A Viagem do Balão Vermelho é
uma alegoria sublime para meninos e meninas de 8 a 80 anos transformada em majestosíssimas
locações pelo diretor Hou Hsiao-Hsien. Ele se fundamentou no filme que sempre apreciou
e que assistiu quando ainda garoto,e que com certeza emocionou a muitos, "O Balão Vermelho", de Albert Lamorisse, sendo uma forma humilde de
homenageá-lo. A fita de Albert Lamorisse ganhou o Oscar de melhor Roteiro
Original na década de 50. É uma narrativa cinematográfica sobre um garoto sem
amigos que encontra um balão vermelho na rua. O balão estava amarrado a um
poste de iluminação e ao soltá-lo ele passa a segui-lo pelas ruas da capital
francesa, no metrô, nas avenidas, na escola e até a sua casa, como se fosse um
cãozinho de estimação apegado ao dono. O filme de Lamorisse tem mais de 40 anos
e continua fazendo a alegria e nutrindo o encanto essencial ao imaginário
infantil.
A Viagem do Balão Vermelho de
2007 é a recriação dessa história. Simon é um pequeno de sete anos e tem como companheiro
inseparável um emblemático balão vermelho que o segue por Paris. A mãe, Suzanne
(Juliette Binoche), é uma atriz de fantoches
que utiliza as suas aptidões vocais para trazer à vida os shows que ela
escreve. Suzanne contrata uma moça para tomar conta de seu filho. Essa jovem é
uma estudante de cinema.
Fantástica essa
prosopopeia, a ideia de um balão achar um menino e toma-lo para si como amigo,
e não o contrário. O filme é uma epopeia de amor; bucólico, fascinante, de uma candura
e inocência que comove o mais duro dos corações.
Assistir a esse filme é navegar
pela nossa memória trazendo à tona lembranças da nossa meninice. O próprio
adulto costuma dizer que fala com seus botões, onde, conclui-se que, não é
nenhuma insanidade conversar com plantas, com o vento, ou adotar um balão como
amigo, ao invés de adotar um animal para ser amigo.
Alguns
podem pensar que pelo fato de A Viagem do Balão Vermelho ser uma espécie de
recriação (não remake), esse
pode ser o típico filme "sem história", mas basta mergulhar no
universo daqueles personagens para identificar várias: a história da babá oriental
aventurando-se a achar uma voz entre estranhos, da mãe perdida, longe do esposo,
da criança que aprende a contemplar e amar sozinho o mundo que o abraça. O longa-metragem
anda a esmo entre essas vidas como um balão solto na brisa, sem
hierarquizá-las. Como na vida, o fim pode ser só um início.
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