quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A biografia mais emocionante que o cinema já criou

















Nascida em uma família pobre, onde sua mãe, Anetta Giovanna Maillard, ganhava alguns trocados como cantora de rua, e seu pai, Louis Gassion, conseguia algum dinheiro como contorcionista, também se apresentando em locais públicos, a pequena Edith Giovanna Gassion teve uma infância difícil e complicada.Sentindo-se sem condições de criá-la, Anetta a entrega à sua mãe, Emma Saïd. Esta, que só vive para a bebida, não oferece à neta as menores condições de higiene. Ao ver a filha coberta de eczema, Louis Gassion a leva para viver com a avó paterna em um bordel na Normandia, enquanto ele parte para servir ao exército francês. Nesse ambiente, a garotinha começa a compreender a ambigüidade da vida, já que, em contrapartida a esse local de moral duvidosa, passa a receber muita ternura por parte de uma das prostitutas, Titine, que nutre por ela uma verdadeira adoração.Aos sete anos, acometida de uma forte ceratite, Edith perde sua visão. Titine desdobra-se em seus cuidados, sendo inclusive ameaçada de ser expulsa do bordel. Contando com a ajuda de suas colegas, promove uma peregrinação à Lisieux, onde faz uma promessa à Santa Thérèse pela cura da garota. Como que por milagre, Edith tem sua visão completamente restabelecida cerca de dez dias depois..Em 1929, seu pai volta a procurá-la e retoma sua vida artística como contorcionista. Edith o ajuda nas ruas, ocasião em que descobre sua vocação para cantora. Três anos depois, aos 17 anos e, já separada do pai, ela passa a ganhar a vida como cantora de rua em Paris, oportunidade em que se apaixona por Louis Dupont, com quem tem uma filha, Marcelle, que viria a morrer dois anos depois de meningite.Em 1935, é descoberta na área de Pigalle por Louis Leplée, proprietário do "Le Gerny", uma casa noturna bastante freqüentada. É ele quem lhe dá seu primeiro nome artístico: "La Môme Piaf", que na gíria francesa significa "O Pequeno Pardal", devido à sua baixa estatura. A grande campanha publicitária promovida por Leplée faz com que sua estréia seja marcada pela presença de várias celebridades da época. Na ocasião, ela conhece a compositora Marguerite Monnot, que viria a se tornar sua parceira e fiel amiga por toda sua vida.No ano seguinte, sua ascendente carreira é ameaçada quando do assassinato de Leplée por bandidos ligados às drogas e que, no passado, haviam tido alguma ligação com ela. Uma vez inocentada, Edith recorre a Raymond Asso para reerguer sua imagem, oportunidade em que ele muda seu nome artístico para "Edith Piaf".Em março de 1937, estréia sua carreira como cantora de música de salão, e se torna a grande vedete da "Chanson Française", adorada pelo público e difundida pelo rádio. Ela começa a conhecer pessoas famosas e a receber convites para se apresentar em peças teatrais escritas especialmente para ela. Por outro lado, Edith começa a escrever canções, sendo auxiliada por compositores na parte musical. Em 1945, ela escreve "La Vie en Rose", que viria a se tornar a mais célebre de suas canções.Com o término da 2ª Guerra Mundial, ela se torna internacionalmente famosa, excursionando pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. A turnê pelos Estados Unidos não é bem-sucedida mas, após um jornal nova-iorquino fazer referências altamente elogiosas ao seu desempenho, é contratada pelo "Versailles", um cabaré elegante de Manhattan. Celebridades do mundo do cinema comparecem em grande número, ocasião em que é apresentada à Marlene Dietrich, que viria a se tornar sua amiga pelo resto de sua vida. Na mesma noite, conhece o pugilista marroquino Marcel Cerdan, por quem se apaixona perdidamente. Marcel era casado com filhos e residia com a família em Casablanca. A ele, ela dedica um de seus mais belos clássicos: "L' Hymne à l'Amour".Em outubro de 1949, sentindo-se sozinha, ela telefona a Marcel e lhe pede que venha visitá-la. Poucas horas antes de subir ao palco, entretanto, recebe a comunicação de que o avião em que o pugilista viajava, havia caído nos Açores. Mesmo assim, não cancela sua apresentação, dedicando aquela noite ao grande amor de sua vida. Ao final da quinta música, Piaf desmaia no palco. À insuportável dor da perda, junta-se uma intensa dor física, provocada pelo reumatismo, que se manifestava pela primeira vez. Incapacitados de remover a causa, aos médicos resta a alternativa de combater os efeitos. Prescrevem-lhe morfina, o mais poderoso analgésico disponível na época.Em 1951, Edith ajuda a decolar a carreira de Charles Aznavour, levando-o a realizar uma turnê pelos Estados Unidos e pela França. No ano seguinte, ela se casa com o cantor Jacques Pills, de quem se divorciaria quatro anos depois. Face à dependência de morfina, Pills a faz se submeter a um tratamento de reabilitação.Em 1958, ao sofrer um grave acidente de carro, sua saúde piora e sua dependência de morfina aumenta. Três anos depois, a pedido de Bruno Coquatrix, Edith Piaf faz no "Olympia de Paris", ameaçado de fechamento por problemas financeiros, uma série de shows entre os mais memoráveis de sua carreira, ocasião em que lança sua canção "Non, Je ne Regrette Rien".Em 1962, doente e drogada, ela se casa com Théo Sarapo, um cantor de origem grega, 20 anos mais novo. Nessa época, com a saúde bastante abalada, faz sua última grande apresentação no "Olympia de Paris", casa de espetáculos de sua predileção. Em 1963, após gravar seu último disco, Piaf refugia-se na Riviera Francesa, onde vem a falecer em 10 de outubro daquele ano.
"Piaf - Um Hino ao Amor" é um filme maravilhoso. Realizado pelo cineasta Olivier Dahan, que também participou da elaboração do roteiro, o filme narra a extraordinária vida de um dos maiores ícones da música francesa, Edith Piaf, nascida Edith Giovanna Gassion, desde sua difícil infância na Normandia até sua morte aos 47 anos.Ao retratar uma vida marcada por dramas e tragédias, Dahan nos oferece um trabalho bastante comovente, chamando-me atenção o fato de, ao se acenderem as luzes do cinema após o término da sessão, a platéia permanecer sentada em silêncio, como que sentindo uma certa dificuldade de se desligar do clima em que permanecera por quase duas horas e meia.O roteiro exagera no uso de flashbacks, misturando as diversas fases da vida de Piaf, podendo confundir espectadores menos atentos. Acredito que algumas seqüências poderiam ter sido dispensadas sem trazer qualquer prejuízo à narrativa, além de diminuir um pouco o tempo de projeção.O grande destaque de "Piaf - Um Hino ao Amor", chama-se Marion Cotillard. Essa atriz francesa relativamente pouco conhecida, dá um verdadeiro show de interpretação ao personificar esse grande mito. Se fosse uma americana, o Oscar de Melhor Atriz já estaria assegurado. De qualquer forma, acredito que ela tem chances de ser agraciada com a famosa estatueta em sua próxima edição de 2008. Emmanuelle Seigner e Pauline Burlet, esta última no papel de Piaf adolescente, também merecem ser mencionadas.O filme conta ainda com um grande número de sucessos de Piaf como, por exemplo, "L'Hymne à L'Amour", "Non, Je ne Regrette Rien" e "La Vie en Rose".Enfim, "Piaf - Um Hino ao Amor" é um filme imperdível.

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