Fantástico e
impactante! Esta é a minha impressão depois de ter assistido ontem ao filme “Cairo 678” no Canal Max. O diretor
egípcio Mohamed Diab (não sei porquê, mas nesse caso coube a um homem) denuncia neste drama histórias reais de seu povo e as
transformações que não param de pipocar. Diab promove o encontro de três
mulheres. Cada uma à sua maneira, elas desafiaram os costumes egípcios. Fayza,
uma funcionária pública, casada e mãe de duas crianças que, apesar de se cobrir
dos pés à cabeça, como manda a tradição islâmica, é quase que diariamente
“bulinada” no ônibus. Mais madura e descolada, arrisco dizer “ocidentalizada”,
a artista plástica Seba, vítima de estupro, virou conselheira de autodefesa e
ensina suas alunas a se livrar de possíveis agressores. Nelly, que trabalha a
contragosto em telemarketing e quer seguir os passos de seu noivo para ser
estrela de stand-up comedy, após ser assediada estupidamente na rua, decide ir
à Justiça.
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O “678” do título vem do número do artigo da lei egípcia que
enquadra o sujeito por assédio sexual, primeiro caso registrado no país, em
2009. Mais importante como estudo sociológico, a película do Diab faz um
registro atual das ideias das habitantes do Cairo. Modernas e antenadas, Seba e
Nelly encontram em Fayza o seu oposto. Algo, porém, une as protagonistas:
enfadadas da repressão machista, elas precisam difundir seu grito de alerta.
Pena que não será tão simples assim.
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Nelly, até afronta a oposição dos próprios
pais e familiares para dar seguimento nos tribunais, pois eles acreditam, veja
só, que isso sujaria a honra da família (é dessa forma que pensa a maioria da
comunidade islâmica no que concerne ao estupro). O cinema recente já abordou
temas semelhantes em produções como “A
Fonte das Mulheres” (sobre as marroquinas) e “Caramelo” (a respeito das libanesas). “Cairo 678” não tem o mesmo esmero estético nem a leveza dessas
duas fitas. Seu trunfo está, sobretudo, na forma direta e quase documental
proposta pelo realizador. Confira o trailer.
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