quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

AS BICICLETAS DE BELLEVILLE (Les Triplettes de Belleville)






Um dos grandes filmes de animação lançados pelo cinema. Um filme que com certeza emociona pessoas de todas as idades. Todos aqueles que assistiram essa película saíram do cinema com uma pontinha de sudade; e digo mais: muitos(assim como eu), já o assistiram pelo menos mais duas ou três vezes. Madame Souza, uma senhora de origem portuguesa, adota seu neto Champion e dá a ele um cachorro de estimação, Bruno. Champion nunca ligou muito para o cão e acaba trocando por outra paixão: andar de bicicleta. Isto se torna uma obsessão na vida dele e da avó, que submete-o a um rígido treinamento, para que ele concorra num campeonato de ciclismo francês. Mas no campeonato acontece um imprevisto: alguns ciclistas são sequestrados e Champion está entre eles. Caberá a Madame Souza e ao gordo cão Bruno ir atrás do atleta e descobrir também o porquê do sequestro.
Contando apenas com uma quantidade estritamente necessária de diálogos, o longa trabalha brilhantemente os seus personagens e encanta pelos tipos criados, pelo estilo de animação e pela trilha sonora excelente, especialmente pela canção-tema, a inesquecível “Les Triplettes de Belleville”, interpretada, no filme, por três excêntricas ex-cantoras de rádio, que ajudarão Madame Souza em sua busca.
Sem intenção de aproximar-se da realidade, o diretor utiliza de exageros figurativos para acrescentar algumas ironias à trama: um navio é extremamente alto e assustador, o centro da cidade é repleto de arranha-céus de altura infindável e até uma gorda Estátua da Liberdade aparece em meio a uma cidade francesa.
Chomet faz ainda ótimas referências a grandes gênios da cinematografia francesa, como Georges Méliès e Jacques Tati. É possível ver um quadro com o cartaz do Monsieur Hulot, famoso personagem de Tati, cujo roteiro L'Illusioniste, nunca filmado, foi adaptado por Chomet, que trará a história em formato de animação em seu próximo filme, já concluído e elogiado por aqueles que viram.
É interessante reparar como foram trabalhados os opostos neste filme: enquanto a avó regra excessivamente a alimentação do neto, desregra a alimentação do cão; na mesma proporção que as falas são economizadas, os gestuais são exagerados e quando não o são, o exagero é transferido pelos grandes olhos, narizes ou membros dos personagens.
As Bicicletas de Belleville é uma animação que exala o bom cinema francês, sendo inteligente e sutil, sem que isso implique em ser chata.

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