domingo, 19 de dezembro de 2010

O LEOPARDO (1963)






A obra-prima de Luchino Visconti (1906-76) é certamente um dos filmes mais bem realizados de todos os tempos, uma perfeição de direção de arte, figurino e fotografia. É uma adaptação do best-seller autobiográfico do príncipe Giuseppe Tomasi Di Lampedusa (que foi modificado em vários momentos pelo diretor), que retrata a queda da aristocracia feudal italiana, substituída pela nova burguesia surgida com a unificação da Itália liderada por Garibaldi. É um momento histórico que pode parecer confuso para o espectador normal. Mas o americano Burt Lancaster se adapta perfeitamente ao personagem do velho nobre autoritário, mas lúcido, que controla a família de sete filhos, a mulher religiosa e todo o séquito (e era seu papel favorito). O filme é rodado em esplêndidas locações, com imagens inspiradas em quadros famosos, com bela trilha musical do mestre Nino Rota (das fitas de Fellini), que usa por vezes temas de Verdi. O clímax é a seqüência do baile que dura praticamente uma hora (e foi filmado no verão durante 40 dias!). Certamente é um dos filmes mais belos do cinema, premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes e indicado ao Oscar de figurino. Os jovens Alain Delon e Claudia Cardinale resplandecem de beleza num elenco que tem também os futuros astros Terence Hill, Giuliano Gemma e Pierre Clémenti. Esta ainda não é a versão integral do diretor (que tem 205 minutos), mas a versão européia, inédita no Brasil, com 24 minutos a mais do que a versão exibida aqui originalmente (que era dublada em inglês e prejudicada por uma copiagem pela Cor de Luxe que deixava tudo borrado). Apesar de ter sido restaurada, esta ainda não é a edição definitiva. A edição americana tem o mesmo making of, mas traz comentário em áudio do historiador Peter Cowie, galeria de fotos de bastidores, ausentes aqui! Ou seja, apesar de ser mais cara e em dois DVDs, a edição européia não é tudo isso. O filme certamente melhorou muito. Ele foi rodado com cada ator falando em sua língua e depois tudo foi dublado para italiano (ou seja, Lancaster não fala com sua própria voz. Os making-ofs confirmam que ele não foi desejado por Visconti, mas que os dois acabaram virando grandes amigos e voltariam a trabalhar de novo em "Violência e Paixão"). O DVD duplo traz num disco o filme e no outro, o making of especial para esta edição, "Uma Viagem na Memória", de uma hora de duração com depoimentos de Claudia Cardinale, do fotógrafo Giuseppe Rotuno, do figurinista Piero Tosi, do diretor Sidney Pollack, dos roteiristas Suso Chechi D'Amico, Enrico Medioli, Gioachinno di Lampedusa e do diretor de arte Mario Gabuglia, tudo legendado em português. Tem ainda uma entrevista com o produtor Goffredo Lombardo, making of sobre a restauração, cinejornais da época, que mostram principalmente a premiação com o Nastro D'Argento, em três diferentes versões, galeria de fotos e pôsteres, "O Leopardo" em Cannes (cinejornal que mostra também Albiccoco e Marie Laforet), texto sobre o romance de Lampedusa (biografia do autor, do romance ao filme de Emilio Cecchi), texto sobre vida e obra de Visconti, "Fortuna Critica" (com algumas críticas sobre o filme), biofilmografias, texto sobre a produção, trailers (americanos e italiano), "Lembrança dos Bastidores" (outro making of que traz imagens das locações, poucas cenas de bastidores e depoimento de Lancaster para a TV americana) e "O Leopardo e a Arte italiana do século 19" (comentário ilustrado do professor Renato Brolezzi e as "Fontes Pictóricas" do filme, estudo comparativo entre imagens e quadros), entre outros extras.

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