mais do que um sonho. Vira objeto de desejo. Porém necessidades maiores (arrumar uma casa após ser despejada, pagar o dentista e/ou ser demitida) fazem com que ela adie indefinidamente seus planos. Não é preciso ser gênio para matar, muito antes do fim, o que vai acontecer. O encontro idealizado não acontece. E os dois amigos nunca chegam a se conhecer. E se isso não chega a ser uma surpresa, a maneira com que acontece é. E há emoção pela crueza, e, por que não, pela leveza com que tudo é comunicado. Talvez alguns leitores possam pensar 84, Charing Cross Road é monótono, ou apenas um casal de pessoas correspondente sobre leitura. Aqueles que se divertem encontrarão uma espirituosa série de cartas sobre a alegria de livros antigos, a interação das culturas americanas e inglesa e o desenvolvimento de um amor sublime entre Hanff e Doel, que chegou ao ponto de ser compartilhado entre si e para seus amigos e familiares.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Omar M' A tuer é um filme que denuncia seriamente o racismo contido na sociedade europeia, particularmente francesa, contra os imigrantes africanos...


Assistimos ontem, eu Elis e Duda, no Canal Max ao filme francês Omar M’ A tuer (seria algo como Omar Assassinou). Esse é um daqueles tipos de filme que classificamos como ótimo, porém, forte e triste. Baseado em fatos reais, o longa-metragem conta a triste história de Omar Haddad, um marroquino que mora há muitos anos no sul França e que foi acusado de assassinar brutalmente a sua patroa, a senhora Marchal, que o próprio Omar passou a vida dizendo que a tinha como sua mãe na França. A pesar das provas serem completamente equivocadas para acusa-lo, Omar é levado a um julgamento de forma estranha e com cartas marcadas. Foi condenado a 18 anos de prisão, e só então aparece em sua vida o escritor Pierre-Emmanuel Vaugrenard, conhecido na França pelas suas reportagens investigativas. Convencido da inocência de Omar, Pierre decide fazer a própria investigação sobre o caso; e é aí que a história toma outro rumo. Escrito por Rachid Bouchareb, essa película, expõe do racismo contido na sociedade europeia, particularmente francesa, contra os imigrantes oriundos da África. Confira o trailer.

domingo, 5 de janeiro de 2014

“Les Petits Meurtres d’Agatha Christie” - Espetacular...


“Alors mes amis”, se você também gosta da Agatha Christie assim como eu, você não pode perder a série que a TV Brasil exibe aos sábados, a partir das 22h30minh, “Os pequenos crimes de Agatha Christie”. Com título original de “Les petits meurtres d´Agatha Christie”, a série é inspirada na obra da ilustre escritora britânica que, no decorrer dos seus mais de 80 livros publicados, ficou conhecida como uma das autoras mais lidas do mundo.

O drama policial fez muito sucesso na França na época de seu lançamento, em 2009. São 12 episódios, cada um com aproximadamente 90 minutos de duração, todos adaptados, onde a ação foi transposta para pequenas cidades do interior da França dos anos 40 e traz, como base, tramas envolventes de suspense, crime e mistério. Os personagens principais são: o comissário Jean Larosière (Antoine Duléry), uma espécie de Hercule Poirot francês. Um sedutor de 50 anos, amante de poesia e gastronomia, que mora em um charmoso hotelzinho; e seu colega, o inspetor Émile Lampion (Mario Colucci), 30 anos, tímido, desajeitado, para a sociedade da época ele é “estranho”, pelo fato de assumir publicamente a sua homossexualidade; além do mais é simpaticíssimo e extremamente cativante. Os dois, juntos, buscam desvendar assassinatos em série. Cada episódio, uma pista e um suspeito diferente.

Para aqueles que possuem TV a cabo, a série é exibida na TV Brasil, canal 166. Pode ser assistida também na TV aberta (TVE), canal 02 (Salvador).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A Fuga do SR. Monde é o relato das desventuras de um homem que anseia encontrar a si mesmo...


Georges Simenon vendeu aproximadamente 1 bilhão e 500 milhões de livros entre contos e romances. Grosso modo, podemos dividir sua obra em duas partes: os romances policiais com ou sem o notável detetive Maigret e os duros romances psicológicos que lhe valeram o apelido “Balzac de Liége”, recebido de ninguém menos que André Gide. A notoriedade destes livros não deixa de impressionar, pois são escritos em tom menor, são nada vibrantes, sendo antes cheios de personagens deprimentes e esmagados psicológica e socialmente. Com suas ações quase sempre acontecendo em cidades pequenas, Simenon envolve-nos numa triste realidade provinciana, onde o mal comanda.

O livro do Simenon que terminei de ler ontem segue esta linha. O personagem-título de A fuga do Senhor Monde é um empresário chamado Norbert Monde, um importante multimilionário, figurinha fácil da aristocracia parisiense que apesar da sua fortuna e de todo o prestigio está exausto do trabalho fatigante, da família, da vida que leva e das pressões. No dia em que completa 48 anos, ele resolve fugir de tudo e de todos; começar do zero, desaparecer do mapa. Para isso ele retira uma boa quantia em dinheiro, pega um trem noturno para o sul da França (como o Simenon adora histórias com trens noturnos hein?) e muda de identidade, na esperança de deixar-se levar em uma nova vida peregrina com o intuito de encontrar a si mesmo e consequentemente a felicidade. Mas, será que nessa altura da vida seria possível? Recomendo!