segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Kamchatka mostra o golpe de 1976 sob a ótica infantil e confirma aexcelente safra do cinema na Argentina...


Assisti ontem no Telecine Cult ao maravilhoso filme argentino “Kamchatka”. Apesar da crise por que passa a Argentina, o cinema do país continua bastante produtivo. Vez por outra, surge alguma película sobre um período importante da história argentina, a ditadura militar entre 1976 e 1983. Marcelo Piñeyro, que produziu sobre este tema A História Oficial, Oscar de filme estrangeiro em 1986, retorna ao tema, agora como diretor. Em Kamchatka, o enredo sobre o golpe adquire personalidade porque é contado através do olhar puro de um garoto de dez anos, que assiste embaraçado às transformações a que se vê passar sua família. A fuga da casa, a troca de nomes, a mudança de colégio: a ruptura da normalidade vem seguida por um mundo enigmático, cheio de rituais de clandestinidade e bastante fértil para a mente infantil.

 


Kamchatka é uma boa ocasião para tomar contato com o cinema feito pelos nossos vizinhos. Em uma rápida pesquisa que fiz sobre a biografia do diretor Marcelo Piñeyro, pude constatar que se trata de alguém que é engajado politicamente, premiado e dos mais importantes no cinema argentino atual. No elenco, está Ricardo Darín, que de galã no início de carreira passou a um dos atores mais versáteis e requisitados da Argentina, brilhando nos sucessos Nove Rainhas e O Filho da Noiva, Um Conto Cinês, e tantos outros. Tem também a competente Cecilia Roth, que se “exilou” na Espanha durante a ditadura em seu país natal e virou estrela de filmes de Pedro Almodóvar, como Tudo sobre Minha Mãe. E a dupla de atores-mirins é bastante convincente, ajudando a criar o clima para a emoção sufocada dos pais que se preocupam em nunca mais ver os filhos. Para quem ficou curioso: o nome do filme, Kamchatka, vem de um jogo parecido com o Wars, que é o passatempo da família escondida.



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