domingo, 24 de março de 2013

Humilhados e Ofendidos... Um panorama angustiante da vida na cidade grande. Uma escrita genial de um escritor genial.


Este sim é um livro que não deve faltar na estante de ninguém; e deve ser lido pelo menos uma vez na vida. Contado sob o ponto de vista do personagem principal, Humilhados e Ofendidos, de Fiódor Dostoiévski, tem o caráter psicológico e ético das grandes concepções do autor, e reconhecido como uma das contribuições mais vivas e densas para a literatura contemporânea. Vânia (esse é o nome do cara), o protagonista, é um homem sensível, um escritor que relata em tom cerimonial e, paradoxalmente, confessional e comovido os fatos vividos por uma família pobre e sofrida de uma grande cidade. Em contraponto está o príncipe Valkóvski, viúvo, aristocrata, que enricou através de artifícios, obscuros e um egoísta no mais íntimo do seu ser. Se todos os seus pensamentos verdadeiros pudessem aflorar, seria tão repugnante que "traria um grande mau cheiro" - nas palavras do próprio Dostoiévski. Com certeza estamos diante de um presságio daquela personalidade, daquele tipo que mais tarde se denominaria "o homem de subsolo", reiteradamente presente na obra do escritor, e que representa uma sinopse difícil do individualismo, da vaidade, da indiferença ao sofrimento alheio e da maldade presentes na alma humana. A narrativa de Humilhados e Ofendidos envolve o leitor definitivamente. A ligação da ação, a dramaticidade dos acontecimentos e as personagens são um retrato contundente e expressivo dos despossuídos em todo seu sofrimento e humilhação. Porém, a grandiosidade da obra de Dostoiévski não está unicamente em retratar a condição de abandono e submissão daqueles que estão distantes do poder e dos bens materiais. Sua grandiosidade está em atribuir a essa representação um caráter moral, que supera as circunstâncias e se torna permanente.

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