terça-feira, 17 de dezembro de 2013

"Histórias de Paris". Ler esse livro é como conversar com Mario Benedetti, ouvi-lo desfiar seu rosário de histórias num fim de tarde sereno de Montevidéu ou da vida...


Terminei de ler um livro formidável, escrito por um dos autores mais lidos e apreciados da América Latina, o uruguaio Mário Benedetti. "Histórias de Paris" é formado por quatro contos extraídos de outros trabalhos do escritor, porém se encaixaram perfeitamente, pois todos possuem a mesma temática: a questão do exílio, da vida na Europa de personagens que fugiam das ditaduras militares da América Latina.
Numa das histórias (a que eu mais gosto) um casal de exilados uruguaios se reencontra num café, todavia, como quase sempre acontece em ocasiões deste tipo, apesar do desejo são as almas que se reencontram, enquanto os corpos não. Numa outra um casal fica preso por acaso em uma estação do metro e, cinco anos depois, um deles avalia se aquele foi um acaso feliz ou um erro, que poderia ter sido evitado, tivesse ele feito outra coisa naquele dia. Noutra história um casal se reencontra, mas ao contrário da primeira destas quatro, seus corpos se encontram, mas ambos já se metamorfosearam demais para que sobrevivesse neles o antigo amor.
 

A última história é uma alegoria. Benedetti fala da falsa liberdade no exílio, através de um sujeito que vaga pelo mundo sem nunca sentir-se realmente bem, até que distraído, volta inadvertidamente para casa (e para a prisão). As dores do distanciamento forçado da terra natal dos exilados sempre são assombrosas. Benedetti consegue em suas pequenas histórias proporcionar ao leitor, com leveza, um tanto desta dor. Não é pouco. O livro inclui uma generosa apresentação do conhecido jornalista e tradutor Eric Nepomuceno e belíssimas ilustrações de Antonio Seguí, que dão mais vida às histórias. Recomendo!

 

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