"O
impulso da vida e o impulso da morte habitam lado a lado dentro de nós. A morte
é a companheira do amor. Juntos eles regem o mundo."
Sigmund
Freud
Em 2012 um dos filmes que mais foram citados nas
listas internacionais dos melhores do ano foi “Amor”, de Michael Haneke. O longa-metragem chegou ao Brasil
respaldado por numerosos lauréis e sendo avaliado por muitos, um dos preferidos
ao Oscar de melhor filme estrangeiro – mas será que o filme é verdadeiramente
tudo isso?
Sim e
não, tudo vai depender de seu conceito sobre o amor, a vida, o casamento. Tanto
é que ao vê-lo, explica-se porque o filme dividiu opiniões por onde passou. O
fato é que o filme merece sua atenção, para que possa ter assim, sua avaliação
sobre esse intrigante conto de amor.
A narrativa
é sobre o casal de idosos, Georges e Anne que vivem sós num grande e belo
apartamento em Paris, em rotina normal de pessoas com idade avançada, até que um
dia Anne apresenta os primeiros sinais de que algo de ruim está acontecendo com
sua saúde. Desse momento em diante a harmonia existente entre eles é pouco a
pouco modificada pelo agravamento da enfermidade de Anne, colocando em prova o
amor desses dois anciãos.
O
roteiro também de Haneke volta a mostrar sua particularidade mais aguda, que é
causar no expectador incomodo e inquietação emocional. Na visão do diretor
alemão, o amor verdadeiro só existe quando é colocado a prova, na aflição, no
sofrimento. Talvez nunca essa máxima tenha sido tão fortemente representada nas
telas do cinema como nessa história de Georges e Anne.
A maneira
lenta em que tudo acontece é um dos recursos que o cineasta utiliza para causar
ainda mais incomodo a quem assiste ao filme (falo com propriedade). Vemos os
planos longos do sofrimento de Anne carregado de detalhes. Observamos sua determinação
em ter novamente a independência física, e, no entanto o que sobrevém é uma degradação
de seu corpo e sua saúde psíquica, e mesmo assim seu companheiro de toda a vida
está ali, do seu lado, passando por tudo isso junto, sustentando sua jura de
amor eterno.
Destaco
a atuação da experiente atriz Emmanuelle Riva (Anne), até porque sua composição dessa mulher que
vai perdendo o vigor físico é ótima - e isso é visto em tudo, no olhar, nos
jeitos e na forma como o corpo se transforma, chega a ser assustador. A
interpretação do veterano Jean-Louis não fica atrás. Impressionante. Ele é o
coração; seu amor por sua esposa é tão intenso e sincero que fica difícil não
se emocionar com esse personagem criado brilhantemente pelo ator.
Eu em
alguns momentos, me emocionei, já que no mês passado fiquei alguns dias no
hospital acompanhando, até os últimos dias de vida, a minha avó e pude sentir como é “triste” a perda de
nosso vigor físico, e essa total dependência de alguém para práticas muitas vezes tão particulares, que antes
se fazia com grande facilidade.
Um
ponto importante que gostaria de destacar é o cenário (apartamento) que por
vezes faz o papel de personagem, já que lá é uma espécie de solitária onde o
casal resolveu estar para passar esse período de suas vidas. Um isolamento
forçado pela condição de Anne. Para
Haneke é outra prova de amor; basta lembrar-se dos diálogos onde Anne pede para
Georges que nunca deixe ela em um asilo ou hospital ela quer passar os últimos
dias de vida em seu lar.
Pronto...
Depois de colocar para fora tudo o que senti ao assistir esta película, quero
que você assista e decida qual a visão que mais se aproxima de seu conceito e
decidir se gosta ou não de “Amor”.
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