domingo, 22 de dezembro de 2013

Mulher de Roxo. Um dos símbolos de um tempo lindo e poético da "Cidade da Bahia"...


Terminei de ler na sexta-feira o maravilhoso livro “Mulher de Roxo”, da jornalista paulistana radicada em Salvador Patrícia Sá Moura. Apaixonei-me pela leitura desde o título e só acabei quando acabou. Mais páginas houvesse, eu as leria com avidez e fascinação.  Se a literatura é uma arte, a arte da palavra, o livro “Mulher de Roxo” comprova tal enunciado, porque a sua leitura desperta um tipo peculiar de deleite: o sentimento estético. Eu, por exemplo, fui levado a uma esplêndida e tocante viagem ao passado através da leitura dessa obra fantástica. Vi as imagens tranquilas de outrora (algumas destas imagens eu confesso que desconhecia), senti aquela gostosa sensação de familiaridade e cumplicidade e porque não dizer uma pontinha de ciúme de quem viveu na Salvador daqueles tempos, quando era possível peregrinar despreocupadamente pelas ruas da velha capital da Bahia, andar pelos becos apertados, subir e descer as ladeiras íngremes, vadiar nos bordeis, ir aos cinemas e a tantos outros lugares que gostaria muito de ter frequentado! Quão bom deveria ser conviver nos fabulosos cinemas Excelsior, Pax, Jandaia, Tupy, Guarany... Como deveria ter sido bom o fervor cultural, o clima desta terra que tanto amo, sentir o sopro gostoso que vem do mar, fazer parte desta gente... Bom, vamos voltar ao livro né? Sá Moura construiu um maravilhoso trabalho escrito com uma linguagem coloquial, tentando ao máximo revelar a vida da mulher de roxo, uma personalidade mítica, intrigante, emblemática, que simbolizou um tempo, uma época, o dia-a-dia das ruas centrais de Salvador nas décadas de 1950 a 1990. Como diz a autora, era “uma princesa-rainha que não deixou rastros da verdadeira identidade” o que, em minha opinião, foi excelente. Assim, o enigma em torno da sua vida continua. Patrícia, com maestria, conduz a narrativa dando-lhe um toque mítico, de modo que quem lê o livro devora suas páginas à procura das linhagens dessa dama errante, sem encontrá-las. Mas, o que importa saber a procedência dessa estranha mulher, se nem ela própria sabia? O que implica mesmo é que ela agora tem seu lugar garantido na história de Salvador; ninguém mais vai tirar.

1 Comentários:

Às 22 de dezembro de 2013 às 06:33 , Blogger Unknown disse...

Um emblema entre nós!

 

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