terça-feira, 30 de novembro de 2010

'O câncer me mostrou o que é a família', diz Michael Douglas.Em entrevista, ator diz que tem 80% de chances de curar tumor na garganta.


Do G1, em São Paulo.

O ator Michael Douglas, 66 anos, falou pela primeira vez sobre seu estado de saúde depois que tabloides publicaram fotos dele bem magro e disseram que ele teria poucos meses de vida. Em entrevista publicada nesta terça-feira (30) no site da revista "Hollywood Reporter", Douglas revelou que se submeteu a três sessões de quimioterapia e sete semanas de radioterapia, mas que se recupera bem.
"Depois de todas as adversidades que enfrentei este ano", diz ele referindo-se não só ao câncer de garganta mas também à prisão de seu filho por envolvimento com drogas em abril e a um processo financeiro movido por sua ex-mulher, "o simples fato de estar sentado e conversando com você já me deixa muito feliz."
Na reportagem, o jornalista Stephen Galloway diz que se surpreendeu com a relativamente boa condição física do ator - "O homem está cheio de vida, alerta" - e diz apenas que Douglas estava um pouco frágil - "como se estivesse se recuperando de um resfriado ruim" - e tomava um líquido constantemente para umidificar a garganta durante a entrevista.
O ator explica: "O nível de quimioterapia, a quantidade de coisas que eles te dão, combinada com a radiação, foi o máximo que eles poderiam ter dado naquele período de tempo", diz. "É impressionante como eles quase têm que tentar te matar para trazê-lo depois de volta."
Douglas deverá se submeter a novos testes em janeiro para determinar se o tumor foi eliminado. Segundo ele, médicos disseram que suas chances de cura são de 80%.
Conhecido no cinema como o capitalista inescrupuloso Gordon Gekko em "Wall Street" - clássico dos anos 80 de Oliver Stone que ganhou continuação neste ano -, Douglas disse que não tem encarado a doença pelo lado espiritual.
"Eu ainda não digeri muito bem, para dizer a verdade. Quando olhava as estatísticas, não pensava em vida ou morte. Apenas via como uma doença que eu tinha de superar. Então, não precisei cavar até o fundo da minha alma para ver o que eu poderia ver", disse. "Mas certamente me deu um pouco de perspectiva sobre mortalidade."
O que mais confortou Douglas nesse período, diz na entrevista, foi o carinho dos familiares - especialmente da atual mulher, a atriz Catherine Zeta-Jones, e de seu pai, o ator Kirk Douglas, com quem retomou contato depois de anos sem se falar. "Fiquei impressionado com o tanto de amor e apoio [que recebi]. O câncer me mostrou o que é a família. Me mostrou um amor que eu nunca soube que existisse."

Último filme de Leslie Nielsen pode ficar engavetado


O último filme do ator canadense Leslie Nielsen pode nunca ver a luz do dia. Trata-se de um longa-metragem de animação de baixo orçamento batizado de "The Waterman movie", para o qual o ator, que morreu neste domingo, já havia gravado as vozes.
Em entrevista ao site TMZ.com, o diretor Bryan Waterman revelou que não tem dinheiro para finalizar a produção. Segundo ele, a parte de Nielsen - que interpreta um personagem chamado Ready Espanosa - está concluída, mas ainda faltaria "uma boa parte" da animação para concluir.
Agora, o cineasta está em busca de doações para finalizar o projeto. Os voluntários que ajudarem terão seus nomes citados ao final da produção nos créditos de "Agradecimento Especiais".
Leslie Nielsen estava com 84 anos quando morreu após complicações de uma pneumonia. O ator alcançou sucesso mundial com a comédia "Apertem os cintos, o piloto sumiu!" (1980), de Jim Abrahams e dos irmãos Jerry e David Zucker. Ele também estrelou filmes da série "Corra que a polícia vem aí" e "Todo mundo em pânico".


Do G1, em São Paulo

Memória de Minhas Putas Tristes – Gabriel Garcia Márquez


O que significa a velhice? É um simples fato numérico, contado aos cinqüenta, relembrado aos sessenta e temido aos setenta, ou algo que implica naquilo que somos, em nossas atitudes e perspectivas sobre o mundo?
É esta a indagação que Gabriel Garcia Márquez faz nesta obra que contribuiu para reafirmar seu prêmio Nobel de Literatura.
Um ancião, na véspera de seu aniversário de noventa anos, sente um desejo louco de viver uma noite de amor com uma virgem. Não apenas mais uma das centenas de mulheres promíscuas que passaram por sua vida, mas aquela que exalasse a pureza de nunca ter sido tocada.
Ao narrar sua história, ele mostra como seu velho coração é invadido por aquele sentimento que até então somente tinha ouvido falar, sem conhecer realmente seu significado: o amor.
Uma menina de 14 anos que precisa criar os irmãos e terminar de criar-se, desperta uma chama oculta na vida do nobre jornalista, que passa a transbordar esse sentimento nas suas crônicas, agora apaixonadas, no jornal de domingo.
Uma história que realmente nos faz pensar no quanto inusitada é a vida e no valor que devemos dar a cada segundo, pois ele é único e depois dele pode haver mais um, ou não.

"O JARDIM DOS FINZI CONTINI"




Em Farrara (Itália), a família Finzi Contini, composta de judeus da classe média-alta, começa a sofrer a perseguição nazi-fascista. Quem estuda fica proibido de freqüentar escola, quem é empregado perde o emprego, e o cerco vai apertando até que os fascistas, seguindo os alemães, levam todos para um campo de extermínio. Para a critica internacional este foi o último grande filme do diretor de “Ladrões de Bicicletas”, “Milagre em Milão”e “Umberto D”, considerado um dos melhores cineastas do movimento neo-realista. Também é o filme que marca a volta de De Sica a um cenário italiano, sabendo-se que pouco antes ele havia se acomodado ao esquema dos grandes estúdios de Hollywood. O filme ganhou o "Oscar" de filme estrangeiro, o Bafta inglês, o David de Donatello italiano, o Urso de Ouro do Festival de Berlim e mais 5 prêmios internacionais.

Livro: O Conto do Amor




O conto do amor inicia com a visita de Carlo Antonini, psicoterapeuta que vive em Nova York, ao convento de Monte Oliveto Maggiore, na Toscana.Ali ele se depara com algo inusitado: a figura do jovem São Bento, pintada em um dos afrescos nas paredes, é parecida com seu pai, que morreu doze anos antes. Isso o remete ao próprio motivo de sua ida à Itália: uma estranha conversa que ambos tiveram pouco antes de o pai morrer, quando este revelou ao filho, em tom de confissão, que em outra vida teria sido ajudante do pintor maneirista Sodoma (1477-1549), justamente o autor daquelas imagens. É o início de uma história cheia de surpresas, envolvendo um caso amoroso em meio à Segunda Guerra e seus desdobramentos da época até o presente.Contardo Calligaris estréia no romance brincando com certos limites entre a imaginação e a vida real. A exemplo do autor, o protagonista de O conto do amor é psicanalista, atende pacientes em Nova York e teve um pai engajado na resistência antifascista italiana.“O primeiro capítulo, em seus detalhes, é total e fielmente autobiográfico”, diz Contardo. “Nunca soube bem o que fazer com aquela estranha ‘confidência’ do meu pai na hora de sua morte. Claro, fui para Monte Oliveto e tudo, mas não achei nada.Nada, a não ser uma ficção. E toda ficção é, quem sabe, um pouco isto: um jeito de continuar um diálogo que ficou truncado na realidade.” Não por acaso, a trama nascida dessa inspiração tem como principal tema a busca da identidade. A jornada de Antonini em direção ao passado do pai, levada adiante em arquivos e encontros com personagens de cidades como Milão, Siena, Florença e Paris — além de Monte Oliveto Maggiore, claro —, no fundo é uma grande investigação sobre sua própria origem. Uma trajetória que mimetiza, de certa maneira, um processo psicanalítico de autodescoberta. “Na psicanálise, há um quê de ‘investigação’ no sentido policial-jornalístico”, afirma Calligaris. “Mas o que muda no livro é que a investigação do protagonista é ação e aventura ‘real’.”Ao final desse caminho por vezes tortuoso, que envolve os mistérios por trás da reprodução sem assinatura de uma imagem de Sodoma, de um atentado ao trem Roma—Mônaco nos anos 1970 e de uma noite inesquecível na Toscana narrada nos diários do pai, Antonini se surpreenderá ao perceber que suas descobertas apontam também para o futuro. E que nele ainda há lugar para paixões que podem mudar sua vida.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Padre Amaro suscita polêmica sobre Igreja Católica







Sensação de bilheteria no México, onde o fato de ter sido condenado pela Igreja Católica serviu apenas para atrair um público ainda maior, O Crime do Padre Amaro, transpõe para um ambiente moderno o romance original de Eça de Queiroz lançado em 1875.
Apesar da direção respeitável, que evita excessos, o filme não deixa de ser um pouco "mundo cão" no acúmulo que faz de circunstâncias eróticas, violentas e desonestas que atormentam as consciências dos religiosos contemporâneos.
O fato de em alguns momentos mais lembrar uma telenovela do que um filme comum não vai afastar o público para o qual o catolicismo e a corrupção formam uma dupla que suscita fascínio.
Abençoado com um rosto angelical que esconde suas ambições, o recém-ordenado Padre Amaro (o ator mexicano Gael Garcia Bernal, de E tua mãe também) já foi escolhido pelo bispo da diocese (Ernesto Gomez Cruz) para ter uma carreira nobre, mas primeiro terá que fazer sua lição de casa.
Assim, ele é enviado para a cidade interiorana de Los Reyes, cuja catedral impressionante é sede da paróquia dirigida há muitos anos pelo Padre Benito (Sancho Gracia).
Este mantém um romance escondido com a proprietária de restaurante Sanjuanera (Angelica Aragon) e lava dinheiro para o comandante do narcotráfico da região - sem problemas morais, pois acha que tudo isso é um mal lamentável, mas necessário, já que as doações generosas do traficante financiam a construção de um moderno hospital/orfanato/asilo para idosos da igreja.
O Padre Amaro vê tudo isso com desdém, embora admita acreditar que a Igreja "evitaria muitos problemas" se deixasse o celibato dos padres ser optativo. Mas não demora a mergulhar em problemas, ele próprio, especialmente por começar a namorar a beldade Amélia (Ana Claudia Talancon), filha de Sanjuanera.
Amélia imediatamente larga seu namorado, o candidato a jornalista Ruben (Andreas Montiel). Em retaliação, este desenterra uma série de escândalos envolvendo os padres, a começar por uma foto que expõe as ligações do Padre Benito com o crime organizado.
O furor público provoca a ira do bispo. Para salvar sua própria pele, Padre Benito tenta fazer de bode expiatório o Padre Natálio (Damian Alcazar), cujos esforços para travar contato com os camponeses da região montanhosa lhe valeram a acusação de entrar em conluio com guerrilheiros.
Enquanto isso, as manobras cada vez mais maquiavélicas de Padre Amaro chegam a um impasse quando Amélia lhe comunica que está grávida.
O clímax da história traz um aborto em más condições para somar-se a uma narrativa já mergulhada em pecados ligados a sexo, mentiras, álcool, chantagem, assassinato e exploração de doentes mentais.
A direção de Carlos Carrera e o roteiro de Vicente Lenero (baseado no original de Eça de Queiroz) abordam o acúmulo de elementos sórdidos da história de maneira bastante direta e digna de crédito, se bem que as ironias e hipocrisias às vezes parecem exageradas.
Embora em alguns momentos se aproxime do clima de telenovela, o filme possui convicção e moderação em doses suficientes para evitar o sensacionalismo puro.

O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO


Mia Couto é um dos escritores africanos de maior destaque da atualidade. O último voo do flamingo, publicado originalmente em 2000, é seu quarto romance, e foi lançado quando Moçambique comemorava 25 anos de independência de Portugal. Depois de um longo tempo de guerra civil, soldados das Nações Unidas estão em Moçambique para acompanhar o processo de paz. O romance narra estranhos acontecimentos de uma pequena vila imaginária, Tizangara, ao sul do país, onde militares da ONU começam a explodir subitamente. O autor elabora uma crítica ácida aos semeadores da guerra e da miséria, mas também uma história em que poesia e esperança dependem da capacidade narrativa de contar a própria história com vozes africanas autênticas. Só elas sabem que o vôo do flamingo faz o sol voltar a brilhar depois de um período de trevas e opressão.










Filme Brasileiro – Casa de Areia






1910. O português Vasco (Ruy Guerra) leva sua esposa grávida Áurea (Fernanda Torres) e a mãe dela, Dona Maria (Fernanda Montenegro), em busca de um sonho: viver em terras prósperas, recentemente compradas por ele. O sonho se transforma em pesadelo quando, após uma longa e cansativa viagem junto a uma caravana, o trio descobre que as terras estão em um lugar totalmente inóspito, rodeado de areia por todos os lados e sem nenhum indício de civilização por perto. Áurea quer retornar ao lugar de onde vieram, mas Vasco insiste em ficar e constrói uma casa de madeira para que lá possam viver. Após serem abandonados pelos demais integrantes da caravana, um acidente mata Vasco e deixa Áurea e Dona Maria completamente sozinhas. Elas partem em busca de ajuda e terminam por encontrar Massu (Seu Jorge), um homem que nunca deixou o local. Massu passa a ajudá-las, levando comida e sal para que Áurea e Dona Maria possam sobreviver na casa recém-construída. Apesar da estabilidade, Áurea deseja deixar o local de qualquer maneira mas decide apenas fazer isto quando sua filha nascer e poder deixar o local com ela. Enquanto isso Áurea e Dona Maria precisam lidar também com a instabilidade do local em que vivem, já que a areia pode soterrar a casa em que vivem a qualquer momento.

NARRADORES DE JAVÉ






Se todo filme é um parto de duas horas em média, o que se pode fazer é aproveitá-lo desde as contrações: seus créditos iniciais. Aceitando a premissa, os caracteres de abertura de "Narradores de Javé" já demonstram o que deverá nascer de um filme sobre a ameaça de desaparecimento. As letras brancas, que entram no fundo preto por um lado da tela e saem pelo outro, transformam-se para formar as palavras. Eliane Caffé começa a construir desde aí, a imagem de que se algo existe, só o que pode acontecê-lo é modificar-se: uma vez no mundo, nada se perde. No embaralhamento das letras surgem os nomes, que logo podem deixar de ser estes nomes, sabe-se lá em que confusão as letras podem se meter.
Assim arranjar-se-ão os moradores de Javé. Tudo para comprovar a máxima da diretora: o desaparecimento não passa de uma ameaça. Para isso, Eliane se valerá de dois argumentos que desfilarão tranqüilamente lado a lado por mais de cem minutos de narrativa: a própria transformação das coisas que existem, e a memória, a trazer as coisas que parecem não existir mais - fielmente ou não - ao presente.
E o filme já começa comprovando a tese. A primeira cena que se vê é a da corrida solitária de um jovem, ao cair do sol. Apesar do esforço do garoto, que a diretora faz questão que acompanhemos, acontece o primeiro desaparecimento da história: ele perde o barco, a viagem, e o dia, que em seguida anoitece. Nesse momento, - menos de dois minutos de filme - já não pensamos em outra coisa a não ser "o que acontecerá com ele?". Cineasta que é, Eliane pega o público pelo artifício que utilizará na história para provar sua tese: o prazer de uma boa história.
Pois é exatamente o que o menino perdido vai ganhar. No bar do porto, Nelson Xavier estará introduzindo a história de Javé. E o rapaz retoma então, uma viagem quem sabe muito mais promissora do que a que acabara de perder. Eliane deve estar querendo dizer que até sabe-se o que se pode perder, mas não o que se pode ganhar com a perda. Nesse caso, nós ganhamos o filme da maneira que o cinema sabe bem fazer: sutilmente algo que não é mais (a viagem do garoto), transforma-se em algo que é ainda mais (a história que ele - e nós - vamos ganhar).
Instaura-se na tela a narrativa de Javé. E a memória dos moradores deve trazer ao presente algo que está em vias de não ser mais: a própria cidade. Javé só pode ser salva se sua história for recuperada. Para isso, convoca-se alguém que saiba tornar o ordinário quotidiano em acontecimentos extraordinários. Entretanto, um ser dotado desta perspicácia é capaz de antever que o mundo apenas se move, e este simples movimento é ainda mais extraordinário que a singularidade de uma cidade fundada em cima do nada. Antes de ser o traidor de algo que desapareceria de qualquer forma, o personagem de José Dumont, disfarçadamente posto em cena por Eliane como seu porta-voz, é a consciência da mudança contingente.
Javé não pode ser a única coisa no mundo a permanecer como é para sempre, nem que para isso se justifique sua inundação. Esta inevitabilidade está no discurso de Antônio Biá quando se descobre em branco o livro no qual deveria estar escrita a história da cidade. Contudo, não é também sem dor que a transformação é aceita. O próprio vidente - Biá/Dumont - sofre com o que precisa ficar para trás para que o novo surja. E talvez seja ele o que mais sinta esta "perda", porém é também o mais consciente da nova etapa que vem. Do choro na água que assola o que fora Javé ao interesse disfarçado de cinismo que tem com seus conterrâneos, Biá é o pastor às avessas daquela comunidade. Pois detém um poder, ao inverso do que se transformou o cristão: o de clarear a vida dos seus semelhantes, que faz a todos o procurarem sob qualquer situação.
Seja trazendo as memórias do povo à tona, seja alavancando seu desaparecimento ao ganho de uma nova jornada, Biá põe na prática a argumentação da diretora. As letras que chegaram a um despovoado e formaram Javé, meteram-se numa confusão imprevisível da qual não poderão sair sendo os mesmos. Eliane, através de Biá, antes de pronunciar que isto é necessário, investe rolos de filme para dizer que preciso é aceitar as contingências da vida. Depois de provar que o passado não se perde, mas se modifica (para melhor!) através da narrativa falada, escrita ou filmada, e estabelecer justamente na "perda" a possibilidade (e inevitabilidade) de surgimento do novo, coloca seus personagens a sair andando pelo lado da tela. Embaralhados por ela na sua história, ganham da diretora a redenção de transformar-se em algo mais do que foram na perdida Javé: o desprendimento de um novo nascimento.

domingo, 28 de novembro de 2010

Conduzindo Miss Daisy (1989)




Atlanta, 1948; Uma rica judia de 72 anos (Jessica Tandy) joga acidentalmente seu Packard novo em folha no jardim premiado do seu vizinho. O filho (Dan Aykroyd) dela tenta convencê-la de que seria o ideal ela ter um motorista, mas ela resiste a esta idéia. Mesmo assim o filho contrata um afro-americano (Morgan Freeman) como motorista. Inicialmente ela recusa ser conduzida por este novo empregado, mas gradativamente ele quebra as barreiras sociais, culturais e raciais que existem entre eles, crescendo entre os dois uma amizade que atravessaria duas décadas.

Fanny & Alexandre





Em 1907, numa cidade interiorana da Suécia, vive a abastada família Ekdahl, cuja matriarca, Helena, habita uma enorme mansão repleta de móveis antigos, preciosas telas, esculturas, tapeçarias, plantas e relógios. Gustav Adolf, terceiro filho de Helena, é um mulherengo cujas aventuras não preocupam sua feliz esposa, Alma, uma vez que ela o ama como ele é. Seu segundo filho, Carl, é um professor fracassado, casado com Lydia, uma alemã que não é bem vista pela família. Oscar, seu primeiro filho, comanda a companhia teatral da cidade, é casado com Emilie e tem dois filhos: Fanny e Alexander.É véspera de Natal e Helena, como faz todos os anos, prepara com suas criadas a ceia, em que todos estarão reunidos, além de armar uma enorme árvore de Natal repleta de presentes. Ao final da tarde, com todos em casa, a ceia é servida. Logo após, alegres e felizes, os familiares e as criadas cantam e dançam juntos pela mansão.Dias depois, Oscar sente-se mal no teatro e, levado para casa, morre ao lado dos seus. Os funerais são presididos pelo bispo luterano, Edvard Vergerus. Depois de alguns meses, este, sentindo-se atraído pela viúva, a pede em casamento, sendo por ela aceito. Na hora em que sua mãe lhe fala sobre a decisão tomada, Alexander vê o fantasma do pai a poucos metros deles.Antes de se casar, o bispo exige que Emilie deixe para trás sua casa, vestidos, jóias, bens, seus amigos, família, idéias e hábitos, enfim, que renuncie à sua vida passada. Sentindo-se muito só, com a perda de Oscar, ela se submete às suas exigências e se casa, indo morar com os filhos na casa da Diocese, dirigida pela mãe e pela irmã de Edvard.A vida de todos vira um inferno, principalmente a de Alexander, alvo principal de Edvard por ser o que mais o enfrenta. Castigos físicos são-lhe impostos. Certa vez, após levar dez golpes com uma vara, é posto, sangrando, preso num sótão. Emilie, que não se achava presente quando da imposição do castigo a Alexander, ao descobrir a situação do filho, decide pedir o divórcio, mas passa a ser tratada como uma prisioneira. Para piorar sua situação, descobre que está grávida do marido.Isak Jacobi, antiquário e banqueiro judeu, grande amigo de Helena, com quem já teve um caso, consegue tirar as crianças da casa do bispo, ao comprar-lhe uma antiga arca e escondê-las dentro da mesma. Emilie, por sua vez, foge da casa da diocese, ao fazer com que o marido tome uma boa dose de soníferos. Na manhã seguinte, toma conhecimento, através da polícia, que o bispo morrera carbonizado quando de um incêndio acidentalmente provocado por uma tia dele.Emilie dá à luz uma filha, na mesma época em que seu cunhado, Gustav Adolf, é mais uma vez pai, desta vez com a criada Maj Kling. Toda a família reúne-se no dia do batismo das duas crianças. Reencontrando a alegria de viver, Emilie, agora comandando a companhia teatral, propõe à sua mãe, Helena, uma antiga atriz, que as duas encenem uma nova peça do dramaturgo sueco, August Strindberg. "Fanny & Alexander" é um magnífico, empolgante e ambicioso filme sueco. Realizado pelo grande cineasta Ingmar Bergman, sua história acompanha os maus-tratos sofridos por duas crianças, Fanny e Alexander, principalmente este último, quando sua mãe viúva decide se casar com um bispo luterano que, agindo como um verdadeiro tirano, exige que ela deixe para trás sua casa, vestidos, jóias, bens, seus amigos, família, idéias, hábitos e tudo o mais que possa lembrar a vida que levava anteriormente.Tendo recebido seis indicações ao Oscar, este filme sueco foi agraciado com nada menos quatro estatuetas, inclusive a do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.A direção de Bergman é perfeita, mantendo um ritmo adequado a prender a atenção do espectador do início ao fim. O belo trabalho apresentado por Sven Nykvist, fotógrafo preferido do cineasta, assim como, o figurino assinado por Marik Vos, são dois outros quesitos que merecem destaques.Como na maioria de seus filmes, os questionamentos religiosos acham-se também presentes em "Fanny & Alexander". Quando as crianças encontram-se na casa do judeu Isak Jacobi, num determinado momento, por exemplo, o questionamento de Alexander sobre a existência de Deus é extremamente pesado, que não ouso repeti-lo. Em seu universo, o cineasta cria espaços para cristãos e judeus, ricos e pobres, sãos e insanos, jovens e idosos, fantasmas e magia, além de uma galeria de personagens inesquecíveis por suas peculiaridades.O filme basicamente se inicia e termina com a família reunida, em torno de uma mesa: no início, para comemorar a passagem do Natal e, no fim, para celebrar o batismo de duas crianças.

Um poema no domingo - Carlos Drummond




A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA







Este filme foi feito mais ou menos na mesma época que Uma rajada de balas. Como havia dito então, a história sobre Bonnie e Clyde redefiniu o cinema na época. Levou o cinema em direção ao cinema moderno de hoje. Esse filme se aproveita disso, fazendo um cinema moderno que ao mesmo tempo flerta com o antigo cinema dos anos 1950.
Acompanhamos a história de dois jovens, Sonny (Timothy Bottoms) e Duane (um Jeff Bridges com apenas 22 anos) que moram em uma pequena cidade. E pequena mesmo, daquelas que somente tem um restaurante, um salão de bilhar e um cinema. Ou seja, uma cidade onde não há nada para se fazer. Sequer tem um time de futebol decente para quem torcer.
Os dois se apaixonam pela mesma menina, Jacy (Cybill Shepherd, debutando nos cinemas), a única menina bonita da cidade. Mas é Duane que acaba com ela, e Sony acaba com uma menina tão irritante e pouco interessante que acaba a trocando pela mulher do treinador do time do colégio. Não há sequer a aparição de qualquer novo rosto que possa servir de interesse para Sonny, ele está perdido no meio daquele nada, e numa relação com alguém muito mais velha que ele.
Já Jacy não é nenhuma flor que se cheire. Ela é de uma das poucas famílias ricas da cidade, cresceu em uma bolha como uma garota mimada e calculista. Até a perda da sua virgindade é de acordo com os seus interesses. No caso, o interesse era pra ter relações com outro rapaz.
Se a vida amorosa dos rapazes não vai bem, não se pode dizer que eles tem um grande exemplo familiar também. Principalmente, eles não tem a menor criação por uma figura paterna. O que se passa mais perto de pai para os dois é Sam The lion, que por acaso também é dono do salão de bilhar, do restaurante e do cinema.
O mais interessante é a ambientação do filme. O lugar, a decoração de cada lugar, cada casa e até mesmo as roupas que as pessoas usam, tudo remete imediatamente aos anos 1950. Mais impressionante ainda é que o filme foi rodado como se fosse um filme feito nos anos 1950, mesmo sendo um filme de 1971. Da mesma forma que se fazia na época, até mesmo com seu preto e branco tradicional (segundo dizem, um conselho de Orson Welles, amigo do diretor).
Mais ainda, o filme evoca uma nostalgia dos anos 1950 mesmo para os que não viveram naquela época. Um ótimo trabalho do diretor Peter Bogdanovich, que faria poucos filmes depois desse. Menos ainda de filmes que sequer valham a pena serem vistos, mas pelo menos aqui ele acertou a mão entregou um ótimo filme para ser visto em qualquer época.

Fotos do Domingo - A fotografia e o cinema: Tazio Secchiaroli





Tazio Secchiaroli, falecido em 1998, é considerado o primeiro paparazzo da história da fotografia e assim foi imortalizado no filme de Federico Fellini "La Dolce Vita". As histórias do fotógrafo inspiraram o roteiro de Fellini. Foram 30 anos de trabalho dedicados ao cinema, numa obra cheia de elegância e toques de humor. Sua lentes registraram Fellini no set de filmagem de filmes como "8 ½", "Cidade das Mulheres" e "Amarcord". Outros diretores foram homenageados pelas lentes de Secchiarolli: Vittorio De Sica, Marco Ferreri, Pasolini, Antonioni, Sergio Leone, Ettore Scola, Mario Monicelli e Lucchino Visconti e Charles Chaplin. Tazio Secchiaroli fotografou os astros e estrelas que filmaram nos estúdios de Cinecittá em Roma: Ava Gardner, Bette Davis, Virna Lisi, Claudia Cardinale, Brigitte Bardot, Ursula Andress, Vanessa Redgrave, Silvana Mangano, Tony Curtis, Peter Sellers e Gregory Peck, Sophia Loren e Marcello Mastroianni, de quem Secchiaroli foi fotógrafo pessoal e de confiança.