terça-feira, 31 de maio de 2011

Livro Manon Lescaut



Faz dez dias que acabei de ler este magnífico romance. Digo magnífico porque é impossível não constatar a coragem do autor em cada página escrita; em uma época que certas histórias eram proibidas e certos assuntos deviam ficar esquecidos, nos porões de castelos e abadias da Europa. Antoine-François Prévost (1697-1763), escritor francês, teve uma vida bem conturbada. Hesitando entre a carreira militar (lutou na guerra da sucessão espanhola e na franco-espanhola) e a vida religiosa, terminou por decidir-se por esta última, passando pela Ordem dos Jesuítas e pela Ordem dos Beneditinos, na qual fez os votos em 1721. Por causa de um desentendimento com abades desta última Ordem, que lhe rendeu uma ordem real de prisão, Prévost fugiu para a Holanda, Inglaterra e depois voltou a morar, clandestinamente, na França. Posteriormente, em 1736, foi perdoado pelos beneditinos e o papa.Foi na Holanda que, pela primeira vez, o romance A história do Cavaleiro des Grieux et de Manon Lescaut foi publicado (1730). A obra foi considerada escandalosa, e condenada pela Igreja. Em 1753, sai uma nova edição, revisada e acrescida de um episódio. A bela e imorredoura história de amor do Cavaleiro des Grieux e de Manon Lescaut deu origem à célebre ópera de Giacomo Puccini, bem como, adentrando o século XX e o XXI, a vários filmes e séries para a televisão.

Lobão critica João Gilberto e Chico Buarque em evento literário



Fonte: Portal da Metrópole e Folha Online



Teve clima de show de rock, com direito a aplausos e vaias, a mesa com o cantor Lobão na tarde de domingo no Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier (138 km de São Paulo). Fazendo jus ao evento literário, o tema do debate seria o livro "50 Anos a Mil", autobiografia que o cantor lançou no ano passado. Foi o mundo da música que, no entanto, rendeu os momentos mais apimentados da palestra. Ao comentar a música "Me Chama", seu principal sucesso, Lobão disse não ter gostado da versão gravada por João Gilberto. "João Gilberto tirou o ritmo de tragédia maníaca de "Me Chama". E ele ainda não cantou a parte: "Nem sempre se vê mágica no absurdo". Disse que não entendeu essa parte. Se ele tivesse me ligado, eu teria explicado."Perguntado se achava João Gilberto "chato", Lobão respondeu que ele é "um amor de pessoa. O problema é que ele virou um ser sagrado. Nós temos que destronar tudo o que é sagrado". Depois, ironizou canções de Chico Buarque (como "O Que Será") e jogou farpas na música brasileira em geral. "A dita MPB é de uma mediocridade galopante." Algumas vaias, ainda que tímidas, surgiram quando Lobão definiu a esquerda como "coisa de gente rancorosa e invejosa". Em outro momento, o cantor reclamou que há um "excesso de vitimização na cultura brasileira". "Essa tendência esquerdista vem da época da ditadura. Hoje, dão indenização para quem sequestrou embaixadores e crucificam os torturadores que arrancaram umas unhazinhas", completou

Falaram-me os Homens em Humanidade




Falaram-me os homens em humanidade, Mas eu nunca vi homens nem vi humanidade. Vi vários homens assombrosamente diferentes entre si. Cada um separado do outro por um espaço sem homens.




Alberto Caiero







Filme José e Pilar




Hoje o tempo aqui em Salvador está feinho, com possibilidade de chuva até não poder mais. Sinto que estou candidato a um belo resfriado. Isso porque além da garganta ardendo, como se saboreasse um sorvete de pimenta, a moleza no corpo denuncia o que virá. Sem contar que ontem fui dormir muito tarde, assistindo um documentário muito especial, contando a rotina de um dos maiores escritores do mundo, que infelizmente faleceu há quase um ano atrás. José e Pilar. Esse é o nome da películaque me fez perder algumas horas de sona, porém devo dizer que não me arrependi nadinha. trata-se de uma narrativa simples e terna, como foi a vida deste grande homem. A Viagem do Elefante, o livro em que Saramago narra as aventuras e desventuras de um paquiderme transportado desde a corte de D. João III à do austríaco Arquiduque Maximiliano, é o ponto de partida para José e Pilar, filme de Miguel Gonçalves Mendes que retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Río.Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de trabalho por todo o mundo, José e Pilar é um retrato surpreendente de um autor durante o seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar o mundo — ou, pelo menos, em torná-lo melhor.José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que génio e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vida de um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, “tudo pode ser contado de outra maneira”.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diga-me o que tens na estante…

Do G1, por Zeca Camargo




Estou, mais uma vez, naquela fase de acabar de ler quatro livros ao mesmo tempo. Sei que há uma corrente que diz que isso não é muito saudável – ou melhor, dependendo de quem você consulta, vai ouvir que isso é “coisa de quem não gosta de livros”… Eu não poderia discordar mais. Os respiros entre uma história e outro, as conexões que vamos fazendo entre as narrativas, as sutis comparações – isso tudo é muito precioso, e desde que era um leitor adolescente aprendi a gostar de me envolver assim com os livros. E não é depois de velho que eu vou mudar…
Então, estou prestes a terminar essas leituras – e inevitavelmente prestes a iniciar outras. E vou escrever sobre pelo menos dois deles aqui em breve (um deles, como já adiantei, é “Mr. Peanut”, de Adam Rosso – ainda inédito no Brasil; o outro… vou fazer suspense!). Mas não hoje. Neste post quero apenas – e brevemente – propor uma experiência que vi no site do jornal inglês “The Guardian” – e que achei sensacional. Vamos ver se eu consigo seduzir você a fazer o mesmo.
Na última terça-feira, no seu site, o jornal publicou uma seleção de fotos de estantes de seus leitores. É uma coleção modesta, com apenas 15 imagens – mas bastante reveladora. Minha favorita, se você tiver curiosidade de conferir, é a última: uma estante onde os livros estranhamente estão expostos não com suas lombadas, mas com o lado das páginas para fora!
O que isso quer dizer exatamente sobre quem os organizou assim (ela foi postada por Gary Homewood)? Não posso nem imaginar! Mas certamente ela me fez pensar… Assim como as outras estantes selecionadas pelo “Guardian”. Fato é que pensei em fazer o mesmo: convidar você a me mandar uma imagem da sua estante!
Não são poucos os leitores deste espaço que gostam de livros. Por isso mesmo quero abrir essa, digamos, galeria! Mande uma foto da sua estante – ou de qualquer canto de sua casa onde você guarda os livros. Para inspirar você, eu mesmo tomo a primeira iniciativa! Minha casa em São Paulo – que talvez você já tenha tido a oportunidade de ver em alguma reportagem – é repleta delas. Grandes, pequenas, curvas, irregulares, não importa! Eu sempre vivi cercado de livros – e acomodá-los sempre foi uma diversão. Mas, entre tantas disposições que criei, existem dois espaços favoritos. Um deles é bem organizado – quase que para compensar os espaços irregulares onde os livros (e eventualmente outros objetos) se acomodam. Mas o outro é um verdadeiro caos! Aliás, como toda boa estante deve ser…
E é esta imagem acima que eu escolhi para mostrar aqui hoje. Nessa estante – feita com cubos e paralelepípedos soltos, de dimensões variadas e arranjados aleatoriamente -, eu sempre falo para meus amigos que coloco um pouco da minha história pessoal. Se você olhar com cuidado, vai encontrar não só livros, mas também CDs, objetos trazidos de viagens pelo mundo, fotos, revistas, bandeiras, diários, papéis soltos – e até chapéus!
É o canto favorito da minha casa – de onde, aliás, escrevo sempre o blog, quando estou em São Paulo. Por isso, é um prazer enorme dividi-lo com você. E convidá-lo, convidá-la, a fazer o mesmo. Quem sabe assim a gente se conheça melhor!
(Em tempo, enquanto dia 12 de junho não chegam ainda estou esperando sua sugestão das mais belas canções de amor – já temos um bom punhado delas – mas nunca é demais…).
O refrão nosso de cada dia:
“Nacera”, Souad Massi – eu não entendo uma palavra do refrão que apresento hoje para você – já que a música é cantada em árabe (que eu não exatamente domino…). Mas eu afirmo com certeza de que ele é um dos mais bonitos que eu conheço. Na verdade, descobri-o recentemente, quando comprei, numa viagem, o novo disco dessa cantora algeriana, de quem sou fã há alguns anos. O som de Massi é impossível de ser definido num só gênero – mas se você insistir eu vou dizer apenas que é pura poesia musical. Que “Nacera” seja sua porta de entrada para descobrir uma artista maravilhosa!

Como Roubar Um Milhão de Dólares










Na década de 60, em Paris, Nicole Bonnet é uma herdeira que, para manter o pai, Charles, fora da prisão, acaba fazendo uma parceria com Simon, um ladrão de obras de arte, para roubarem uma estátua falsificada (herança de família) que o pai de Nicole colocou em exposição em um museu. Acontece que Charles, o pai de Nicole, é falsificador de quadros, e apesar dela desaprovar firmemente, o velhinho não está nem aí. Ele empresta pro museu a falsificação de uma estátua de Fellini feita pelo pai dele (it runs in the family, apparently), e durante a noite de estréia da exposição, Nicole fica em casa para simbolizar seu protesto.Ela ouve barulhos na casa, e encontra um ladrão tentando roubar um dos quadros da sala. Ela pega uma arma de enfeite na parede e mira no ladrão, para ligar pra polícia e só então repara em duas coisas: o quadro é um Picasso que o pai dela terminara de falsificar naquela mesma tarde. E o ladrão é um jovem alto de olhos azuis, extremamente charmoso. Aí é claro que ela se deixa ser enrolada pelo indivíduo e acaba permitindo que ele fuja (na verdade ela o leva até o hotel em que ele está hospedado - o Ritz) primeiro porque se ela chamar a polícia eles podem descobrir que o quadro é falsificado, e segundo porque, bom, é o Peter O'Toole.Só que aí ela descobre que o pai dela assinou sem ler um documento que permite que a estátua seja examinada por um perito - o que com certeza fará com que descubram a verdade e examinem todos os quadros dele. Receosa de que o pai vá para a prisão, Nicole apela para o único homem desonesto que ela conhece: Simon, o ladrão gatchenho. Daí pra frente começa a confusão, com direito a bumerangues, milionários impulsivos (e compulsivos) e, é claro, as famosas 'human reactions'.Fora o charme e a química impressionante de Audrey Hepburn e Peter O'Toole, o filme é daqueles inteiros divertidos nos diálogos, com roteiro impecável e de uma despretensão extremamente aconchegante.Não sei mais o que falar, a não ser que é um dos meus filmes favoritos no mundo inteiro.


domingo, 29 de maio de 2011

Inesquecível

As tardes de domingo sempre me fazem voltar ao passado. Lembro-me com carinho de filmes, livros pessoas e canções que passaram por minha vida, deixando sempre suas marcas profundas. Ao vasculhar a net encontrei por acaso uma bela canção dos anos 70, que eu só conheci nos anos 80. Trata-se da música Noi Due Per Sempre; cantada por wess e pela cantora italiana Dori Ghezzi. Para mim, essa é uma das mais mais lindas canções italianas que conheço! Lembro da minha infância no início dos anos 80.Fiquei muito feliz quando descobri que uma das mais bonitas vozes masculinas italianas,vem de um negro(provavelmente estrangeiro)!!! Que viagem gostosa através do tempo, como é bom sentir o poder da música em nossas almas. Essa música interpretada magistralmente por Wess e Dori, ficou em 3° lugar no Festival Eurovisão da Canção, realizado em março de 1975 em Estocolmo na Suécia.


A marcante de Nana Caymmi - Não se Esqueça de Mim

Colar...


Colecionava amizades


pendura corrente de sorrisos estáticos


no pescoço


Ostentava tantos e tantos


sorrisos-dentaduras


Polia-os à noite com gotas de lágrimas


retidas


Um dia o colar mordeu-lhe a jugular


Jorrou-lhe rios de ausências.





*Miriam Alves

A Foto do Domingo

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Geração Roubada



Filme simplesmente fantástico. Recheado de sensibilidade, sentimento e aventura. Vocês vão adorar as crianças que dão um show, as lindas paisagens da austrália e ainda se emocionar com o final... Corra para assistir, é uma verdadeira lição de coragem e superação o que esse filme ensina. Além de ser uma reflexão sobre o mal que o racismo provoca na vida das pessoas. Molly Craig (Everlyn Sampi) é uma jovem negra australiana de 14 anos que, em 1931, ao lado de sua irmã Daisy (Tianna Sansbury), de 10 anos, e sua prima Gracie (Laura Monaghan), de 8 anos, foge de um campo do governo britânico da Austrália, criado para treinar mulheres aborígines para serem empregadas domésticas. Molly guia as meninas por quase três mil quilômetros através do interior do país, em busca da cerca que o divide e que a permitiria voltar para sua aldeia de origem, de onde foram tiradas dos braços de suas mães. Na jornada elas são perseguidas pelos homens do terrível governador A. O. Neville (Kenneth Branagh), o qual não admite que as meninas não estejam de acordo com o ditado pela sabedoria branca e cristã.

A genialidade musical de Ennio Morricone - Chi Mai

Você já foi à Bahia? Muito divertido

terça-feira, 24 de maio de 2011

Esses são os caras...

Uma interpretação maravilhosa da música Alegria alegria de Caetano Veloso na voz do próprio Caetano com o rei Roberto carlos. Com essa eu vou dormir. Até.



Essa é para dançar juntinho

Não há coisa melhor na vida do que ouvir uma linda canção juntinho da pessoa que mais amamos, num dia de frio, com os corpos juntos embalados pelo rítimo da música. Como sugestão, trago para vocês a belíssima The way you look tonight, na voz do talentoso Michael Bublé. até.


Não Conte a Ninguém - Um excelente romance policial



Não Conte a Ninguém, foi o livro mais aclamado de 2001, indicado para diversos prêmios, entre eles Edgar, Anthony, Macavity, Nero e Barry. Em 2006 foi adaptado para o cinema numa produção francesa vencedora de quatro cesars (o Oscar francês), inclusive de melhor ator e diretor.

O livro conta a história do Dr. David Beck, que há oito anos vive arrasado devido ao cruel assassinato de sua esposa por um serial Killer, ainda nos primeiros dias de matrimonio. Depois de tantos anos o caso volta à tona quando a polícia descobre dois corpos enterrados perto do local do crime, junto com o taco de beisebol usado para golpear David. Ao mesmo tempo, o médico recebe um misterioso email, que, aparentemente, só pode ter sido enviado por sua esposa. Esses novos fatos fazem ressurgir inúmeras perguntas sem resposta: Como David conseguiu sair do lago? Elisabeth está viva? E, se estiver, de quem será o corpo enterrado oito anos antes? Por que ela demorou tanto para entrar em contato com o marido? Na mira do FBI como principal suspeito da morte da esposa e caçado por um perigosíssimo assassino de aluguel, David beck contará apenas com o apoio de sua melhor amiga, a modelo Shauna, da célebre advogada Herster Crimstein e de um traficante de drogas para descobris toda a verdade e provar sua inocência. Um livro poderosíssimo que vale a pena ser lido.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Anos Rebeldes

Como última postagem de hoje, trago um clipe da grande minissérie brasileira "Anos Rebeldes". Belíssima produção da Globo, que teve como cenário o Rio de Janeiro da década de 60, com sua juventude ativa e muito interessada em mudar o mundo. Jovens idealista que querem lutar a favor da liberdade e contra as injustiças impostas pela ditadura militar. Opressões, torturas, censura e muita luta para tentar mudar o que estava acontecendo. No meio de toda essa loucura surge um amor quase que impossível de uma jovem sonhadora e individualista por um idealista e militante. Foram muitas idas e vindas; muitos anos de tristezas e mágoas e no final... Assistam. Fiquem por enquanto com este belo clipe e com a bela canção de Caetano Veloso. Até amanhã!


Pétala, Gal Costa

Brincar de Viver

Alegria alegria...

A Musicalidade de Françoise Hardy

domingo, 15 de maio de 2011

A Foto do Domingo



Novo romance de Vargas Llosa lançado em maio



Sucesso de vendas e de crítica na Espanha, onde foi lançado no ano passado, o romance "O sonho do celta", de Mario Vargas Llosa, chega às livrarias brasileiras em maio, pela Alfaguara.
Neste novo livro, o primeiro depois de vencer o prêmio Nobel, Vargas Llosa volta à forma do romance histórico para narrar a saga de Roger Casement, um personagem complexo, muitas vezes controverso. Irlandês a serviço do Império Britânico, Casement conheceu a violência da colonização na África e na América do Sul no começo do século XX. Ao denunciar os abusos e os maus-tratos contra colonos, passou a valorizar a liberdade acima de tudo. E, em nome da liberdade, voltou-se contra seu próprio governo.
Em 1916, encarcerado em um presídio de segurança máxima em Londres, Roger é acusado pelo governo inglês de alta traição e aguarda sua sentença. Apenas cinco anos antes, havia sido nomeado Cavalheiro. Agora, abandonado por quase todos os amigos, difamado pela opinião pública, corre o risco de ser executado.
Vargas Llosa recria a jornada de Casement - das atrocidades no Congo Belga, passando pela exploração da borracha na Amazônia, até a luta pela independência da Irlanda - num livro que fala essencialmente sobre coragem e superação.
Para o autor, este é também um livro que fala sobre como "certas circunstâncias desumanizam os homens até transformá-los em monstros": "No Peru ocorreu o mesmo que aconteceu no Congo, com o sistema de extração de borracha. Cometiam-se as maiores atrocidades sob a mais absoluta impunidade. É como uma espécie de imersão no mal. Casement viu tudo isso de perto, mas conseguiu manter distância e se proteger da loucura escrevendo e documentando o que via", analisa o escritor em entrevista ao jornal El País.

sábado, 14 de maio de 2011

Saudade...







quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Cinema Iraniano e o Islã

















Por Kelen Pessuto*



Apesar do cinema ser uma forma de expressão tão controlada pelas leis que governam a República Islâmica do Irã, ele é um meio de nos fazer refletir sobre o Islam e o modo de vida dos muçulmanos. Mesmo levando em conta que cada filme tem por trás o olhar do diretor que o realiza, não podendo ser um documento fiel da realidade, mas pelo menos, é uma forma de entrarmos em contato com esta sociedade tão diferente da nossa. Que nos fascina, ao mesmo tempo que assusta. O Irã é um país Islâmico, de maioria xiita, que são em torno e 93%. A palavra árabe Islam significa "submissão". É derivada de uma palavra que significa paz. No contexto religioso, significa total submissão à palavra de Deus. Na sociedade Muçulmana, a religião é um código de vida geral que rege todos os campos: o político, o cultural, o financeiro e o social. Todos os princípios da religião Muçulmana são os mesmos, o que existe são interpretações diferentes, que originam ramificações, como os xiitas, sunitas, wahabita. Elas surgiram depois da morte do profeta Muhamad.
Segundo os muçulmanos, o Alcorão são palavras que Deus - Allah - revelou ao profeta Muhamad , por intermédio do anjo Gabriel. Por quatorze séculos, nenhuma palavra do Alcorão foi mudada. Para os muçulmanos não há separação entre Estado e a Religião, todo o código de vida está baseado no Alcorão. Ele trata de "todos os assuntos relacionados com os seres humanos: Sabedoria, doutrina, rituais e lei. Mas o seu tema básico é o relacionamento entre Deus e suas criaturas." A história do Irã é marcada por disputas que acontecem desde a Antigüidade. Mesmo quando ainda era a Pérsia, que foi habitada por povos arianos (medos e persas) desde o século IX a.C.. Em 539 a.C., Ciro, líder dos Persas, tornou-se rei dos dois povos, iniciando a Dinastia Arquemênida (de Arquêmenides, antepassado de Ciro), que estendeu seus domínios por uma vasta região do Oriente Médio, formando o maior império da Antigüidade Oriental, abrangendo áreas Indo ao Mediterrâneo e do Caúcaso ao Índico. Outras conquistas como o Egito e a Líbia ocorrem durante o reinado de Cambises II, que sucedeu a Ciro em 529 a.C. O Império Persachegou ao fim em 331 a.C. Os árabes axemita (dinastia da família de Maomé), conquistaram o Irã em meados do século VII, quando o califa Omar transformou o Estado nacional árabe num império teocrático mundial. No início do século XVI, Ismail (xeque safavida)proclamou-se rei e em 1510, conseguiu conquistar todo o Irã e transformou o xiismo em religião do estado.O Irã viveu sob o regime de Império teocrático até março de 1979, quando um plebiscito aprovou com 98% dos votos, a implantação da República Islâmica do Irã, e a autoridade suprema se torna Aiatolá Khomeini, que ganha o título de Aiatolá por conta de sua luta contra o xá Muhammed Reza Pahlevi em 1963. Aiatolá é o título que se dá ao penúltimo estágio na hierarquia xiita, é o líder máximo espiritual. O título deixa muitos aiatolás descontentes, pois cultuam-se apenas os doze imãs, descendentes diretos do profeta Maomé. Este período pós-revolução, onde acaba-se o Império, várias facções disputam o poder. De um lado os Aiatolás, que estavam contestes com o regime teocrático e do outro, as forças civis, que lutam por um Estado não religioso. Aiatolá Khomeini morre em 1989, após ter enfrentado fases turbulentas em seus últimos anos frente à República, como a crise com os EUA e a guerra contra o Iraque. Depois disso o Irã foi presidido por Aiatolá Sayyed Ali Khamenei e posteriormente, por Ali Akbar Hachmi Rafsandjani, ambos conservadores. Até que nas eleições de 1997, por seu discurso moderado, Sayyed Mohammad Khatami ganha a eleição à presidência. Apesar de se filho de um famoso aiatolá e usar o turbante preto daqueles que acreditam ser descendentes diretos do profeta Maomé, Khatami sempre representou politicamente uma linha mais progressista, mostrando que é perfeitamente possível conciliar os preceitos humanistas do Islamismo com uma sociedade mais livre. Alguns avanços nesse sentido já ocorriam desde 1992, quando Khatami, então Ministro da Cultura, reduziu a censura literária e criou a Fundação Farabi de Cinema. Ele é considerado o grande impulsionador do cinema iraniano.Há quatro anos, com o apoio dele, a classe cinematográfica conseguiu aprovar a lei que baixou os impostos sobre os filmes de 15% para 0,5%, permitindo um maior retorno para investimentos nas produções.Mesmo assim, a censura é rígida no Irã. Há quatro estágios no controle dos projetos de filmes iranianos. Primeiro, o roteiro deve ser aprovado por um conselho, devendo estar de acordo com os preceitos morais islâmicos; segundo, a lista dos técnicos e dos atores deve ser aprovada. Estes últimos, na maioria das vezes, são parentes dos próprios diretores, ou pessoas que viveram realmente a situação que originou a idéia do roteiro. Terceiro, o filme já pronto é mandado ao Conselho de Censura do Governo, o qual aprova, exige mudanças para liberação ou proíbe totalmente. Se aprovado, o quarto estágio é os produtores receberem permissão de exibição, com a avaliação de A, B ou C, que determina o acesso à mídia, com a definição se pode ou não ser comercializado para a tv.Apesar de no Irã existirem salas de exibição e o ingresso ser considerado bastante acessível, um amigo meu que é de Teerã, disse que as pessoas não vão muito ao cinema. A maioria delas, prefere esperar que o filme passe na tv.Os festivais internacionais de cinema são uma ótima oportunidade para os cineastas iranianos mostrarem seu trabalho e alguns plena indignação diante da repressão vivida pelo povo muçulmano. O filme "O Círculo", de Jafar Panahi, continua censurado em seu país, mesmo tendo participado de diversos festivais e ganho o Leão de Ouro em Veneza. Por tratar da temática feminina. O cinema é um espelho da sociedade que o produziu, pois nenhuma produção está livre dos condicionamentos sociais de sua época. Mas a forma como o filme reflete a sociedade não é direta, pois ele é produto de uma coletividade que nunca esconde sua subjetividade. No regime repressivo da República Islâmica do Irã, o artista é obrigado a expressar o conteúdo de sua arte através de deslocamento de discursos. Mesmo assim, nestas obras, é possível dissecar significados ocultos, buscando elementos da realidade através da ficção. Os filmes podem espelhar gesto, vestuário, língua, vocabulário, arquitetura e costumes da sua época e lugar, tanto quanto a mentalidade de sua sociedade e sua ideologia. No filme A Caminho de Kandahar, Mohsen Makhmalbaf mostra sua visão sobre a condição da mulher muçulmana e sobre a situação do Afeganistão, que vive sobre o regime fundamentalistas sunitas Islâmico. Em 1998, Makhmalbaf recebeu uma carta de uma jornalista afegã, residente no Canadá, Niloufar Pazira, que viveu no Afeganistão até completar 16 anos de idade. Nesta carta, a mulher manifestara sua preocupação diante da amiga de infância que continuara no país. Segundo o jornalista Alessandro Giannini, sua amiga "escreveu que se sentia feliz por tudo o que havia feito, mas não via sentido em continuar viva, já que não podia sair na rua livremente. Ao fim de tudo, dizia-se feliz pela amiga, que tinha uma vida inteira pela frente e deveria vivê-la pelas duas." Após receber esta carta, Niloufar, tentou ir à sua procura, mas não conseguiu entrar no país. Mesmo não conseguindo ajudar a jornalista, Makhmalbaf se apropriou de sua história e a transformou em filme.No filme, Niloufar faz o papel de Nafas (que significa respirar em farsi), jornalista que vai em busca de sua irmã que continua morando no Afeganistão e que se suicidaria no dia do último eclipse do século.Nafas, a personagem, consegue uma carona no avião da ONU até perto da fronteira. Ela consegue carona com uma família, mas o carro é roubado, forçando-a a seguir viagem sozinha. No seu longo percurso, ela cruza com grupos de pessoas, que estão levando sua vida rotineira, e que ela acaba mantendo um contato, a fim de conseguir chegar em Kandahar.O primeiro grupo é o dos estudantes, que estão aprendendo a recitar o Alcorão , para talvez se tornarem mulás um dia. Um garoto, Khor, é expulso, por não saber recitar e tenta ajudá-la em troca de dinheiro. Mas devido a água de poço, Nafas adoece e procura a ajuda de um médico. Nesta cena, as mulheres são examinadas pelo médico através de um buraco num pano. Ora elas mostram a boca, ora os olhos. E há a necessidade de um intermediário, pois um não pode falar diretamente ao outro. O médico, que também fala inglês, desrespeita a conduta imposta e a aconselha a livrar-se do guia, o garoto Khor. Assim ela o faz. O Taleban que assumiu o poder do Afeganistão, aboliu inclusive o corte de barba, e o personagem do médico, é um americano, que desiludido com a vida, vai ao Afeganistão assistir as pessoas que necessitam de ajuda. Mesmo sendo muçulmano, ele usa uma barba postiça, para poder continuar vivendo no país de acordo com as leis do Alcorão, interpretadas segundo mulá Omar, que dirige o Afeganistão. Makhmalbaf mostra um país devastado pelos conflitos entre facções religiosa e conflitos externos, onde as pessoas morrem de fome, frio , diarréia causada pelos vermes na água, ou pelas minas, que são milhares espalhadas pelo chão, algumas dentro de bonecas. Numa cena do filme, o professor fala para as estudantes meninas ficarem em suas casas, por precaução por causa das minas, e pra elas não se sentirem tão mal, imaginarem ser formigas, assim, achariam a casa maior.Enquanto as mulheres ficam em casa, os garotos aprendem a mexer nas armas, para lutar pela jihad ( que significa esforço sobre si mesmo ), também significa guerra santa em reposta a uma agressão externa. Segundo o livro Compreenda o Islam e os Muçulmanos, o Islam permite a luta em defesa própria, em defesa da religião, ou para defesa daqueles que foram expulsos à força, de seus lares. Ele impõe estritas regras de combate que incluem proibições quanto a causar danos aos civis, o destruir plantações, árvores e gado. Os Muçulmanos acham que a injustiças triunfará no mundo se boas pessoas não forem preparadas para arriscar suas vidas pela causa justa. O Alcorão diz: "Combatei pela causa de Deus àqueles que vos combatem; porém, não os provoqueis, porque Deus não estima os agressores."(2°Surata, versículo 190)Em outro trecho, "Se eles se inclinarem à paz, inclina-te também a ela e encomenda-te a Deus, porque Ele é o Oniouvinte, o Sapientíssimo."(8°Surata, versículo 61). A guerra, portanto, é o último recurso, está sujeita às rigorosas condições decretadas pela lei do Alcorão. Em um dos diálogos do filme, o médico diz que sempre é preciso uma razão pra viver. No caso dele, esta razão é a esperança. No caso das mulheres com a burca, é de um dia, poderem ser vistas.O personagem levanta uma questão delicada, que é a base do filme. A problemática da mulher Muçulmana é muito polêmica e causa controvérsias. Enquanto uns acham que elas vivem sob tamanha repressão, outros justificam falando que as mulheres tem vários direitos, como no caso do Sheik Ali Abdune, numa entrevista que ele deu à revista Caros Amigos: "O Islã restringe algumas questões pelo benefício da mulher. A vestimenta, seja num calor de 40 graus ou de 50, isso é uma opção dela. Elas usam por convicção mesmo. E por que essa vestimenta? Em respeito. O Islã acha que a mulher é um ser que deve ser respeitado, não pode ser assediado nem pelos olhos, nem pelas palavras, nem pelos movimentos. Temos um grande respeito pela mulher e esse respeito é que leva o Islã a preservar a mulher dessa maneira. Dentro da sua casa, ela tem toda a liberdade com seus íntimos de se pintar, de andar decotada, de short, de camiseta, sem roupas, o que ela quiser." Mas se uma mulher não usa, ela pode apanhar e até ir presa. Numa época em que se questionou a não obrigatoriedade do chador no Irã, as mulheres foram às ruas reclamar pelo seu uso obrigatório. O Alcorão fala que a mulher deve cobrir a cabeça. Mas no Afeganistão, o que vimos no filme é o uso da burca, que cobre o rosto inteiro da mulher, permitindo que ela só enxergue através dos furos que ficam na frente do rosto e as atrapalha até para respirar. Por isso a referência do nome Nafas para a personagem. E elas são referidas como cabeças-negras, ao invés de mulher. Um personagem fala ao outro no filme: "Olha uma cabeça-negra chegando."Uma coisa que na nossa cultura ocidental é proibido e nos países Islâmicos é permitido e está no Alcorão, é a poligamia. A maioria dos personagens do filme possuem mais do que duas mulheres. Nafas, em sua primeira carona, tem que passar por quarta esposa do homem que guia o caro, para poder seguir viagem, com ele, suas outras três mulheres e seus filhos. ao mesmo tempo que isto acontece, "Dentro do lar, ela não é obrigada a cozinhar para o marido, a lavar, a passar roupa. Os direitos dela estão no Alcorão e na doutrina do profeta Muhamad. Se ela for para qualquer sheik e falar "olha, meu marido me obriga a fazer isso e eu quero os meus direitos completos aqui na minha frente", ele os coloca e ela tem todo o direito. E o homem tem a obrigação de cumpri-los ou trazer alguém que os cumpra. Agora, se ela faz isso por espontânea vontade, por amor ao marido, isso o Islã não impede."Mesmo não sendo uma cópia fiel da realidade, o filme nos faz pensar em todas as questões que levanta, nos permite chegar mais perto do que é ou pode ser o Islam, levado a fundo pelos fundamentalistas Afegãos e da situação da mulher, que vive debaixo da burca, em pleno deserto e não pode sair de casa para evitar pisar numa mina. O que levou Makhmalbaf a fazer este filme foi sua indignação perante um regime distorcido. Não sou ninguém para julgar se o Islam é bom ou ruim, e o caso do Afeganistão é ainda mais delicado. Apenas procuro entender um pouco mais sobre os muçulmanos e o Oriente Médio através, principalmente, dos filmes iranianos, que mesmo contendo a subjetividade de toda uma equipe que o realiza, reflete pelo menos um pouco da sociedade muçulmana, mesmo através do uso de metáforas.

Bibliografia:
ABDUNE, Sheik Ali. As Leis do Islã. Revista Caros Amigos. Ano V, nº56, nov.2001.GIANNINI, Alessandro. Sob o céu do Afeganistão. Site: www.no.com.br HAYEK, Samir El. Compreenda o Islam e os Muçulmanos. Ed. Junta de Assistência Social Islâmica Brasileira. São Bernardo do Campo, São Paulo.YALE, Pat. Iran. Lonely Planet Publications, Australia, july 2001.

*Kelen Pessuto é estudante de cinema da FAAP e pesquisadora do Site Porto Alegre 2002.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Liberdade...



Não ficarei tão só no campo da arte,e, ânimo firme, sobranceiro e forte,tudo farei por ti para exaltar-te,serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te dominadora, em férvido transporte,direi que és bela e pura em toda parte,por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,que não exista força humana alguma que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,possa feliz, indiferente à dor,morrer sorrindo a murmurar teu nome”




domingo, 8 de maio de 2011

Uma Homenagem...

Neste dia quero prestar homenagem a todas as mães do mundo, mas a algumas, esta homenagem é mais que especial. Àquelas que, perderam os seus filhos nos caminhos desta vida. Sei que hoje, para muitas mães é dia de tristeza e de saudade. Espero que esta homengem possa confortar a todas essas mães. Para assistir é só clicar no link abaixo. Amo todas vocês! http://youtu.be/BVs3gnwbvBc

A Foto do Domingo



terça-feira, 3 de maio de 2011

CARTA ABERTA À COMUNIDADE

Em virtude de alguns acontecimentos desagradáveis que ocorreram na UNIJORGE na semana passada quando uma aluna do curso de história acusou irresponsavelmente o colega de classe de racismo e agressão física. valeu-se de sua participação no movimento negro da Bahia para espalhar falso testemunho. Foi à imprensa contar a sua versão sem pensar nas consequencias das mentiras veiculadas. Este espaço, dará ao aluno Lucas Pimenta o direito de se defender através de uma carta aberta a comunidade.


Estou utilizando esta mensagem para tentar restabelecer a verdade dos fatos em relação às acusações que me foram feitas. Acusações infundadas e que estão afetando a minha vida e a vida de minha família.

Trabalhei no SIMPÓSIO DE HISTÓRIA promovido pela Coordenação do Curso no CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO, pois acredito que eventos como estes permitem a mim e a meus colegas crescimento e aperfeiçoamento. Não me envolvi em nenhum dos aspectos políticos do evento, mas para eles fui arrastado em função do incidente ocorrido na instituição.

No segundo dia do Simpósio, recebemos a orientação da coordenação de que quem chegasse atrasado deveria assinar a lista de presença após o fim da palestra, para que não houvesse interrupção da apresentação do palestrante. Apesar desta orientação, a aluna do 5º semestre de história, mesmo tendo chegado atrasada exigiu assinar a lista de presença, gritando o meu nome dentro do auditório.

Retirei-me do auditório para que a confusão não interrompesse a palestra e um tempo depois a mesma aluna se dirigiu a mim com o dedo em riste na minha cara me chamando de "vagabundo, moleque de recado da coordenadora do curso". Retruquei aos impropérios dizendo que ela estava sendo mal educada e ela elevou o tom de voz aproximando ainda mais o dedo de minha cara. Recuei, em atitude defensiva, afastando o dedo dela de meu nariz e pedindo que ela falasse baixo, quando a mesma, após este ato, começou a gritar descontroladamente, tentando-se fazer-se de vítima na lamentável situação que causara, dizendo que lhe desferir um tapa no rosto, sendo que o único contato físico foi ao afastar o dedo em riste, não passando sequer perto do rosto, passando longe do rosto dela, e ao me retirar ele desferiu em minhas costas uma série de tapas e disse que me acionaria pela lei Maria da Penha.

Acreditei que aquele infeliz evento seria resolvido dentro da universidade, através das normas estabelecidas pela instituição, mas a partir do dia seguinte fui surpreendido com diversas ameaças e mensagens discriminatórias, dirigidas a mim pelo meu perfil no Facebook - ameaças sérias e que me levaram a temer retornar a minhas atividades acadêmicas, a ir para escola onde estou estagiando e sair nas ruas. Em seguida, descobri que a aluna havia publicado em alguns blogs uma carta aberta me citando como agressor, racista e sexista, representante de uma elite branca masculina.

Além de me acusar de uma agressão que nunca ocorreu, como as testemunhas presentes poderão comprovar, atribuiu a mim palavras que eu não disse e deu a estas palavras a interpretação que lhe pareceu mais conveniente. A aluna também foi a um programa de TV de grande audiência, o “Hoje em Dia”, da TV Itapoan, repetir as afirmações a meu respeito, fazendo o dano já causado a mim, atingir também minha família.

Estou sendo julgado publicamente a partir apenas da acusação desta aluna, sem qualquer direito de defesa por não dispor dos contatos e recursos que ela possui em função de sua posição no CENTRO ACADÊMICO (C.A) e atividade profissional. Entendo a importância do C.A como interlocutor legítimo dos estudantes e também entendo que em função disto o C.A possa divergir da coordenação do curso, mas não entendo, e nem posso aceitar, que meu nome e o nome de minha família sejam utilizados como instrumento político no embate entre o C.A e a coordenação do curso.

A estudante afirma que eu pertenço a uma elite branca e masculina a partir exclusivamente da cor de minha pele e do fato de eu ser homem. A mesma não me conhece, não faz a mínima idéia de que não sou rico (fato facilmente constatável), e, portanto não sou pertencente à citada "elite"; e parece não ter notado que o grupo de brancos ao qual ela se refere, tem em sua maioria negros.

Fui criado pelos meus pais com base nos mais estritos princípios de respeito ao próximo. Participo de projetos de promoção cultural em diversas comunidades de Salvador, atuo junto a jovens em situação de risco e nunca agredi qualquer mulher ou homem. Mas desconhecendo tudo isto, a aluna me acusa de racismo e sexismo sem ponderar o impacto que estas inverdades terão sobre minha vida e a vida da minha família.

Vou trabalhar dentro de todas as possibilidades legais até que a verdade dos fatos seja restabelecida. Faço isso não apenas por mim e por minha família, mas também por acreditar que um membro de C.A legalmente eleito não deveria utilizar em seu embate com a coordenação uma estratégia como a que está em curso.

Não venho através desta carta aberta mostrar "a minha versão da história", mas tentar esclarecer, que está em andamento um processo que pertence ao caso da política estudantil, onde meu nome está sendo utilizado sem qualquer ponderação sobre as consequências que as falsas acusações que me são feitas podem ter sobre minha vida e nem sobre os prejuízos que elas poderão trazer pra as minhas atividades presentes e futuras. Espero que as pessoas que me tem feito ameaças possam refletir um pouco melhor e antes de me condenarem, ou tentarem executar algum tipo de punição, acompanhem o restabelecimento da verdade dos fatos.

Mesmo temendo as ameaças que me foram feitas, retornarei a minhas atividades acadêmicas, pois pago a faculdade com bastante dificuldade. Portanto, venho através desta carta aberta afirmar que não sou agressor, sexista, racista e que não pertenço a qualquer elite nem grupos a qual me tenham acusado de pertencer. Espero poder continuar estudando e concluir minha graduação até que toda esta confusão tenha sido finalmente esclarecida.

Respeito, valorizo e me solidarizo com os movimentos negros e de mulheres. Mas estes estão sendo induzidos a erro por esta estudante, a qual de forma leviana vale-se da sua posição com a finalidade de prejudicar pessoa que nunca agiu, sequer por um momento, contra seus ideais e valores, os quais devem ser os ideais e valores de toda a sociedade brasileira. Atos como estes desonram e aviltam a memória e a luta dos heróis e mártires que a custa de tanto sofrimento cravaram em nossa Constituição os ideais de construção de uma sociedade livre, justa e solidária, pautada na dignidade humana e com vistas à promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Assinado Lucas Pimenta, estudante de história de pele branca, mas com sangue, carne e ossos da mesma cor do sangue, carne e ossos de todos os meus colegas do curso de história e de todos os cidadãos brasileiros, independente de cor, raça ou credo.

domingo, 1 de maio de 2011

A Foto do Domingo