quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Gainsbourg; o "Maluco beleza" francês...


Penso que só aqueles que viveram na França de 1969 sejam capazes de entender o furor e o alvoroço que causaram os gemidos de Jane Birkin na famosa canção “Je t’aime... moi non plus”, que ela gravou com Serge Gainsbourg – com quem se casou e teve uma filha, a hoje atriz Charlotte Gainsbourg. O filme Gainsbourg – O homem que amava as mulheres” até tenta, mas não consegue dar a compreensão exata do que representou essa canção que, ao longo das décadas, se tornou uma espécie de hino internacional do erotismo. Nem dá conta da real expansão do carisma de seu compositor.
Escrito e dirigido pelo desenhista Joann Sfar, a película foi baseada numa história em quadrinhos de sua autoria. Raramente a história encontra a complexidade humana de Gainsbourg, cujo nome de batismo era Lucien Ginzbourg e que nasceu em Paris em 1928.
Filho de judeus russos, seu pai era um exímio pianista, apaixonado por música clássica e tocava nos bares parisienses. Ainda garoto, sua vida foi muito afetada pela ocupação nazista na França. Ser judeu tornou-se um fantasma que o acossou por toda a vida. Ao menos, pelo menos é assim que mostra o filme, quando seus demônios pessoais literalmente despertam e o atormentam.
Em “Gainsbourg – O homem que amava as mulheres”, Sfar tece uma colcha de retalhos de momentos famosos da vida do cantor e compositor – como seu romance com Brigitte Bardot, que era casada, e uma viagem à Jamaica. Há boas resoluções no filme – especialmente envolvendo animação, o que não é surpresa dada a experiência do diretor.
A crítica negativa que faço é em relação ao subtítulo arrumado pela distribuidora brasileira. O homem que amava as mulheres remete diretamente ao filme de François Truffaut, com o qual este não tem nenhuma relação. Na verdade, o subtítulo original em francês é “vida heróica”, o que tem bastante a ver com a proposta do filme: transformar Gainsbourg – com seus tormentos, poesia e, para usar uma palavra da moda, senso midiático – numa espécie de herói de nosso tempo. Acho que desse modo seria um subtítulo mais honesto com o filme e o público.
 

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