Textos sobre literatura, música, cinema e filosofia - e sobre o que mais vier.
terça-feira, 30 de julho de 2013
A Espuma dos Dias. Assim como as milhares de interpretações que o filme pode trazer, também são milhares os motivos para amá-lo ou detestá-lo. Eu fico com as milhares para adorá-lo e colocá-lo em minha lista de melhores filmes.
Hoje à tarde assisti no cinema do
Museu ao belo filme A Espuma dos Dias. A história é bucólica: Colin (Romain
Duris) é um homem abastado e despreocupado, que nunca precisou trabalhar. Introvertido,
ele nunca teve muito sucesso com as mulheres, até ser apresentado a Chloé
(Audrey Tautou) durante uma festa. Apesar de um primeiro encontro catastrófico,
os dois se apaixonam e se casam. O casal está sempre cercado pelos amigos
Nicolas (Omar Sy), um cozinheiro inteligente, o Chick (Gad Elmaleh), um
intelectual pobre e fascinado pelo filósofo Jean Sol-Partre (escreve-se desse
jeito mesmo), e a extrovertida Alise (Aïssa Maïga). Tudo caminha bem, até o dia
em que Chloé é diagnosticada com uma doença rara: ela tem uma flor de lótus
crescendo dentro do seu pulmão. O caríssimo tratamento exige o uso de diversos
medicamentos e a aplicação de centenas de flores, levando Colin à falência, e a
amizade do grupo à crise. Creio que o diretor bebeu um pouco da inesgotável
fonte surrealista de Buñuel e Salvador Dali. Uma outra curiosidade sobre o
filme e sua origem é que até ontem eu nunca tinha ouvido falar em Boris Vian.
Antes de ler o nome dele nos créditos de A Espuma dos Dias (L’Écume des
Jours, 2013), aliás, achava que o longa partia de uma ideia totalmente original.
Depois de pesquisar um pouco, vi que Boris foi um dos nomes mais marcantes da
cultura contemporânea francesa. O curioso nisso
tudo é que depois que assisti ao filme, mesmo já sabendo que ele era baseado no
livro de Vian, continuei pensando que se tratava de algo totalmente autoral.
Porque aquilo tudo que eu acabara de ver era Michel Gondry em seu estado mais
puro. E quando digo aquilo tudo, meus amigos, estou falando de uma beleza
plástica espantosa, de linhas escritas com carinho, e de imagens cheias de fantasia
e excessos. Para criar um mundo arrebatador que parece uma versão do futuro
imaginada por alguém dos anos 40, Gondry conta com instrumentos que vão desde
móveis especificamente projetados a animações em stop-motion. Toda uma fábula
visual combinada com uma câmera que não para e personagens extravagantes (há um
ratinho que interage com os protagonistas, um cozinheiro que também é mentor e
advogado e um chefe de cozinha que vive dentro da TV/geladeira). Confira o
trailer.
Sempre fui amante de filmes e um leitor voraz, desde que me entendo por gente. Nunca deixei de achar fascinante o fato de que há histórias maravilhosas dentro de livros e de telas luminosas . Portanto, este blog é uma espécie de extensão do meu hábito de leitura e cinema. Aqui, comento sobre as obras que leio, os filmes que vejo e os comentários geralmente são mais de caráter pessoal do que técnico. A intenção deste espaço é servir de guia para os outros que, como eu, não conseguem ficar afastados de um bom livro ou de um filme espetacular. Ocasionalmente, teço opiniões sobre algum assunto de importância pública. Sejam bem-vindos!
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