quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ROTA66 - A HISTÓRIA DA POLÍCIA QUE MATA



Ambientação e uma narração perfeita. Rota 66: A História da Polícia Que Mata, de Caco Barcellos é definitivamente o melhor livro jornalístico escrito por um brasileiro. Sei que é errado elogiar e perder-se em adjetivos, mas é praticamente impossível não falar positivamente sobre esta obra que tem cada palavra no seu devido lugar.Para melhor explicar a minha definição incluo aqui o parágrafo inicial do livro, capítulo 1 - A Perseguição. "A Veraneio cinza nunca esteve tão perto. A 200, 300 metros, 15 segundos: a sirene parece o ruído de um monstro enfurecido. Os faróis piscam sem parar. O farolete portátil de 5 mil watts lança luzes no retrovisor de todos os carros à frente. Os motoristas, assustados, abrem caminho com dificuldade por causa do trânsito movimentado nesta madrugada de quarta-feira, no Jardim América. A Veraneio, com manobras bruscas, vai chegando perto, cada vez mais perto dos três homens do Fusca azul. Eles estão na Maestro Chiafarelli e têm à frente uma parede de automóveis à espera do sinal verde para o cruzamento da avenida Brasil".Muito fala-se que ao conhecer alguém, são os primeiros segundos que definem como será tal relacionamento. Contudo, este livro já no primeiro parágrafo agarra o leitor de tal maneira que o não dá brechas de um afastamento, mesmo que este seja de curto tempo. A narrativa de Barcellos é descritiva, porém sem repetições, apenas reveladora. A cada palavra lida e aprofunda-se na cruel história da polícia e dos bandidos.A publicação da Editora Record traz a apresentação de Narciso Kalili, datada de 6 de agosto de 1992, a qual diz: "Caco Barcellos é um jornalista que tem lado. Aliás, lado que ele, desde o começo da carreira, no Rio Grande do Sul, nunca escondeu. Um lado que continua o mesmo - o dos mais fracos, o das vítimas". Tendo lido isto, não é difícil perceber qual o rumo de Rota 66.Este best-seller pode sem dúvida nenhuma ficar ao lado de grandes obras jornalísticas muito conhecidas como por exemplo, Fama e Anonimato, de Gay Talese e o polêmico A Sangue Frio, de Truman Capote. Caso entrasse em detalhes da escrita de Caco levaria dias e dias analisando-a, sei que este não é o intuito desta resenha, mas deve-se levar em conta que muitos podem tentar seguir seus passos no rastro, mas seria uma tarefa tão árdua que praticamente impediria a qualquer um, mesmo que este tenha a maior força de vontade de ser o novo Caco Barcellos. No entanto, para começar a engatinhar nesta escrita envolvente nada melhor do que perder-se na leitura de Rota 66: A História da Polícia Que Mata . Aproveite e boa leitura!

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