sexta-feira, 13 de julho de 2012

Poema e sedução - Alegre Menina


 "O que fizeste sultão de minha alegre menina?

Palácio real lhe dei, um trono de pedraria

Sapato bordado a ouro, esmeraldas e rubis

Ametista para os dedos, vestidos de diamantes

Escravas para serví-la, um lugar no meu dossel

E a chamei de rainha, e a chamei de rainha

O que fizeste sultão de minha alegre menina?

Só desejava as campinas, colher as flores do mato

Só desejava um espelho de vidro prá se mirar

Só desejava do sol calor para bem viver

Só desejava o luar de prata prá repousar

Só desejava o amor dos homens prá bem amar

No baile real levei a tua alegre menina

Vestida de realeza, com princesas conversou

Com doutores praticou, dançou a dança faceira

Bebeu o vinho mais caro, mordeu fruta estrangeira

Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira."

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Istambul - Memória e Cidade


A dica de hoje é literária e vem da Turquia. Trata-se do livro Istambul - memória e cidade. O Prêmio Nobel da Literatura 2006, Orhan Pamuk desenha um imagem perfeita da cidade onde nasceu e vive até hoje. De uma maneira própria e ao mesmo tempo muito visual, o autor constrói um hábil estilo de evocar a sua cidade do coração. Neste livro, o escritor turco fala sobre as primeiras impressões de nostalgia que invade a alma dos habitantes dessa maravilhosa cidade que já foi chamada de Constantinopla, e os atrelam nas memórias coletivas de um povo: o de viverem sobre os entulhos das glórias imperiais num país que busca incansavelmente a modernização e recebe influências ocidentais e orientais. Esta radiografia de Istambul é revelada pelos personagens criados por Pamuk; escritores e pintores, artistas em geral, que através dos olhos do criador vêem e apresentam a cidade. E é também a partir da sua própria história, desde que era um menino até à fase adulta que o premiado escritor nos transmite os seus pensamentos, crenças e ideologias, sempre colocando a bela Istambul como pano de fundo. Ao casar memórias e fotografias com reflexões sobre arte, história e civilização, Orhan fornece ao leitor uma maravilhosa e singular imagem sobre aquela que é a sua cidade. Convido você a ler também essa maravilha de livro.




domingo, 8 de julho de 2012

"Para Roma com Amor". Muitos filmes num só


Foi com muita alegria e emoção que assisti na sexta-feira este belo filme do cineasta estadunidense Woody Allen. Como sempre ocore comigo quando assisto as películas desse gênio, saí do cinema extasiado. Tem sido frequente esta minha reação  para com o trabalho desse grande diretor, principalmente nesta sua fase europeia. Ainda me encontrava em estado de torpor por conta de "Meia-noite em paris", quando Woody nos prporcionou o céu com este seu novo trabalho. Foi impressionante perceber como Allen bebeu inspirou-se em outros gênios como Felline, Rossellini e Buñuel. Desta vez não foi apenas um Woody Allen, e sim vários. Sei que vivemos em um país democrático, mas dizer que essa película é de qualidade regular, como li em alguns jornais, é simplesmente não ter sensibilidade.
Por fim, amei a crítica sobre o vazio dos programas de televisão, as pseudo-celebridades que assim como aparecem repentinamente, caem no ostracismo da mesma maneira. Esse é Woody Allen; um diretor capaz de deixar em estado de graça qualquer cinéfilo que vá até o cinema de coração aberto.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Trem Noturno para Lisboa


Um dos livros que li nos últimos dias e que me deixou em profundo estado de reflexão sobre a vida chama-se Trem Noturno para Lisboa. Um ensejo essencial que me leva a escrever sobre esse livro é que ele possui a competência de fazer você refletir sobre os assuntos contidos nele, mesmo depois de muitos dias do término da leitura. É a vantagem do chamado leitor contemplativo/meditativo; a obra não sai tão fácil da cabeça Trem Noturno para Lisboa narra a história de um professor de idiomas, Raimundus Gregorius, que através de situações inesperadas decide mudar de vida. Podemos acompanhar como e porque esse professor de grego, latim e hebraico que levava uma vida sossegada e baseada na ordem em Berna na Suíça, de repente desiste de tudo e como se fosse um detetive vai atrás de certo médico português chamado Amadeu de Prado residente Lisboa. Raimundus se encanta com o livro "Um ouvires das palavras" que o português supostamente escreveu e sai em busca de mais detalhes sobre a vida do lusitano. Nesse périplo até Lisboa, ele encontra diversas pessoas que o ajudando de alguma forma. O leitor é levado a ler o livro dentro do livro e conhecer melhor esse inquieto português que por insistência do pai virou médico e combateu a ditadura de seu país assolado por Salazar. Entende-se que tanto o professor Gregorius como o médico português são um alter-ego do professor de filosofia Pascal Mercier, autor do livro. Particularmente gostei muito desta obra. Sou um admirador da cultura européia, e essa mistura de estilo alemão com a realidade portuguesa tem muito de positivo. Diversas questões que o livro aborda são de certo modo também as minhas questões pessoais. Pelo que percebi a idéia do autor, não é em primeiro plano apresentar a história de Raimundus, mas sim, apresentar os pensamentos de Amadeu. E é ele, Amadeu e não o professor suíço, a personagem principal do livro e que nos traz às reflexões que o livro propõe. "Viagem Noturna para Lisboa" não é um livro que se lê assim, sem mais nem menos, também não fornece muitas cenas de suspense que te prendem e que te fazem avançar na leitura. Para se aproximar do livro e do seu conceito é necessário uma certa abertura e um vontade filosófica. Ajuda, se você assim como o professor alemão, está cansado de levar vida da mesma maneira. Em todos os casos, se você se interessou, recomendo a leitura! Li certa vez que o mais importante não é ler todos os livros possíveis ou ter uma grande quantidade de livros lidos no currículo. O diferencial é ler os livros importantes por diversas vezes na sua vida. Eu concordo com isso: Ler o livro em diversas fases de sua vida é o melhor que você pode fazer para si mesmo como leitor. E para mim esse é um desses poucos livros que entra nessa categoria, de livros importantes, que merecem ser lidos novamente. Tenho o livro em casa, mas se possível na próxima vez gostaria de lê-lo na língua original em que foi escrito, ou seja, em alemão. Em todos os casos, vou reler ele com certeza!