Assisti
recentemente em DVD a uma preciosidade do mundo Árabe. A emoção foi inevitável. Como o mundo poderia
ser melhor se o ser humano amasse o outro hein? Refiro-me ao filme “E Agora, Aonde Vamos?”. A diretora
desse esplêndido longa-metragem é a mesma do belíssimo “Caramelo” (já comentado aqui no blog). “E Agora, Aonde Vamos?”, como Caramelo,
trata da vida de mulheres, mas, sobretudo de mães, e do sofrimento de ver seus
rebentos lutando uns contra os outros, de uma hora para outra, por questões
políticas e religiosas, em uma aldeia do interior do Líbano. “Um dia estavam jogando bola, brincando,
saindo juntos. No outro, se matando.”
A fita tem início com uma majestosa cena de
abertura: um grupo de mulheres, todas vestidas de preto, marcha por um caminho
empoeirado, em direção a um cemitério, onde estão sepultados seus filhos.
Enquanto caminham, executam um tipo de dança ritual, para expressar a intensa
dor que sentem. É arrepiante!
A diretora Nadine
(que também atua na película), em entrevista no “Extras” do DVD, diz que a cena
tem como inspiração rituais de luto observados mundo afora, em que mulheres
rasgam suas roupas, arrancam os próprios cabelos, se arranham e choram abundantemente
para expressar seus sofrimentos. “Não é
uma cena realista, mas uma imagem que criei e que, de certa forma, resume o
espírito do filme.”
“E Agora, Aonde Vamos?” foi abraçado como libelo internacional contra a
barbárie da guerra entre irmãos.
As personagens, entre elas a protagonista da trama,
mais uma vez interpretada pela diretora, são mulheres de diferentes gerações,
todas muito próximas umas das outras, embora pertençam a grupos religiosos
distintos – e que se unem contra a guerra que mata seus filhos.
A fita narra, com cores cômicas e dramáticas, as
situações vividas pelas mulheres que habitam num vilarejo isolado no Líbano.
Com uma igreja e uma mesquita dividindo a mesma região, uma série de conflitos
surge mundo a fora por conta das diferenças entre as crenças. Entretanto, as aldeãs,
tanto as que são cristãs como as muçulmanas, querem evitar que a hostilidade atinja
a sai idílica aldeia e para isso usam de artifícios nada comuns. Para evitar
que os homens cheguem às vias de fato e matem uns aos outros sem qualquer
motivo - apenas o ódio injustificado por suas diferenças culturais - as
mulheres sabotam o rádio do vilarejo, cortam a luz do local de trabalho dos
homens e chegam até mesmo a destruir a única TV da região. Elas chegam ao
extremo de contratar dançarinas ucranianas para distrair o público masculino! “E Agora, Aonde Vamos?” mostra o lado
bonito da amizade entre as mulheres e a tristeza que resulta do comportamento
violento e intransigente dos homens, gerando morte e dor para todos os
moradores.
Vivemos em um mundo onde pessoas idiotas, têm
causado grandes conflitos e mortes no mundo por dirigir ofensas à religião
alheia. Na contramão de tudo isso, este filme "E Agora Aonde Vamos?" é um bálsamo a todo este conflito,
porque, as mulheres muçulmanas e cristãs conseguem em sua pequena aldeia aquilo
que os grandes estadistas ou todas as tropas da ONU jamais conseguiram: a paz.
Delícia de filme. Se você gosta de cinema - sem preconceito - não pode deixar
de assistir.