terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Caminho de Santiago de Compostela









Santiago de Compostela, ao norte da Espanha, é considerada um dos três grandes centros mundiais do cristianismo. Afinal, a cidade é o ponto final de uma das mais tradicionais peregrinações religiosas do mundo, o famoso Caminho de Santiago.

O Caminho é composto por várias rotas que atravessam vários países da Europa Ocidental e culminam na Catedral de Santiago de Compostela. A catedral está edificada sobre um solo sagrado. Alega-se que lá, no ano de 814 d.C. um eremita chamado Pelayo avistou um espetáculo incomum de luzes (daí o nome “Compostela”, ou campo das estrelas). O eremita noticiou o acontecimento ao bispo local, Theodomir de Iria, que recomendou ao rei Afonso II das Astúrias que investigasse a área. Uma escavação revelou a tumba de São Tiago, um dos doze apóstolos de Jesus, morto em 44 d.C.
O rei, então, ordenou a construção de uma capela no local. A capela foi transformada em igreja em 829 e já atraía fiéis e peregrinos. Um ataque mouro destruiu a edificação em 997, e vários elementos da arquitetura como portões e sinos, foram levados para outras partes da Espanha. Em 1075, sob o reinado de Afonso VI de Leão e Castela, teve início a construção da catedral como é conhecida hoje.
Descobrindo o caminhoA viagem até Santiago de Compostela era, originalmente, feita a partir da moradia de cada peregrino. Daí originaram-se várias rotas, partindo de diversos países. Alguns caminhos, porém, estabeleceram-se ao longo do tempo como oficiais. Entre eles estão o Caminho Aragonês, que segue o curso do Rio Aragão, o Caminho do Norte, que margeia o litoral, o Caminho Português, o Caminho Inglês e a Via de La Plata, que sai de Sevilha, no sul do país.
O mais procurado, porém, é o Caminho Francês, que parte de Saint-Jean-Pied-de-Port, cidade fronteiriça francesa, cruza a cordilheira dos Pirineus e entra na Espanha por Roncesvalles, percorrendo um total de 780 km até Santiago de Compostela. Esta rota atravessa campos, montanhas e cidades como Pamplona, Logroño, Burgos e León.
Ao longo de todas as estradas existem vários albergues regularizados onde os peregrinos podem pernoitar. O caminho é bem sinalizado por setas amarelas características, e leva em média de 30 a 33 dias para ser completado a pé. Os períodos mais recomendados para realizar o caminho são entre maio e junho ou setembro e outubro, pois o clima é mais ameno. Deve-se evitar a alta temporada, entre julho e agosto.
O peregrino Manoel Gomes da Silva, 65 anos, pode falar do Caminho de Santiago como ninguém. Ele já fez a peregrinação nada menos do que 16 vezes, por diferentes rotas, e reúne em sua casa um acervo de milhares de fotos e documentos, além de uma apostila, escrita por ele mesmo, com todo tipo de informação sobre o caminho. Fundador do grupo Peregrinos da Paz, que completou dez anos em março, ele treina rigorosamente todos os dias para poder repetir o passeio todos os anos.Como veterano do caminho, ele é muito procurado por pessoas interessadas em fazer a viagem, e, oficializado pela Catedral, distribui a credencial de peregrino. Ele explica: “Só com a credencial você tem direito a receber a Compostela (certificado dado aos que completam o caminho). A credencial é preenchida e deve ser carimbada em pontos específicos. Só recebe a Compostela quem tem todos os carimbos”, alerta.

Treinamento físico e espiritual

Manoel recomenda, principalmente, treinamento. “Não adianta achar que vai dar certo se você passa o dia todo sentado. Tem gente que treina por um ano. Eu treinei por dois. O treino detecta problemas que possam surgir. É bom também fazer um check-up médico antes de seguir viagem”, diz. A respeito da alimentação, ele já tem uma pequena lista de itens. “Normalmente carrego frutas secas, bananas, presunto defumado, pão, biscoitos e madalenas”.
Ele também tem dicas sobre hospedagem. “Os albergues (ao preço médio de 3 euros por noite) são bastante confiáveis, mas há quem prefira acampar. Alguns vilarejos não permitem que você monte barraca, mas há áreas de camping pelo caminho. Alguns albergues também deixam acampar do lado de fora. Em épocas mais movimentadas o exército espanhol monta barracas de campanha com espaço para 20 pessoas gratuitamente”, divulga.
Essas épocas movimentadas a que Manoel se refere são os anos santos, ou Xacobeos. Eles ocorrem sempre no Dia de Santiago, 25 de julho. Os Xacobeos, por seu caráter simbólico, normalmente atraem mais peregrinos do que o normal. O próximo será em 2010. “Vai ser um ano importantíssimo, porque, depois só em 2021”, ressalta.
Manoel admite que sua ida mais marcante não foi a primeira. “A primeira vez já mudou meu modo de ver as coisas, mas foi na segunda que me emocionei ao chegar à Catedral. Acho que é porque eu estava com a espiritualidade mais acentuada”, reflete. Ele diz que o que mais o atrai no caminho é a paisagem, mas há outros fatores. “Lá você se desliga, sai da correria. Quando você volta o cotidiano está te esperando no aeroporto, mas você volta mais aberto para a vida”.

Pergunte-Me Se Estou Feliz





Aldo (Aldo Baglio), Giovanni (Giovanni Storti) e Giacomo (Giacomo Poretti) são três atores, amigos de longa data. Por enquanto eles estão apenas fazendo pontas em produções artísticas. Aldo como um figurante de ópera não confiável: Giacomo como dublador de filmes de baixo orçamento, Giovanni, como um mímico nas lojas de departamento da cidade. O segredo do sucesso do trio? "Queremos nos Divertir, a vida é um jogo, e as pessoas podem sentir isso". Esta amizade é abalada quando Aldo se apaixona e se afasta. Anos mais tarde, Giovanni e Giacomo recebem a notícia que Aldo está à beira da morte e decidem visitá-lo na Sicília. Mas Giovanni traz sua ex-namorada, o que desagrada Giacomo e mexe com a amizade dos dois.Mas esses três incorrigíveis, tão simples e irresponsáveis, conquistam os corações das audiências por todos os lugares com suas bobagens sem preocupações.
Comédia italiana de um quarteto de roteiristas, atores e diretores, para nós ainda desconhecidos (ao que parece apenas três deles interpretam). Eles trabalham em grupo e são originais e criativos. Mas é difícil embarcar no tipo de humor assim à primeira vista. Enquanto tem aquele caloroso aspecto italiano, é basicamente sobre os encontros e desencontros da amizade, entre homens de meia idade, não bem-sucedidos, sempre envolvidos em amores e trabalhos frustrantes. Um filme bastante simpático, vale uma conferida pelo público adulto.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Crônica De Uma Morte Anunciada



"No dia em que iam matá-lo, Santiago Nasar levantou-se às 5:30 da manhã para esperar o barco em que chegava o bispo. Tinha sonhado que atravessava uma mata de figueiras-bravas, onde caía uma chuva miúda e branda, e por instantes foi feliz No sono, mas ao acordar sentiu-se todo borrado de caca de pássaros. ''Sonhava sempre com árvores'', disse-me a mãe, Plácida Linero, recordando 27 anos depois os pormenores daquela segunda-feira ingrata. ''Na semana anterior tinha sonhado que ia sozinho num avião de papel de estanho que voava sem tropeçar por entre as amendoeiras'', disse-me. Tinha uma reputação bastante bem ganha de intérprete certeira dos sonhos alheios, desde que lhos contassem em jejum, mas não descobrira qualquer augúrio aziago nesses dois sonhos do filho, nem nos restantes sonhos com árvores que ele lhe contara nas manhãs que precederam sua morte". Esse primeiro parágrafo do livro "Crônica de uma Morte Anunciada", de Gabriel García Marques, traduz com perfeição a receita que o próprio autor prescreve ao considerar que um conto, história ou romance, deve trazer, logo nas primeiras linhas, todo um universo que além de atar o leitor no enredo ainda possibilite desvendar de imediato perfis psicológicos, embrólios inusitados e, principalmente, a forma literária utilizada pelo escritor. "Gabo", como é conhecido em seu meio, é useiro e vezeiro desta artimanha. Crônica de uma Morte Anunciada traduz com perfeição todo o estilo proposto acima. Trata-se de um conto onde o pobre apreciador cai em uma artimanha que o impossibilita largar as letras antes de chegar ao seu término. O livro já inicia apresentando o morto, seguindo por um labirinto de atalhos e novidades que faz da leitura um prazer a parte. Conta o autor que todos sabiam do crime que seria realizado, menos o futuro morto, que por uma dessas coisas só permitida no Realismo Fantástico, teria o conhecimento de seu triste final, momentos antes de ser protagonista do mesmo. Os acontecimentos são descortinados justamente no dia da visita do bispo, que seria seguida por toda a comunidade, com direito a presentes e carinhos, inclusive o próprio Santiago Nasar, futuro moribundo, havia colaborado com os mimos, cedendo "vários carregos de lenha às solicitações públicas do padre Carmen Amador, além de que escolhera pessoalmente os galos de cristas mais apetitosas". Todo esse cuidado era devido ao fato do bispo apreciar sopa de crista de galo. Este costume do pastor de almas era considerado heresia por Victoria Gusmán - serviçal da residência Nasar, tendo sido amante do pai da Santiago, Ibrahim Nasar, que após perder o gosto pela nativa, a colocou para dentro de casa - pelo simples fato de ser utilizado apenas a crista do galináceo. O motivo do assassinato, bem como a identidade dos assassinos do jovem Santiago, que havia completado 21 anos em janeiro, com a história se passando em fevereiro, são revelados em contas gotas, sempre em crescendo. O rapaz, que havia perdido o pai (do qual herdara o gosto pelas armas) apenas três anos antes dos fatídicos acontecimentos e que administrava a fazenda deixada em espólio, contribui sobre maneira para que o palco trágico fosse armado. O enredo deixa claro que todos os passos do homem que estava com o "couro negociado", foram seguindo uma coreografia que apesar dos esforços dos verdugos em não cumprirem sua promessa, fazem com que eles se vejam frente a frente com a oportunidade real de cometerem o ato transloucado. &np; Na véspera da visita do prelado, a cidade beira-rio estava vivendo um fausto casamento, o maior até então visto. Apenas em bebidas "se consumiram duzentas e cinco caixas de contrabando e quase duas mil garrafas de rum de cana". Os noivos eram o já citado Bayardo San Román, um aventureiro que havia aparecido no lugar ninguém sabendo de onde, apenas era do conhecimento geral sua riqueza e modos cativantes. Tanto assim que quando sua futura esposa lhe revelou qual a casa mais bonita da região, não se fez de rogado, pagando um preço muito maior que o justo por tal residência. Bayardo, no seu intento de adquirir o lar sonhado pela noiva, que seria devolvida aos pais na mesma noite do casamento, chegou a constranger o "viúvo Xius", dono original, que ali havia vivido trinta anos de felicidade, ao lado da companheira que tinha tomado exagerados cuidados para poder decorá-lo, não querendo se desfazer de jeito nenhum de suas lembranças de alcova. Não resistindo as propostas e insistência do comprador, o viúvo não teve outra alternativa a não ser aceitar a negociação, morrendo dois meses depois. A noiva era Angela Vicario, filha mais nova de um "ourives de pobres", tendo duas irmãs e dois irmãos gêmeos, Pedro e Pablo Vicario, matadores de criações e que tinham nas vísceras de animais suas telas de fundo no ofício. Mal saberiam eles o como era diferente matar um homem, mesmo com o costume de expor vísceras ao sol. Todos na casa guardavam luto da terceira filha do ourives, apesar de dois anos já terem se passado de seu falecimento. Os noivos haviam se conhecido seis meses antes, por completo acaso. Desde a primeira vez, Bayardo sabia que aquela seria sua futura esposa, solicitando a proprietária do hotel em que morava, para lembrá-lo de que se casaria com a rapariga, mesmo com os acontecimentos posteriores mostrando que o matrimônio se realizaria, mas a felicidade estava além de ambos. O filho de general conheceu realmente Angela nas festas cívicas, quando a rapariga seria a porta-voz de uma rifa. Na oportunidade, Bayardo comprou todos os números do sorteio, que tinha como prêmio um gramofone, com detalhes em madre-pérola, enviando-o a seguir à cobiçada moça. Quando o gramofone foi lhe remetido novamente, pelo alto valor do carinho e pelo fato de ainda não conhecer a família de Angela, os gêmeos, encarregados pela devolução, não o conseguiram fazer, embevecidos pelo álcool e modos envolventes do forasteiro. A corte é realizada, e a pedido de uma das irmãs de Angela, Bayardo é obrigado a desvendar toda sua pregressa vida. O carrossel continua seguindo seu ritmo, como este brinquedo de diversão infantil, os fatos vão se repetindo, mas a cada volta um elemento novo é proposto. Entram em cena infindáveis personagens, cada qual com uma possibilidade de evitar o assassinato. O próprio Santiago, caso tivesse alterado um dos seus hábitos e mantido outros, poderia ter esquivado o destino. Bastaria sair pela porta costumeira, a dos fundos, para evitar seus algozes. Bastaria ter vestido seu costume normal, que a morte não lhe alcançaria. Mas os desígnios são mostrados como inevitáveis e mesmo com todos sabendo o que esperava o desafortunado, que ao menos sabia os motivos de sua sorte cadavérica nada poderia ser feito, para que a "dama ceifadora" fizesse sua incursão no enredo com a perfeição que lhe era esperado. Apenas em uma banca (bar), 22 pessoas declararam que ouviram os gêmeos afirmarem que matariam Santiago. No mercado, onde por duas vezes os irmãos Vicario foram afiar suas facas, também revelaram sua intenção. Vários "carniceiros" apenas pensaram que seria coisa de bêbados. Um deles chegou a avisar um policial, que não tomou, aparentemente, qualquer atitude. Como em um rastilho, todos sabiam o que iria acontecer. Todos olharam Santiago retornar.

LUZES DA CIDADE








Quem não se emocionou com esse filme, que atire a primeira pedra. É ássim que começo o meu texto para descrever toda a grandeza desta magnífica obra de Chaplin, no seu auge com o vagabundo Carlitos. O Vagabundo passeia normalmente pela cidade, e acaba encontrando uma jovem que vende flores. Ao perceber que a mesma é cega, ele se compadece, ao mesmo tempo que parece apaixonar-se pela mesma. Virginia vende flores para sustentar-se e à avó. Por causa de um mal entendido...ela ouve a porta de um carro fechar-se quando ele se despede), ela acaba pensando que o vagabundo é, na verdade, um milionário. Ele, decide mantê-la na ilusão.Os dois tornam-se amigos, e se vêem constantemente. Na mente dela, trata-se de um lindo milionário. Um belo dia ela fica doente, e sua avó sai para vender as flores. Não é a mesma coisa, e o dinheiro fica pouco. Carlitos decide ajuda-la de algum modo. Ele próprio tem um amigo milionário...que só é amigo dele quando está bêbado) e vai tentar ajuda junto a ele. Não consegue: o milionário está de partida para a Europa.O vagabundo, em nome da amizade com a cega, decide fazer aquilo que detesta: trabalhar. E vai trabalhar limpando as ruas. Trabalha também como pugilista. Tudo em vão. Consegue pouco dinheiro, mas o que consegue, vai para que ela possa fazer a operação para que finalmente enxergue. Seu “amigo” milionário retorna e...bêbado) promete ajudar-lhe. Em meio a um assalto à casa do milionário, o vagabundo é tomado como um dos assaltantes...há dinheiro em seus bolsos, mas dinheiro dado pelo dono da casa). O milionário, já consciente, nada faz a seu favor. Vai preso.Tempos depois sai da prisão, tão triste, tão desamparado, que quando algumas crianças começam a caçoar de sua pobreza, reage como uma delas, como quem diz “deixem-me em paz”. É aí que ele vê sua amiga. Ela enxerga. E também tem uma loja de flores. Não passa mais dificuldades. Mas ela não o reconhece, e pensa tratar-se de um pobre coitado que precisa de sua ajuda. Ao pegar em sua mão e entregar-lhe uma rosa, percebe que o milionário que lhe ajudara é, na verdade, aquele pobre vagabundo.
"Luzes da Cidade" é mais uma obra-prima do genial Charles Chaplin. Juntamente com "Luzes da Ribalta" e "Tempos Modernos", compõe o trio das melhores comédias desse gênio e, com certeza, de todos os tempos.Como em "Luzes da Ribalta", Chaplin nos emociona com o seu lado humano, o lado da solidariedade entre as pessoas. Realizado dois anos depois do surgimento do cinema falado, ele fez questão de realizá-lo como um filme mudo.Além da direção e de seu trabalho como ator principal, Chaplin assina o roteiro, a produção, a música original e a edição, o que faz com sua conhecida maestria.O filme apresenta um grande número de momentos inesquecíveis, como as cenas do 'vagabundo' com o milionário, aquelas em que ele dirige um Rolls Royce, ou se envolve numa luta de boxe e, principalmente, as cenas com a florista.

GLÓRIA FEITA DE SANGUE (1957)







França, 1916 - Durante a 1ª Guerra Mundial, o Gen. Georges Broulard fala para seu Assessor, Gen. Paul Mireau, sobre seus planos para tomar uma fortificação inimiga nas próximas 36 a 48 horas. Este vai ao front para informar o plano ao Coronel Dax, comandante do 701º Regimento de Infantaria.Ao ouvir o plano, Dax mostra-se atônito por saber que o mesmo é inviável, suicida. Mireau o ameaça de tirá-lo do comando se ele não concordar com o ataque proposto.Dax, então, ordena ao Ten. Roget, ao cabo Paris e ao soldado Lejeune que façam um reconhecimento prévio da área. Nessa missão, Roget lança uma granada contra Lejeune, pensando tratar-se de um inimigo, e foge. Quando Paris o encontra, o acusa de covardia. Roget o ameaça de insubordinação e, em seu relatório, esconde sua responsabilidade pela morte de Lejeune.De madrugada, Dax comanda o ataque. Como imaginava, o mesmo é um grande fracasso, com muitas baixas. Mireau, que observava as ações de longe, com um binóculo, ordena uma segunda onda de ataque, ao verificar que toda uma Companhia ainda se encontra nas trincheiras. Como os soldados não atendem à ordem, por julgarem suicida, Mireau ordena ao Capt. Rousseau que abra fogo contra suas próprias trincheiras, alegando insubordinação. Rousseau pede-lhe que a ordem lhe seja dada por escrito. Irritado, o general o ameaça com a Corte Marcial.Não querendo admitir que o plano era inviável, Mireau anuncia a instalação de uma Corte Marcial para punir todo o Regimento por covardia.Ao se reunir com Broulard e Mireau, Dax afirma que seus homens não são covardes. Depois de muita discussão, são escolhidos o cabo Philippe Paris e os soldados Pierre Arnaud e Maurice Ferol para serem submetidos à Corte Marcial. Durante o julgamento, Dax assume o papel de defensor dos três militares. Entretanto, como já era esperado, os acusados são condenados à morte, por fuzilamento, no amanhecer seguinte.Poucas horas antes do fuzilamento, Dax é acordado pelo Capt. Rousseau, que lhe conta sobre a ordem de Mireau para que fosse aberto fogo contra seus próprios homens. Dax procura, logo a seguir, o Gen. Georges Broulard, a quem conta o que ouvira do Capt. Rousseau. Tal fato não altera a situação dos condenados que, na hora marcada, são fuzilados.Em seguida, Dax junta-se aos generais Broulard e Mireau, durante o café da manhã. Na ocasião, Broulard diz a Mireau que está a par de sua ordem para que atirassem contra seus próprios homens, o que o obriga a afastá-lo do cargo e a abrir um inquérito por sua incompetência. Voltando-se para Dax, Broulard comunica-lhe que ele estará sendo promovido a general e lhe oferece o cargo que era ocupado por Mireau.Enojado com tudo o que ocorrera, Dax rejeita a promoção oferecida.
"Glória Feita de Sangue" é um clássico filme anti-guerra sobre a 1ª Guerra Mundial. Baseado no controverso e semi-ficcional livro "Path of Glory" de Humphrey Cobb, de 1935, o filme procura mostrar a enorme distância que separa aqueles que recebem ordens e lutam na linha de frente, e seus superiores que dão as ordens e se isolam longe dos estragos reais causados por uma guerra. No caso, três militares inocentes são condenados à morte, por uma Corte Marcial, para encobrir ações desastrosas de seus oportunistas superiores.Realizado pelo grande cineasta Stanley Kubrick, ele apresenta uma direção impecável. Quando o general Paul Mireau vai ao front conversar com o coronel Dax, as tomadas feitas nas trincheiras são maravilhosamente executadas.A fotografia de Georg Krause é muito boa e o elenco é de primeira linha. George Macready e Ralph Meeker são tão convincentes em seus respectivos papéis, que fica difícil imaginar outros atores para os mesmos. Merecem ainda destaques as atuações de Kirk Douglas, Timothy Carey, Joe Turkel e Wayne Morris.

Terra de Ninguém (”Land of the Blind”, EUA / Inglaterra, 2006)








Existem filmes bobinhos de política e baseados em fatos como “Leões e Cordeiros” que apenas chovem no molhado. Agora existem outros filmes que, apesar de pura ficção, retratam a nossa realidade política de tal forma assustadoramente real.
Neste ótimo exemplar de ciência política, “Terra de Ninguém” mostra, numa realidade alternativa, um país ficcional, onde um jovem soldado (o sempre ótimo Ralph Fienes de “O Jardineiro Fiel”) toma conta de um culto prisioneiro político (Donald Sutherland de “Maldição”) e com a convivência começa a abrir os olhos para absurda realidade de seu país comandado por um tirano. É quando ele resolve ajudar a revolução a tomar o poder, porém mal sabe como às vezes a história se repete de maneira sádica.
Interpretações viscerais de ambos os protagonistas, toques cômicos na hora certa e um desfecho que disseca a natureza humana são os trunfos desta ótima produção lançada diretamente em DVD. Será que ao assistir a esse brilhante trabalho cinematográfico, não nos lembramos de nada parecido com a vida real, em algum país distante(ou nem tão distante assim)? Vale a pena uma reflexão.

Quando Fui Outro



"Pessoa está; entre os grandes modernistas em cuja sombra vivemos e que fizeram do século XX uma época de extraordiná;ria riqueza poética." - The New York Times

"Negando realidade às máscaras, Pessoa nos convida a assumir a plenitude humana, que é enxergar para além, que é olhar para dentro de nós mesmos. Humildemente, aceitemos o convite." - Luiz Ruffato
Conhecedor profundo da obra de Fernando Pessoa, o escritor Luiz Ruffato pretende, com esta antologia, decifrar o homem "em sua verdadeira vida", despido de seus personagens.
"Sempre imaginei como seria abordá;-lo pela manhã, antes de, lavado o rosto, estabelecer-se à frente do espelho para escolher a máscara com que enfrentaria o mundo", escreve Rufatto na introdução da antologia. Foram pesquisados diversos originais em português, inglês e francês, e reunidos poemas, ensaios, cartas e fragmentos do "romance sem ação" livro do desassossego.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

AMIGOS PARA SEMPRE

O vídeo que postei agora conta uma história muito emocionante. Nos ensina o valor da amizade, do amor entre amigos, que mesmo com a distância não se extingue, continua para sempre. Não vou mais contar nada. Veja com os seus próprios olhos. Até.

A Maior Trégua Da Historia Das Guerras - Natal De 1914.

Foi num inverno do ano de 1914 - Primeira Guerra mundial - Numa batalha onde alemães haviam cavado uma enorme trincheira de um lado, e franceses e ingleses do outro. E daqueles largos buracos lamacentos eles atiravam uns contra os outros e muitos morriam diariamente.Passaram-se dias de batalha até que os sons de tiros e explosões cessaram. Era natal. Uma estranha calma reinava. Os ingleses que observavam com binóculos a trincheira alemã, presenciaram uma inusitada cena: Os alemães estavam pendurando árvores de natal e muitas velas sobre sua trincheira, de maneira que os ingleses pudessem ver. Ouviram então os soldados alemães cantando Noite Feliz.Não demorou muito para que um enorme coro pudesse ser ouvido de todos os lados e em três idiomas simultâneos cantando Noite Feliz - Em inglês, francês e alemão. Cada exército em sua trincheira, cantando em seu idioma.Surgiram, algum tempo depois, placas levantadas da trincheira alemã com dizeres em inglê-ruim “You no fight, We no fight” (Vocês não lutam, nós não lutamos).Do outro lado, na trincheira inglesa, surgiram placas com “Merry Christmas” (Feliz natal), assim se seguiu com várias placas de ambos os lados surgindo com felicitações de natal.Um trégua mais que espontânea havia sido travada de maneira nunca antes vista. E não parou por aí: Oficiais se apresentaram, trocaram apertos de mão e presentes e, de uma maneira fora de controle, ninguém mais estava nas trincheiras. Os capelães de ambos os exércitos improvisaram um serviço religioso único. Foi mundo bonito, todas aquelas vozes juntas cantando “Benditos sagrados serão, os laços fraternos do amor”. Todos , até então inimigos, estavam juntos na terra de ninguém (espaço conhecido entre as trincheiras) conversando, bebendo cerveja, celebrando o natal, contando piadas, até que surgiu uma bola e começaram a jogar uma partida de futebol com 60 jogadores em cada time: alemães x ingleses (Diz-se que os alemães ganharam por 3×2).Essa trégua-confraternização se espalhou por toda a trincheira. A guerra parecia não ter mais chance ali.Fotos impressionantes tiradas nesse dia, ficaram para uma emocionada posteridade.
Essa surreal trégua se prolongou por dias. Os soldados de ambos os exércitos trocaram presentes, cartões de natal e cartões postais, trocaram cartas que deveriam ser entregues a entes queridos que estavam morando no país inimigo e fizeram amizades.Os generais dos exércitos não gostaram nem um pouco do que estava acontecendo quando descobriram. Logo sérias ordens, sob pena de morte por traição caso descumpridas, deveriam ser cumpridas: A batalha devia recomeçar e assim teve que ser feito: cada exército voltou para sua trincheira e começaram a atirar uns contra os outros.Estranhamente as balas de ambos os lados não passavam nem perto do “inimigo”. Todos estavam desperdiçando munição, atirando acima do “inimigo” para não acertá-lo.O alto comando chegou a conclusão que aquela batalha jamais iria acabar se aqueles soldados continuassem ali. Ambos os exércitos substituíram os soldados e só assim a batalha pôde ter continuidade.Hoje existe um marco nesse local, para lembrar a emocionante “Trégua de Natal” de 1914. Foram apenas alguns dias de paz. O suficiente para que aqueles homens vislumbrassem, como seria este mundo se todos seguissem o Príncipe da paz o Cristo do Natal. Um bom fim de ano a todos vocês. E que Jesus esteja hoje e sempre no lar e no coração te cada um, trazendo paz, alegria, esperança, e vontade de lutar e vencer sempre.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A CADA UM O SEU



Esse foi um dos primeiros livros com o selo Alfaguara que eu li. Fantástica narrativa desse italiano. Contar histórias é uma arte, e isso não falta ao Leonardo Sciascia .A história se passa em uma pacata cidadezinha na Sicília. O farmacêutico Manno recebe uma carta anônima que anuncia: “Você vai morrer pelo que fez.” Homem bem casado, discreto e pacato, não pode acreditar que a ameaça seja verdadeira. Mas está; enganado. No dia seguinte, sai para caçar com um amigo e ambos são brutalmente assassinados. O crime choca o vilarejo e confunde a polícia. Será; que o farmacêutico era mesmo tão correto quanto se acreditava? Entre os moradores atraídos pela história está; o professor Laurana, solteirão tímido e recluso que, a partir de uma pista inicial, se envolve acidentalmente com uma intriga que se mostrará; muito maior do que ele poderia suspeitar. Publicado originalmente em 1966, e hoje traduzido em todo o mundo, A cada um o seu é considerado uma obra-prima da literatura italiana. Nas mãos de Sciascia, o que parece ser apenas um irônico relato policial se transforma em algo muito mais profundo: uma história que questiona até onde podem chegar a violência e a falsidade humanas.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Livro Andando Por Onde Andou Jesus - Wilson Sarli



Já estamos nos aproximando do Natal e nada melhor do que estudar-mos um pouco acerca do querido aniversariante. por isso trago para vocês esta jóia rara da literatura cristã, escrito com muito esmero por um dos mais conhecidos líderes religiosos do Brasil, o pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Wilson Sarli. Andando por onde andou Jesus é uma descrição minuciosa que apresenta aspectos humanos, históricos e geográficos das antigas terras por onde Jesus andou. O autor procura registrar detalhadamente o que assimilou ao percorrer esse pedaço de mundo que encerra as raízes das mais preciosas tradições cristãs e onde se desenrolaram dramáticos e emocionantes acontecimentos da História. Obra fartamente ilustrada, onde cultura a vivência cristãs casam-se admiravelmente. Devo avisar que o livro teve a sua última edição publicada em 1985, portanto será muito difícil achá-lo nas livrarias, porém já contactei muitos sebos pelo Brasil e encontrei quantidade considerável desta jóia de livro.

AS BICICLETAS DE BELLEVILLE (Les Triplettes de Belleville)






Um dos grandes filmes de animação lançados pelo cinema. Um filme que com certeza emociona pessoas de todas as idades. Todos aqueles que assistiram essa película saíram do cinema com uma pontinha de sudade; e digo mais: muitos(assim como eu), já o assistiram pelo menos mais duas ou três vezes. Madame Souza, uma senhora de origem portuguesa, adota seu neto Champion e dá a ele um cachorro de estimação, Bruno. Champion nunca ligou muito para o cão e acaba trocando por outra paixão: andar de bicicleta. Isto se torna uma obsessão na vida dele e da avó, que submete-o a um rígido treinamento, para que ele concorra num campeonato de ciclismo francês. Mas no campeonato acontece um imprevisto: alguns ciclistas são sequestrados e Champion está entre eles. Caberá a Madame Souza e ao gordo cão Bruno ir atrás do atleta e descobrir também o porquê do sequestro.
Contando apenas com uma quantidade estritamente necessária de diálogos, o longa trabalha brilhantemente os seus personagens e encanta pelos tipos criados, pelo estilo de animação e pela trilha sonora excelente, especialmente pela canção-tema, a inesquecível “Les Triplettes de Belleville”, interpretada, no filme, por três excêntricas ex-cantoras de rádio, que ajudarão Madame Souza em sua busca.
Sem intenção de aproximar-se da realidade, o diretor utiliza de exageros figurativos para acrescentar algumas ironias à trama: um navio é extremamente alto e assustador, o centro da cidade é repleto de arranha-céus de altura infindável e até uma gorda Estátua da Liberdade aparece em meio a uma cidade francesa.
Chomet faz ainda ótimas referências a grandes gênios da cinematografia francesa, como Georges Méliès e Jacques Tati. É possível ver um quadro com o cartaz do Monsieur Hulot, famoso personagem de Tati, cujo roteiro L'Illusioniste, nunca filmado, foi adaptado por Chomet, que trará a história em formato de animação em seu próximo filme, já concluído e elogiado por aqueles que viram.
É interessante reparar como foram trabalhados os opostos neste filme: enquanto a avó regra excessivamente a alimentação do neto, desregra a alimentação do cão; na mesma proporção que as falas são economizadas, os gestuais são exagerados e quando não o são, o exagero é transferido pelos grandes olhos, narizes ou membros dos personagens.
As Bicicletas de Belleville é uma animação que exala o bom cinema francês, sendo inteligente e sutil, sem que isso implique em ser chata.

O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras






Legítimo representante do cinema francês, o filme é fascinante em todos os sentidos. Uma autêntica lição de história e de liberdade. Uma ode à paz, à vida e à saúde do corpo e da alma. Baseado no romance Le Hussard sur le toit, de Jean Giono, o roteiro ficcional mistura temas fortes como liberdade, abandono, catástrofe, amor, individualidade, sobrevivência, guerra e peste. Na Europa de 1832, quando italianos fogem para o sul da França para resistir à ocupação austríaca de seu país, a epidemia de cólera alastra-se impiedosamente pela região. A ignorância reinante faz com que qualquer estrangeiro seja visto como causador da doença. Nesse contexto, o belo, jovem, aventureiro e revolucionário Angelo Pardi passa a vida nos telhados, fugindo das perseguições. Por uma brincadeira do destino, conhece e apaixona-se pela linda, inteligente e moderna - mas também deprimida e solitária – Pauline de Théus, supostamente viúva. As circunstâncias difíceis tornam esse tórrido romance deliciosamente palpitante, pois ambos precisam unir-se para cuidar um do outro, enfrentando a intolerância da sociedade e defendendo os conhecimentos científicos emergentes, que acabam por vencer a doença, restaurando a saúde e a vida. Os cenários nas paisagens da Provence e dos Alpes franceses, a fotografia, o criterioso figurino de época e a música de Jean-Claude Petit enriquecem a fita.