A loja de pianos da Rive Gauche
Terrível o calor que faz aqui em Salvador. Mais um pouco e terei a impressão de que estou na Oran, de Camus; onde, como dizia o escritor franco-argelino, “o sol incendiava as casas”. Quero dividir com vocês hoje, o prazer que senti ao terminar a leitura do livro ”A Loja de Pianos da Rive Gauche”, do Franco-estadunidense Thad Carhart. O livro me cativou pela sinceridade do autor ao narrar a sua linda história de amor... Amor pela música, pelo instrumento e por... Paris, que para mim é a metáfora do encantamento em seu mais alto grau. Suas ruas, arquitetura, detalhes, cultura, extrapolam todo e qualquer conceito de desejo, e se ajustam impecavelmente no - com a permissão de Freud - princípio do prazer. Os encantos estão nos detalhes, e a oportunidade que tive em descobrir cada um deles, é um requinte que só os que sabem contemplar o majestoso podem deleitar-se. Apesar de ser fantástico, Não é imprescindível ver “Paris à meia-noite” para desvendar a cidade: basta flanar pelas suas ruas, pelos atalhos e você compreenderá o segredo dessa magia. Foi justamente isso que o autor desse livro delicioso fez: andando pelos arredores de sua casa, na Rive Gauche (que traduzindo para o português significa margem esquerda), deparou-se com uma pequena, porém graciosa loja de pianos. Não uma loja qualquer, mas um ambiente de consertos (e também de concertos, por que não?), de peças de colecionador, de raridades, arte e boa prosa. Como bem diz o autor, a frente da loja de pianos tem (...) “um charme sonolento do século XIX”. Fala de um tempo onde não há pressa, onde cada detalhe dos pianos é cuidado com a polidez das fadas, onde há o registro dos que dedilharam as teclas dos antigos Pleyel e outros pianos maravilhosos. Há a descrição particularizada do interior do instrumento, mas não uma descrição com imagens. Trata-se de uma observação sobre a alma que está na essência de cada peça.
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