AS BICICLETAS DE BELLEVILLE (Les Triplettes de Belleville)
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Contando apenas com uma quantidade estritamente necessária de diálogos, o longa trabalha brilhantemente os seus personagens e encanta pelos tipos criados, pelo estilo de animação e pela trilha sonora excelente, especialmente pela canção-tema, a inesquecível “Les Triplettes de Belleville”, interpretada, no filme, por três excêntricas ex-cantoras de rádio, que ajudarão Madame Souza em sua busca.
Sem intenção de aproximar-se da realidade, o diretor utiliza de exageros figurativos para acrescentar algumas ironias à trama: um navio é extremamente alto e assustador, o centro da cidade é repleto de arranha-céus de altura infindável e até uma gorda Estátua da Liberdade aparece em meio a uma cidade francesa.
Chomet faz ainda ótimas referências a grandes gênios da cinematografia francesa, como Georges Méliès e Jacques Tati. É possível ver um quadro com o cartaz do Monsieur Hulot, famoso personagem de Tati, cujo roteiro L'Illusioniste, nunca filmado, foi adaptado por Chomet, que trará a história em formato de animação em seu próximo filme, já concluído e elogiado por aqueles que viram.
É interessante reparar como foram trabalhados os opostos neste filme: enquanto a avó regra excessivamente a alimentação do neto, desregra a alimentação do cão; na mesma proporção que as falas são economizadas, os gestuais são exagerados e quando não o são, o exagero é transferido pelos grandes olhos, narizes ou membros dos personagens.
As Bicicletas de Belleville é uma animação que exala o bom cinema francês, sendo inteligente e sutil, sem que isso implique em ser chata.
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