quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cinema, frescor e poesia - A Viagem do Balão Vermelho


A Viagem do Balão Vermelho é uma alegoria sublime para meninos e meninas de 8 a 80 anos transformada em majestosíssimas locações pelo diretor Hou Hsiao-Hsien. Ele se fundamentou no filme que sempre apreciou e que assistiu quando ainda garoto,e que com certeza emocionou a muitos, "O Balão Vermelho", de Albert Lamorisse, sendo uma forma humilde de homenageá-lo. A fita de Albert Lamorisse ganhou o Oscar de melhor Roteiro Original na década de 50. É uma narrativa cinematográfica sobre um garoto sem amigos que encontra um balão vermelho na rua. O balão estava amarrado a um poste de iluminação e ao soltá-lo ele passa a segui-lo pelas ruas da capital francesa, no metrô, nas avenidas, na escola e até a sua casa, como se fosse um cãozinho de estimação apegado ao dono. O filme de Lamorisse tem mais de 40 anos e continua fazendo a alegria e nutrindo o encanto essencial ao imaginário infantil.

A Viagem do Balão Vermelho de 2007 é a recriação dessa história. Simon é um pequeno de sete anos e tem como companheiro inseparável um emblemático balão vermelho que o segue por Paris. A mãe, Suzanne (Juliette Binoche), é uma atriz de fantoches que utiliza as suas aptidões vocais para trazer à vida os shows que ela escreve. Suzanne contrata uma moça para tomar conta de seu filho. Essa jovem é uma estudante de cinema.

Fantástica essa prosopopeia, a ideia de um balão achar um menino e toma-lo para si como amigo, e não o contrário. O filme é uma epopeia de amor; bucólico, fascinante, de uma candura e inocência que comove o mais duro dos corações.

Assistir a esse filme é navegar pela nossa memória trazendo à tona lembranças da nossa meninice. O próprio adulto costuma dizer que fala com seus botões, onde, conclui-se que, não é nenhuma insanidade conversar com plantas, com o vento, ou adotar um balão como amigo, ao invés de adotar um animal para ser amigo.

Alguns podem pensar que pelo fato de A Viagem do Balão Vermelho ser uma espécie de recriação (não remake), esse pode ser o típico filme "sem história", mas basta mergulhar no universo daqueles personagens para identificar várias: a história da babá oriental aventurando-se a achar uma voz entre estranhos, da mãe perdida, longe do esposo, da criança que aprende a contemplar e amar sozinho o mundo que o abraça. O longa-metragem anda a esmo entre essas vidas como um balão solto na brisa, sem hierarquizá-las. Como na vida, o fim pode ser só um início.

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