segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

"E Agora, Aonde Vamos?", é um filme que testemunha bem a poética da língua árabe, sobretudo em sua vertente feminina...


Assisti recentemente em DVD a uma preciosidade do mundo Árabe.  A emoção foi inevitável. Como o mundo poderia ser melhor se o ser humano amasse o outro hein? Refiro-me ao filme “E Agora, Aonde Vamos?”. A diretora desse esplêndido longa-metragem é a mesma do belíssimo “Caramelo” (já comentado aqui no blog). “E Agora, Aonde Vamos?”, como Caramelo, trata da vida de mulheres, mas, sobretudo de mães, e do sofrimento de ver seus rebentos lutando uns contra os outros, de uma hora para outra, por questões políticas e religiosas, em uma aldeia do interior do Líbano. “Um dia estavam jogando bola, brincando, saindo juntos. No outro, se matando.”
A fita tem início com uma majestosa cena de abertura: um grupo de mulheres, todas vestidas de preto, marcha por um caminho empoeirado, em direção a um cemitério, onde estão sepultados seus filhos. Enquanto caminham, executam um tipo de dança ritual, para expressar a intensa dor que sentem. É arrepiante!
A diretora Nadine (que também atua na película), em entrevista no “Extras” do DVD, diz que a cena tem como inspiração rituais de luto observados mundo afora, em que mulheres rasgam suas roupas, arrancam os próprios cabelos, se arranham e choram abundantemente para expressar seus sofrimentos. “Não é uma cena realista, mas uma imagem que criei e que, de certa forma, resume o espírito do filme.”
“E Agora, Aonde Vamos?” foi abraçado como libelo internacional contra a barbárie da guerra entre irmãos.
As personagens, entre elas a protagonista da trama, mais uma vez interpretada pela diretora, são mulheres de diferentes gerações, todas muito próximas umas das outras, embora pertençam a grupos religiosos distintos – e que se unem contra a guerra que mata seus filhos.
A fita narra, com cores cômicas e dramáticas, as situações vividas pelas mulheres que habitam num vilarejo isolado no Líbano. Com uma igreja e uma mesquita dividindo a mesma região, uma série de conflitos surge mundo a fora por conta das diferenças entre as crenças. Entretanto, as aldeãs, tanto as que são cristãs como as muçulmanas, querem evitar que a hostilidade atinja a sai idílica aldeia e para isso usam de artifícios nada comuns. Para evitar que os homens cheguem às vias de fato e matem uns aos outros sem qualquer motivo - apenas o ódio injustificado por suas diferenças culturais - as mulheres sabotam o rádio do vilarejo, cortam a luz do local de trabalho dos homens e chegam até mesmo a destruir a única TV da região. Elas chegam ao extremo de contratar dançarinas ucranianas para distrair o público masculino! “E Agora, Aonde Vamos?” mostra o lado bonito da amizade entre as mulheres e a tristeza que resulta do comportamento violento e intransigente dos homens, gerando morte e dor para todos os moradores.
Vivemos em um mundo onde pessoas idiotas, têm causado grandes conflitos e mortes no mundo por dirigir ofensas à religião alheia. Na contramão de tudo isso, este filme "E Agora Aonde Vamos?" é um bálsamo a todo este conflito, porque, as mulheres muçulmanas e cristãs conseguem em sua pequena aldeia aquilo que os grandes estadistas ou todas as tropas da ONU jamais conseguiram: a paz. Delícia de filme. Se você gosta de cinema - sem preconceito - não pode deixar de assistir.

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