quarta-feira, 31 de julho de 2013

Nota de Rodapé. A história de uma competição acadêmica alucinada, uma dicotomia entre o arrebatamento e a cobiça por uma pessoa e a intricada relação entre pai e filho...


Hoje no final da tarde assisti no Canal Max ao filme Nota de Rodapé, película israelense dirigida por Joseph Cedar. O longa-metragem narra a história de Eliezer e Uriel, pai e filho, excelentes professores que dedicaram a vida ao estudo do Talmude, o livro considerado sagrado para os judeus. O pai Eliezer tem uma forte rejeição ao mundo acadêmico pelo fato de jamais ter sido reconhecido pelo trabalho que realizou ao longo dos anos. Já o filho Uriel é uma estrela em ascensão, sendo que cada dia que passa é mais aclamado e até mesmo bajulado por seus pares, o que por sinal ele adora. Um dia, a situação muda de figura. Quando Eliezer sabe que vai receber o Prêmio Israel, uma grande honraria da vida acadêmica no país, sua vaidade e a necessidade desesperada de reconhecimento ficam expostas. Seu filho, Uriel, fica muito contente porque seu pai, finalmente, será reconhecido, mas, por uma irônica reviravolta, é obrigado a escolher entre a sua carreira e o apoio a seu pai. Será que ele vai sabotar a glória do seu pai? Simplesmente sensacional. Confira o trailer.

terça-feira, 30 de julho de 2013

A Espuma dos Dias. Assim como as milhares de interpretações que o filme pode trazer, também são milhares os motivos para amá-lo ou detestá-lo. Eu fico com as milhares para adorá-lo e colocá-lo em minha lista de melhores filmes.



Hoje à tarde assisti no cinema do Museu ao belo filme A Espuma dos Dias. A história é bucólica: Colin (Romain Duris) é um homem abastado e despreocupado, que nunca precisou trabalhar. Introvertido, ele nunca teve muito sucesso com as mulheres, até ser apresentado a Chloé (Audrey Tautou) durante uma festa. Apesar de um primeiro encontro catastrófico, os dois se apaixonam e se casam. O casal está sempre cercado pelos amigos Nicolas (Omar Sy), um cozinheiro inteligente, o Chick (Gad Elmaleh), um intelectual pobre e fascinado pelo filósofo Jean Sol-Partre (escreve-se desse jeito mesmo), e a extrovertida Alise (Aïssa Maïga). Tudo caminha bem, até o dia em que Chloé é diagnosticada com uma doença rara: ela tem uma flor de lótus crescendo dentro do seu pulmão. O caríssimo tratamento exige o uso de diversos medicamentos e a aplicação de centenas de flores, levando Colin à falência, e a amizade do grupo à crise. Creio que o diretor bebeu um pouco da inesgotável fonte surrealista de Buñuel e Salvador Dali. Uma outra curiosidade sobre o filme e sua origem é que até ontem eu nunca tinha ouvido falar em Boris Vian. Antes de ler o nome dele nos créditos de A Espuma dos Dias (L’Écume des Jours, 2013), aliás, achava que o longa partia de uma ideia totalmente original. Depois de pesquisar um pouco, vi que Boris foi um dos nomes mais marcantes da cultura contemporânea francesa. O curioso nisso tudo é que depois que assisti ao filme, mesmo já sabendo que ele era baseado no livro de Vian, continuei pensando que se tratava de algo totalmente autoral. Porque aquilo tudo que eu acabara de ver era Michel Gondry em seu estado mais puro. E quando digo aquilo tudo, meus amigos, estou falando de uma beleza plástica espantosa, de linhas escritas com carinho, e de imagens cheias de fantasia e excessos. Para criar um mundo arrebatador que parece uma versão do futuro imaginada por alguém dos anos 40, Gondry conta com instrumentos que vão desde móveis especificamente projetados a animações em stop-motion. Toda uma fábula visual combinada com uma câmera que não para e personagens extravagantes (há um ratinho que interage com os protagonistas, um cozinheiro que também é mentor e advogado e um chefe de cozinha que vive dentro da TV/geladeira). Confira o trailer.


O Fundador- a Fascinante História do Primeiro Governador do Brasil...


A indicação literária de hoje é o romance histórico do escritor baiano Aydano Roriz intitulado O Fundador.  Li esta maravilha já faz alguns anos; indicação do apresentador Mário Kertész em um dos seus programas diários e inclusive neste dia ele entrevistou o autor. Nesta obra Roriz narra de forma leve e romanceada As venturas e desventuras de Tomé de Sousa, Caramuru e Garcia d'Ávila para fundar, na Bahia, a primeira capital do Brasil. Os originais do livro foram finalizados em 1999, e renderam várias edições no Brasil e em Portugal. Após 12 anos e muita pesquisa de campo, uma nova edição totalmente revisada, ou até reescrita, é lançada para contar com ainda mais precisão esta fascinante história, que, apesar de sua extrema importância, ainda é pouco conhecida pela maioria das pessoas.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Maigret Hesita. A beleza de Paris na primavera contrastada pela história de um amor infeliz...


Já faz algum tempo que não indico nenhum trabalho do gênio Simenon, principalmente as obras protagonizadas pelo magistral Jules Maigret. Mas hoje o nosso bom comissário parisiense chega em grande estilo protagonizando mais uma de suas grandes histórias; trata-se do livro Maigret Hesita. Nesta obra, Maigret começa recebendo uma carta anônima lhe avisando que um crime será cometido. Quando ele investiga a família do advogado Parendon, nada parece estar fora de ordem, exceto pelo fato de o casal não se dar muito bem. Três dias depois, Maigret se repreende por não ter sido capaz de prevenir um assassinato. É claro que eu não contarei o final para vocês, só direi que uma das coisas que mais me fascinou nesta obra é o fato de evocar Paris durante a primavera, talvez uma das estações em que a cidade fica ainda mais bela, mais encantadora e as pessoas sejam mais felizes além de descrever a história de um amor infeliz. Fica a dica.

La Mujer de Benjamin... E viva a América Latina...


 
Ontem no final da noite assisti na TVE ao belo filme mexicano La Mujer de Benjamin. Tenho uma paixão especial pelos filmes produzidos aqui na América latina; sinto-me pertencente aos lugares e a forma de viver das pessoas. O longa-metragem narra a história de Benjamin, um velho solteirão e gordo (detalhe importante hein?) que vive com sua irmã Micaela na tranquilidade de um povoado que dá a impressão de ter parado no tempo. Sua única diversão é se reunir com os amigos, um grupo de velhinhos que mais parece uma confraria da terceira idade para beber e jogar dama. Um dia ele se apaixona por Natividad, uma jovem aborrecida com a vida que leva no lugar. Sonha em um dia dar a volta ao mundo. Por certo período o velho Benja passa a presentear a jovem com as mais belas e calientes cartas de amor, porém o resultado é zero. Ao perceber que a tática das cartas não funciona com a garota e incitado pelos amigos velhinhos, Benjamin decide sequestrá-la a fim de fazer com que ela se apaixone por ele. O coroa prende a jovem em sua casa na esperança de seduzir a moça. O curioso é que Natividad, percebendo que daquela situação pode se dar bem, vai jogando habilmente com o poder que lhe conferem a devoção de Benjamin e as confidências da irmã, e passa a manipulá-los, conseguindo várias regalias inclusive financeiras, levando o velho Benja, sua irmã e o povoado todo no bico. Taí um filme que ninguém pode perder. Confira um trecho do filme.
 

domingo, 28 de julho de 2013

Os devaneios do caminhante solitário, de Jean-Jacques Rousseau. Para começar bem a semana...


Às vezes tenho a impressão de que os melhores livros que eu leio são aqueles que compro na total impulsividade. Aqueles nos quais simplesmente bato os olhos vejo a capa, abro-o, folheio durante dois minutos e penso: "Vou levar este". Pode ser que eu nunca tenha sequer ouvido falar no livro, ou no autor. Mas ele me fisga de tal maneira que me sinto totalmente atraído por ele, a ponto de querer levá-lo para casa. Foi isso o que aconteceu com Os devaneios do caminhante solitário (Les Revêries du Promeneur Solitaire, 1782), escrito pelo genial filósofo e músico suíço Jean-Jacques Rousseau. Comprei-o mais por impulso do que por qualquer outra coisa; nesse caso, eu obviamente conhecia o autor, mas não sabia da existência desse título de sua autoria. Puxei-o da prateleira, abri e comecei a ler algumas páginas aqui e acolá. Caí exatamente no seguinte parágrafo, que me cativou logo de cara:

Vi muitos que filosofavam de maneira muito mais douta que eu, mas sua filosofia lhes era, de certa forma, estranha. Querendo ser mais sábios que outros, estudavam o universo para saber como este estava arranjado, como teriam estudado alguma máquina que tivessem encontrado, por pura curiosidade. Estudavam a natureza humana para dela poder falar com sabedoria, mas não para se conhecerem (…)[p. 29].

Essas e outras poucas linhas foram o suficiente para que eu pensasse: "Este livro será a minha leitura da semana." Finalizei-o quinta-feira passada e não me arrependi nem um pouco. É interessantíssimo.

O livro é dividido em “dez caminhadas”, cada qual abarcando um tema específico, alguns deles aparecendo mais de uma vez. O curioso é notar que o termo "caminhada" não tem sentido literal, mas metafórico, como se correspondesse a uma espécie de trilha filosófica e meditativa. Rousseau adorava passear a pé por campos e bosques floridos, e resolveu estender o conceito de caminhada também aos seus devaneios. O processo criativo de cada capítulo me pareceu interessantíssimo: fiquei com a sensação de que o autor puxava a pena e o papel sem a menor ideia do que escreveria naquele dia, deixando sua mente vagar a esmo dentro de determinados assuntos. A partir daí, sua caneta ia apenas acompanhando a torrente de pensamentos que o acometia – sem, no entanto, perder o foco.

Achei extremamente prazeroso acompanhar esses devaneios de Rousseau. Ele escreve suas impressões íntimas de uma forma tão simples, tão inteligível, tão sincera, que é impossível não sentir um ótimo sabor em suas palavras. Excelente redator, sem dúvida, Rousseau mistura sua filosofia de vida à experiência cotidiana, sem com isso almejar alcançar status de filósofo. Aliás, no início do livro o próprio autor confessa que pouco lhe importa se essas páginas serão lidas por alguma pessoa, ou se serão destruídas ou transmitidas às gerações futuras: o que importa é sentir o prazer imediato que ele tem ao escrevê-las. O puro prazer de redigir suas impressões. Recomendadíssimo para quem quer uma dose pequena e rápida de boa literatura e de boas reflexões sobre a vida e os homens.

"(...) sejamos sempre verdadeiros, mesmo com todos os riscos. A justiça está na verdade das coisas; a mentira é sempre iniqüidade, e o erro é sempre impostura quando provocamos algo que não segue a regra do que devemos fazer ou crer: e seja qual for o efeito resultante da verdade, sempre somos inocentes quando a dissemos, pois nada lhe acrescentamos de puramente nosso." [p. 48].

 

O Caso dos Irmãos Naves. Um filme que pode ser visto como atemporal. A única ressalva negativa é sobre como uma realização como essa pode ficar esquecida, mal-tratada e sem seu devido respeito. Lamentável e uma grande pena...


Ontem à noite assisti ao filme O Caso dos Irmãos Naves num canal a cabo especializado em filmes antigos. Trata-se de um filme nacional produzido nos anos 60. O filme baseou-se numa história ocorrida nas décadas de 30 e 40, quando um caso policial ficou em evidência no Brasil. Estamos falando de uma época aonde a violência não era banalizada como hoje. Os meios de comunicação não massificavam tanto o tema com noticias sensacionalistas, até porque tudo era mais lento e menos imediatista. Em Araguari, uma cidade do interior de Minas Gerais, um homem chamado Benedito some sem deixar rastros. Benedito era sócio de Sebastião Naves (Juca de Oliveira) e Joaquim Naves (Raul Cortez) em um caminhão, transportando cereais. Junto com o homem, também desapareceu uma boa quantia em dinheiro. O ocorrido causa um grande alarido na pequena cidade. O que teria acontecido a Benedito? Seu pai não acreditava que ele poderia ter fugido. Benedito era visto como bom homem na sociedade local. Alguns depoimentos pequenos aqui, outros desencontrados ali e logo o chefe policial local, conhecido como Tenente chega a uma conclusão: os irmãos Naves mataram Benedito e ficaram com o dinheiro. No julgamento são absolvidos duas vezes, mas são condenados pelo veredicto da Corte de Justiça. Quinze anos mais tarde (1952) o tal Benedito reaparece dizendo desconhecer o ocorrido. Um dos irmãos já havia falecido. O outro é reabilitado, conseguindo com dificuldade obter uma indenização. Um drama violento sobre dois irmãos envolvidos num trágico erro judicial ocorrido em Araguari MG, que traumatizou o país e até hoje os cursos de direito utilizam deste caso como debate. Segue o Trailer.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Heróis de Todas as Épocas. A maravilhosa história dos Valdenses...


Acho que vocês gostarão de ler este pequeno livro. Ele contém uma história emocionante e inspiradora. E mais; é verídica, tudo aconteceu mesmo e vem narrando sobre os quatro séculos de aventuras e heroísmo que começam por volta de 1170, com Pedro Valdo, um homem rico, que se converte ao cristianismo, distribui toda a sua riqueza aos pobres e passa a pregar um modo simples e honesto de viver. Os Valdenses, como foram chamados os seus seguidores, formaram o grupo mais conhecido entre os vários outros que surgiram no século XII, resistindo à crescente degradação da igreja dominante na época. Na verdade o que eles desejavam era manter a fidelidade aos ensinos da bíblia; adorar e prestar culto a Deus conforme os ditames das suas consciências. Mas, por volta de 1230, passaram a sofrer grande perseguição. A partir daí, os Valdenses não tiveram mais sossego: quando não estavam sendo perseguidos, estavam se preparando para enfrentar a próxima batalha.

Isso é que faz de Heróis de Todas as Épocas um livro movimentado e instigante. E as surpresas ficam por conta dos recursos fantásticos que Deus utilizou para livrá-los do inimigo! Vários jovens e crianças tiveram atuação destacada nos tempos de paz ou de guerra. Adoravam cantar e decorar grandes trechos da bíblia. Assim, sustentaram seus ideais religiosos até brilhar a luz da Reforma Protestante, no século XVI. Por isso é que acho que vocês gostarão do livrinho. Guerras, histórias de amor, atos de coragem, cenários de montanhas cobertas de neve e vales muito férteis, crianças inteligentes, jovens aventureiros e pessoas que desejavam ser fiéis a Deus a qualquer custo. Um livro superinteressante que concentra todos esses elementos. Vale a pena ler.

O Mágico... Me emocionei ao ver esse filme. Chomet não apenas faz um grande filme como também uma bela homenagem a um período artístico que ficou esquecido e deu lugar à uma nova geração nos fins dos anos 50 e anos 60...



Ontem a noite assisti ao singelo filme/animação O Mágico, dirigido por Sylvain Chomet. A história do filme começa em 1959 com um mágico francês chamado Tatischeff; esta é uma homenagem ao diretor de cinema francês Jacques Tati cujo verdadeiro sobrenome era Tatischeff. Já na época da história o mágico é um tipo de artista em extinção. Com os emergentes astros de rock roubando a cena no fim dos anos 50, ele é forçado a aceitar cada vez mais trabalhos obscuros em teatros de periferia, festas de quintais, bares e cafés. Ao empreender uma viagem ao Reino Unido, em busca de quem aprecie o seu trabalho, encontra Alice, uma garota simples que mudará sua vida. Observando a apresentação dele para empolgados aldeões que comemoram a chegada da eletricidade em sua remota ilha, Alice fica enfeitiçada pelo seu show e acredita que seus truques são mágica de verdade. Quando o mágico vai para Edimburgo, ela o segue e acabam vivendo uma relação de amizade que ultrapassa os limites as barreiras culturais existentes entre eles, como por exemplo o idioma. Encantado com o entusiasmo dela por seu número, ele a recompensa com numerosos presentes extravagantes que ele “faz aparecer”. Desesperado para não decepcioná-la, ele não pode revelar que a mágica não existe e que comprar aqueles presentes o está levando à ruína. Mas Alice cresce, encontra o amor e se muda. O Mágico não precisa mais fingir e, revelado por sua própria rede de mentiras, ele retoma sua vida como um homem mais sensato. Encanto e melancolia, magia e realidade, antigo e novo, arte e mercadoria, é nesse caminho impreciso que se estrutura O Mágico. Desesperança quanto ao mundo? Não. A esperança, por menor que seja, permanece. A magia pode estar quase esquecida por completo, mas ela existe.

 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Trapaceiros não é (e está longe de ser) o melhor trabalho de Woody Allen. Mas garante horas agradáveis e boas risadas. Um filme despretensioso, que lembra alguns bons filmes antigos. Mesmo tendo sido filmado em 2000.

Ontem no final da noite assisti ao filme Trapaceiros, de Woody Allen. Na película, Allen interpreta o ex-presidiário e atual lavador de pratos Ray, que tem um grande plano: alugar uma loja ao lado do banco e utilizá-la como fachada para construir um túnel subterrâneo para assaltá-lo. Para tanto Ray logo consegue a ajuda de seus companheiros Danny e Tommy, que aceitam dividir os gastos com o aluguel da loja, mas enfrenta a resistência de Frenchy, sua esposa, que se recusa a ajudá-lo em mais um plano. Após muita insistência Frenchy é convencida e passa a cuidar do funcionamento normal da loja, preparando biscoitos e os vendendo ao público enquanto Ray, Tommy, Danny e ainda Benny, um antigo companheiro de Ray que coincidentemente alugara a loja pouco antes do trio, se dedicam à construção do túnel. Entretanto, as vendas dos biscoitos vão de vento em popa, atraindo a atenção do público e da mídia ao mais novo fenômeno da culinária nova-iorquina, transformando o casal Ray e Frenchy em novos ricos pra lá de cafonas, toda a alta sociedade olha para o casal com desdém. Frenchy começa a ter aulas de etiqueta e inglês com um professor muito suspeito, o bon-vivant David, enquanto Ray, incansável, planeja outro roubo mirabolante. Filme ótimo com todas as letras! Mas uma vez Woody Allen provou que é um grande talento tanto como ator como diretor. Sei que esse não é o melhor trabalho realizado por ele, mas me garantiu momentos de puro prazer (a alegria, o prazer e boas risadas são essenciais na vida do ser humano não?). Lembrou-me filmes antigos, do Monicelli, do De Sica, do Totó, enfim.  Recomendo

domingo, 21 de julho de 2013

E Então Paulette... Um delicioso e tocante romance sobre como a solidariedade, o amor e a amizade podem transformar histórias, salvar vidas e fazer ressurgir esperanças...


Eis uma bela história; daquelas que conseguem tocar bem no fundo da alma. Foi uma surpresa esse livro em minha vida e tenho a certeza que ele tocará os corações de todos aqueles que cultivam o amor ao próximo, coisa muito difícil nos dias de hoje. E Então, Paulette nos leva ao encontro de pessoas que em determinado momento de suas vidas compreenderam que laços sanguíneos não são fator determinante para viver e amar em família. Começamos com a história de Ferdinand, um ancião que sofre por conta da solidão. Após ficar viúvo e depois de seu filho mais novo se mudar com a mulher e os seus dois netinhos para a cidade, a fazenda em que vive produz apenas saudade e recordações. Sua vida tranquila e solitária, no entanto, está prestes a ser transformada. Após uma grande tempestade, Ferdinand descobre que a casa de sua vizinha Marceline, mulher que sofre pela morte de suas filhas há muitos anos, está condenada e praticamente inabitável. Incentivado pelos netos, Ludo e Luzinho, Ferdinand convida Marceline – e sua cadela, seu burro e seu gato – para morar com ele. Pouco tempo depois, seu amigo de décadas, Guy, perde a companheira tão amada, Gaby, e dá a impressão de estar, aos poucos, abdicando de viver. A solução parece ser a vida partilhada na fazenda, que, assim, ganha mais um morador, com novos hábitos e habilidades. Então chegam as irmãs Lumière, duas senhoras simpaticíssimas com suas manias e histórias. Alguns meses depois chegam também os jovens Muriel e Kim. Quando menos se esperava, fazenda volta a se encher de amor, fraternidade, cumplicidade, possibilidades e expectativas. E, enfim, quando todos pensavam que a alegria havia chegado ao seu ápice, eis que chega Paulette. Esta parte da história será uma surpresa que só aqueles que lerem o livro saberão. Boa leitura a todos.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Noel - Poeta da Vila. O homem que criou uma obra que ligou o morro ao asfalto, uniu negros e brancos e revolucionou para sempre o samba...


Hoje no fim da tarde revi o excelente filme Noel - Poeta da Vila. Muito bom! O longa-metragem narra a trajetória de Noel Rosa, um dos maiores compositores da história da música brasileira de todos os tempos, que trocou a faculdade de Medicina pelo samba e pela boemia carioca, na década de 20, tornando-se ídolo do rádio, aos 19 anos, com o enorme sucesso alcançado com a canção Com Que Roupa. A película acompanha não apenas a carreira musical de Noel, como também sua vida afetiva que, até morrer prematuramente de tuberculose, dividiu-se entre dois grandes amores: Lindaura, jovem operária com quem se casou, e Ceci, dançarina com quem manteve um caso tempestuoso. Ao morrer aos 26 anos, Noel de Medeiros Rosa (1910-1937) deixou um legado de mais de 250 composições que o colocaram como um dos gênios musicais do país. Veja o trailer.

 

Bem Amadas. Elenco presume ótimo filme, mas fica por aí...


Ontem assisti ao filme Bem Amadas, do diretor francês Christophe Honoré que se debruça sobre as jornadas de mãe (Madeleine) e filha (Vera), personagens interpretadas por Catherine Deneuve e Chiara Mastroianni, mãe e filha na vida real. O filme cobre mais de quatro décadas (de 1964 a 2007), transita por vários países e evoca fatos históricos (a Primavera de Praga, o surgimento da Aids, os atentados de 11 de Setembro) que emolduram trajetórias individuais. Na Paris dos anos 60 ou na Londres dos anos 2000. Madeleine e Vera vivem intensamente seus amores. Mas o amor pode ser leve, doloroso, doce e amargo. Neste trabalho Honoré presta uma homenagem às mulheres e à paixão. O filme é agraciado com grandes estrelas do cinema europeu, como Ludivine Sagnier e Louis Garrel, o atual galã do cinema francês e ator-assinatura de Honoré. A nova película conta também com a presença de Milos Forman, que desta vez só atua, e a símbolo sexual dos anos 1960, Catherine Deneuve. E por último, e não mesmo importante, sendo uma das protagonistas, Chiara Mastroiani (filha na vida real de Marcelo Mastroiani e Deneuve). Com um elenco de primeira e sob a regência de um diretor de mão cheia, o filme não tinha como ser ruim. Contudo, não foi o que aconteceu. A forma de explorar as aventuras e desventuras amorosas de mãe (Deneuve e, mais jovem, como Sagnier) e filha (Chiara) ao longo dos anos – entre 1960 e 2000 – cansa. O musical, bastante utilizado nos filmes de Christophe Honoré, desta vez entrou em um aporrinhador exagero,. Não que os atores estivessem desafinados neste ofício, eles se saíram bem, mas quase sempre quando terminava uma cena, um ator protagonista em questão cantava para expelir a ação psicológica interna dos personagens, e, às vezes, por muito tempo, causando tédio. O que houve com o cinema francês intimista que sempre buscou nos silêncios dizer mais que mil palavras? A cena é um artifício supérfluo e apenas sintetiza o que já foi passado, impedindo assim o público de usar a imaginação. O recurso poderia ser mais proveitoso se fosse algo parecido como em A Bela Junie, utilizado uma única vez e bastante justificado para a ação ulterior nefasta. Segue abaixo o trailer do filme.  

 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um Misterioso Assassinato em Manhattan. Que Woody Allen é um gênio, todo mundo sabe. Nesse filme, ele mistura o humor inteligente típico de suas obras com um suspense leve e divertido...


Ontem, para fechar a anoite com chave de ouro, assisti ao filme do gênio Woody Allen, Um Misterioso Assassinato em Manhattan. Dei muitas risadas com este belo e divertido trabalho deste que é um dos maiores cineastas estadunidenses de todos os tempos. Na película, Allen também atua. Faz o personagem Larry Lipton, que trabalha como editor de livros. Lipton e sua esposa Carol encontram no elevador do prédio deles em uma noite qualquer, um casal simpático de velhinhos, senhor e senhora House, que se identificam como seus vizinhos. No outro dia descobrem que a idosa morreu vítima de um infarto fulminante, porém, Carol não acredita, levando em conta o comportamento do viúvo nos dias que se seguem depois da morte. Carol arruma um pretexto e arrasta Lipton para uma nova visita ao apartamento dos Velhinhos. Ela descobre uma urna funerária cheia de cinzas na cozinha, e deduz se tratar das cinzas da falecida. Isso aumenta mais as suas suspeitas, pois na visita anterior Lilian lhe contara que ela e seu marido haviam comprado um túmulo em conjunto e gostariam que fossem enterrados juntos. Incentivada pelo imaginativo Ted, dramaturgo apaixonado perdidamente por Carol e amigo do casal, Carol começa a investigar Paul, invadindo seu apartamento e seguindo-o pela cidade. Lipton acha que ela está louca e tenta de todas as formas demover sua esposa da investigação, mas acaba concordando que alguma coisa está errada, quando ele e Carol avistam a senhora Lilian viva e andando de ônibus pela cidade. Incrível a capacidade de Woody Allen em nos fazer levitar em situações das mais esdrúxulas. A fotografia de Nova York é sensacional, mais um atrativo pra este belo trabalho. Confira o trailer.

domingo, 14 de julho de 2013

Férias de Amor. Um belo filme, um cult daqueles que já não se fazem mais, onde o gestual..., é mais forte que as palavras...


Indico agora mais um trabalho cinematográfico de qualidade e tenho certeza que os amantes do bom cinema vão amar. Trata-se do filme "Férias de amor" de 1955 estrelado por William Holden, que interpreta Hal Carte, um viajante com um belo físico e muito charme que chega a uma pequena cidade do Kansas para tentar arranjar emprego com Alan, um milionário colega de faculdade interpretado por Cliff Robertson. Apesar de suas esperanças e expectativas, os planos ambiciosos de Hal logo dão errado, quando seu magnetismo sexual atrai todas as mulheres da cidade. No entanto, nessa história ele conhece e se apaixona por Madge Owens (Kim Novak), a linda namorada de Alan. Quando a mãe da jovem sente que esta paixão é retribuída entra em desespero, pois sonha ter a sua filha casada com o melhor partido da região. Confiram o trailer!
 

Os Amores e Picasso. Um grande artista visto sob outra perspectiva...


Assisti hoje no início da tarde ao maravilhoso filme Os Amores de Picasso; dedicado à trajetória artística e à conturbada vida amorosa do pintor e escultor espanhol Pablo Picasso. Mostra o dia-a-dia daquele que é respeitado como um dos maiores expoentes das artes plásticas de todos os tempos. Em 1943 Picasso (Anthony Hopkins mandando muito bem), com 60 anos, conhece Françoise Gilot, que tem 23 anos, sonha ser pintora e venera o grande mestre. Ela se tornaria sua amante, mas isto não impede Picasso de ser infiel. Françoise lhe dá dois filhos, e aceita as mulheres dele como parte do relacionamento. Ele, em contrapartida, lhe mostra grandes obras de arte e a apresenta aos grandes mestres, mas a união pouco a pouco começa a se desgastar de forma inexorável.
 

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma Vida Difícil. Comédia e crítica social constroem juntas uma profunda reflexão sobre a sociedade italiana da primeira metade do século XX...


Assisti ontem à noite ao filme Uma Vida Difícil, um grande clássico do cinema italiano dirigido por Dino Risi e estrelado pelo inesquecível Alberto Sordi que de forma brilhante dá vida ao Ex-membro da Resistência italiana na Segunda Guerra e editor de um jornal de esquerda chamado Silvio Magnozzi que luta para tentar manter vivo seu ideal político na Itália dos anos 50. Acaba miserável no cárcere, além de ser largado pela mulher e pelo filho. Muitos anos depois, após ter desistido de seus ideais, Silvio reaparece afortunado para reconquistar a família. Mas a 'boa vida' lhe apresentará novos dilemas éticos... Em Uma Vida Difícil, Risi alterna, de modo intenso, a comédia e a crítica social para tecer uma densa reflexão sobre a sociedade italiana da época. Esse é para ver e rever muitas vezes.

Vejam um pequeno trecho do filme.
 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Um Outro País Para Azzi; que a vida de Azzi, como a de milhares de crianças refugiadas, possa ser boa apesar de tudo...


 
Maravilha esse HQ. Encontrei-o numa livraria aqui em salvador; li o livrinho todo ali na própria livraria. Chamou-me atenção a forma simples, porém verdadeira, e didática que a autora utilizou para ensinar as crianças sobre os horrores dos conflitos em muitos países do mundo e nos faz entender (ou pelo menos tentar) como pensa uma pessoa que precisa abandonar o seu país por conta de guerras e conflitos. O livrinho narra a história de Azzi e seus pais. Eles vivem harmoniosamente em seu amado país, até que começa uma sangrenta guerra civil e eles passam a correr perigo. Precisam fugir às pressas, deixando para trás sua casa, seus parentes, seus amigos, suas profissões e sua cultura. Ao embarcarem rumo a um país desconhecido levam, além da pouca bagagem, a esperança de uma vida mais segura.
Baseada na experiência de trabalho entre famílias de refugiados, a autora e ilustradora Sarah Garland conta, com carinho e profundidade, a história tocante de uma família que é obrigada a viver um difícil deslocamento enquanto seu país é devastado pela guerra. Terão de encarar a saudade que sentem dos familiares que ficaram e muitos desafios: aprender outra língua, acompanhar a desesperança dos pais, habituar-se à nova casa e cidade, frequentar a nova escola e fazer novas amizades. Um outro país para Azzi, um livro ilustrado na forma de quadrinhos, introduz aos pequenos leitores, com sensibilidade e veracidade, o que é ser uma criança refugiada. Simbolicamente, Azzi — e o leitor também — vai se dando conta de que, apesar do sofrimento, é possível adaptar-se à nova terra, como o pé de feijão que ela planta e vê crescer. Quando chegamos ao fim da história só temos um anseio: que a vida de Azzi, como a de milhares de crianças refugiadas, possa ser boa apesar de tudo.
 

Impressionismo... Como é bom ver cores num poema!


Minha indicação hoje é sobre literatura. Um dos livros mais interessantes que li nesses últimos dias é o maravilhoso Impressionismo, trabalho que faz parte da coleção Encyclopaedia da editora LPM. O livro vem resgatar a história desse movimento artístico que teve origem no século XIX na França. Para mim é o mais poético de todos. Tudo começou quando os principais artistas do movimento estavam inconformados com a recusa de suas obras pelo Salão oficial francês. Alguns desses pintores reuniram suas telas no que ficou conhecido como o Salão dos Recusados. Esse caráter de contestação está presente nos primórdios deste, movimento revolucionário que iniciou a arte moderna e teve como mestres Manet, Degas, Monet e Renoir. Deixando de lado as cenas religiosas e mitológicas, além de outras convenções tradicionais da pintura, o impressionismo deu cor a cenas da vida diária a partir das mudanças de luz e do movimento e influenciou outros gênios, como Toulouse-Lautrec, Gauguin, Cézanne e Van Gogh, a desbravarem novos caminhos para a arte. Vale a pena ler.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Assassinato de Trótsky.Estrelado por dois monstros consagrados do cinema, Richard Burton e Alain Delon...


Assisti hoje a um excelente filme. Quem ainda não viu "O Assassinato de Trótsky", não sabe o que esta perdendo. O longa-metragem é ótimo; uma história primorosa! Tudo acontece na Cidade do México, em 1940, quando paradas comunistas estão festejando o Dia do Trabalho. Em um quarto de hotel, duas pessoas se encontram. Elas serão os protagonistas do homicídio de Leon Trótsky, o idealizador do Exército Vermelho e devotado marxista que foi banido da Rússia por Josef Stalin e conseguiu asilo político no México, onde leva uma vida simples cuidando de plantas. Apesar de viver longe do seu país, Trótsky permanece envolvido na política e Stalin, sentindo-se ameaçado por seu opositor, envia ao México o assassino de aluguel Frank Jackson para dar cabo de seu inimigo. Confiram o trailer!
 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Asas da Coragem. Seu amor o tornará uma lenda...


Minha sugestão de cinema de hoje é sobre um filme curto em duração, porém intenso em emoção. Trata-se do trabalho do diretor francês Jean-Jacques Annaud, Asas da Coragem. Esta película de aproximadamente cinquenta minutos, baseia-se num capítulo do livro Terra dos Homens do inesquecível Antoine de Saint-Exupéry, que narra a história do seu amigo piloto do correio aéreo na década de 1920 Henri Guillaumet, um jovem francês que busca provar seu valor voando pelos Andes para transportar correspondência. Seu avião não chegará ao destino, pois cairá na perigosa Cordilheira dos Andes, onde muitos costumam a dizer que o que cai lá a Cordilheira não devolve. Depois de vagar dias e dias pela neve em um ambiente inóspito o jovem piloto percebe que sua vida acaba ali e decide “entregar os pontos”, ou seja, pensou que deveria parar em um lugar e esperar a morte. Rapidamente vem um pensamento que o faz desesperadamente mudar de ideia. Ele se lembra de que o seu seguro de vida só beneficiará a sua esposa se ele morrer, ou seja, for comprovada a morte através da materialidade do corpo; sem corpo, sem morte e consequentemente sem o seguro. Eles só têm um ao outro e a sua mulher depende do trabalho dele, pois é dona de casa. O piloto então resolve andar até onde ele entenda que será mais fácil encontrarem o seu cadáver. Vai andando, andando, tropeçando, delirando, até que conseguirá (como por um milagre) atravessar a paisagem branca dos Andes para chegar a sua casa e encontrar sua esposa, o seu grande amor. Emocionei-me quando li o livro do Exupéry e pude senti a mesma emoção quando vi o trabalho do Annaud. Para aqueles que possuem TV por assinatura, o filme será reprisado no Canal Max na Quinta-feira 11/07, às 09 da manhã. Recomendo. 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Passione - As belas vozes napolitanas...


Belíssimo filme este Passione. Encontrei-o por acaso na programação do Canal Max e fui agraciado com um belo trabalho dirigido pelo ator ítalo-estadunidense John Turturro que no início de 2010 foi até Nápoles rodar um documentário musical cujo foco está no rico cancioneiro local. Além de retomar emblemáticos sucessos, como O Sole Mio e Malafemmena, o inquieto realizador esteve incessantemente no encalço de novas vertentes. Encontrou, assim, cantores e grupos influenciados pela música árabe, portuguesa, espanhola, e até pelo jazz norte-americano — entre eles a fadista Mísia. Há poucas entrevistas ou informações históricas. A fita, contudo, faz uma aprazível viagem pela cidade, com a maioria das cenas em externas, e traz à tona um assunto bastante raro para ser tratado no cinema. É um filme que merece ser visto muitas vezes.Para quem se interessar, fiz uma pesquisa rápida e descobri que o filme voltará a programação do Canal Max (canal a cabo 78 na Sky) no dia 23/07 às 18:25. Não percam.
PS: Segue o trailer abaixo.
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

"Abrir Portas e Janelas" é um dos expoentes do cinema contemporâneo argentino, considerado um dos mais férteis e poéticos do mundo...


Esta é a primeira indicação fílmica que faço neste mês de Julho. Como estou de férias, as minhas aparições por aqui serão mais frequentes e com muitas novidades. Neste mês de descanso, começo trazendo uma excelente indicação fílmica: refiro-me a maravilhosa película argentina que assisti ontem à noite no canal Max, chamado Abrir Portas e janelas (sempre a Argentina...). O longa-metragem narra a história de três jovens irmãs, Marina, Sofia e Violeta que vivem na Buenos Aires atual. Após a morte da avó, que em vida exerceu o papel de pai e mãe das três jovens, muita coisa irá mudar. Cada uma lidará com a perda a sua maneira em uma casa habitada por muitas lembranças, responsabilidades e tensões. Disputas, brigas, momentos de entendimentos e esperanças vão permeando a vida dessas jovens que, além de terem que lidar com o sentimento da perda familiar, terão que aprender a conviver com essa nova fase de suas vidas. Segue o trailer.