domingo, 30 de março de 2014

Retratos do Domingo: A menina que se negou a cumprimentar o Presidente João Figueiredo...


No ano de 2008, diversos blogs Brasil a fora  fizeram uma verdadeira cruzada para encontrar a corajosa garotinha que negou apertar a mão do presidente ditador João Figueiredo em 1979 (o ano em que eu nasci). A histórica fotografia clicada por Guinaldo Nikolaevscky marcou o início da abertura política. A célebre foto foi feita durante uma solenidade no Palácio da Liberdade em BH. Em 2011, Rachel Clemens afirmou ser a garota da foto.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Retrato da Mãe de Hitler é um livro soberbo; além do entretenimento, traça ricos detalhes da sociedade portuguesa do pós-guerra...



O Retrato da Mãe de Hitler de Domingos Amaral em Lisboa

Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir sinceras desculpas aos leitores deste blog pelo tempo exageradamente longo que passei sem publicar uma única resenha. O aconteceu é que FELIZMENTE tive que ocupar todo o meu tempo com importantes tarefas paternais, já que Elisângela retornou da licença maternidade e as tarefas aqui em casa, principalmente no que concerne a Duda, precisam ser executadas pelos dois. É claro que isso não me deixou sem tempo por completo, principalmente durante a noite. Li alguma coisa, assisti a bons filmes e isso é o que importa. Hoje, por exemplo, estou aqui para comentar sobre um belo livro que li recentemente e do qual guardo saborosas impressões. Trata-se de “O Retrato da Mãe de Hitler”, do escritor português Domingos Amaral. Esta obra é a continuação do magnífico "Enquanto o Ditador Dormia", já comentado aqui no blog (clique no link) http://www.expressocultural-jeferson.blogspot.com.br/2010/09/mais-um-grande-trabalho-historico.html. Foi um prazer regressar, com O Retrato da Mãe de Hitler (uma edição Casa das Letras), a este mundo da espionagem, ainda para mais centrado em Lisboa, que geralmente fica fora do roteiro da literatura relativa a este período tão importante e cativante da história. É que se em termos bélicos a guerra não passou por Portugal, já em termos de informação, segredos e espionagem, Portugal, e principalmente Lisboa, foi palco de importantes movimentações.

Mas se em Enquanto o Ditador Dormia a ação decorria em plena guerra, este O Retrato da Mãe de Hitler passa-se no pós-guerra e baseia-se na questão dos tesouros nazistas que estes, os nazistas que escaparam, tentavam vender pelo caminho para financiar uma nova vida longe dos seus perseguidores, principalmente na América do Sul.
Em O Retrato da Mãe de Hitler, Domingos Amaral recorreu, basicamente, aos mesmos personagens de Enquanto o Ditador Dormia, aproveitando até para atar algumas pontas que tinham ficado “soltas”. Terá desta vez mais romance e menos espionagem, mas mantém as características de um genuíno page-turner, sem momentos mortos e com uma escrita clara cinematográfica, capaz de prender o leitor. (A cena final, num hidroavião clipper decolando do Tejo, em Lisboa, é o melhor exemplo da cinematografia deste livro).
O protagonismo é de novo entregue a Jack Gil que tem de lidar, desta vez, com mais um oponente terrível, o seu pai. Ao mesmo tempo tem de lidar com a sua antiga paixão, a arrebatadora, surpreendente e reaparecida Alice, sempre dúbia nos seus comportamentos e nas suas alianças e motivações. Enquanto se “entretém” com ela, com o pai e com as pretensões deste em apoderar-se de tesouros nazistas em trânsito por Portugal, Jack Gil tenta organizar a sua vida, unindo-se a Luisinha, irmã da sua falecida noiva e a quem aprende a amar, depois de uma vida de orgia que por vezes tem dificuldade em deixar para trás.

 Este romance apresenta uma série de pormenores curiosos sobre a sociedade portuguesa da época, retratando o modo de vida daquele país nos tempos de Salazar, onde as liberdades eram muito limitadas. Basta ver, por exemplo, como era a difícil relação com o cinema de Hollywood, aqui bem retratada por via da paixão da personagem Luisinha pela sétima arte. É, portanto, um bom retrato de uma época, numa profunda investigação por parte de Domingos Amaral, que soube passar para o papel, bem misturado com a animada ficção que criou, as informações recolhidas em arquivos e documentos.

 

segunda-feira, 3 de março de 2014

Os Retornados Mudaram Portugal é leitura obrigatória para se compreender a sociedade portuguesa atual...


Li recentemente um maravilhoso livro intitulado Os Retornados Mudaram Portugal, do escritor português Fernando Dacosta (se escreve assim mesmo). Este livro faz parte de uma lista de livros que o meu amigo luso-brasileiro Evanilson Oliveira, o Banny, mandou de Portugal para mim.  Dacosta, que nasceu em Angola e foi ainda criança para Portugal trata, de um tema que até os dias de hoje ainda mexe muito com o sentimento de muitos portugueses e gera polemica em muitos lugares onde o assunto é discutido: a “volta” para Portugal de milhares de portugueses e descendentes logo após a independência das colônias lusitanas na África.
 
 
O livro do Dacosta nada mais é do que uma importante síntese dos reflexos causados na sociedade portuguesa por conta do trágico “regresso” dos portugueses que viviam nas colônias na África nos anos de 1974 e 1975, naquele que constituiu um dos êxodos mais trágicos do Ocidente. Quase quatro décadas depois, muitas centenas de milhares de portugueses continuam carregando esse sentimento de amputação, essa saída forçada de uma terra que consideravam sua. Como conseguiram vencer, integrar-se numa sociedade que os observava com desconfiança e os recebeu com antipatia? Continuam levando a África no coração? Esta obra de Fernando Dacosta é porto de abrigo para essas e muitas outras inquietantes perguntas, uma voz dá voz às frustrações, às aspirações, às lacunas de milhares de outras vozes.

domingo, 2 de março de 2014

Literatura, romance e viagens em "Amores Expressos"...


 
Durante esses dias venho assistindo a maravilhosa série apresentada no Canal Arte1 chamada “Amores Expressos”. Na verdade o programa é o seguinte: O Canal está exibindo 16 documentários de 22 minutos em 16 cidades do mundo por onde passaram 16 escritores brasileiros de estilos e origens diferentes em busca de influências e inspirações para contar histórias de amor ambientadas nas cidades. Já assisti cinco episódios, em Praga; com Sergio Sant'Anna, São Petersburgo com Bernardo Carvalho, Havana; com Chico matoso, Lisboa; com Luiz Ruffato e São Paulo com André de Leones. Vale a pena ver!