Antes da Revolução; Clássico de Bertolucci resiste ao tempo

Misturando influências de Michelangelo Antonioni e do cinema de doutrinação política tão em moda, Bertolucci filmou Antes da Revolução com apenas 22 anos.
De Antonioni, o cineasta captou os questionamentos existenciais do personagem central da história, um jovem burguês tentando romper seus laços com a classe a que pertence e lançar-se na luta política de seus colegas de escola.
A morte de um amigo e a chegada de sua tia jovem e sedutora desviam Antes da Revolução de sua rota libertária para conduzi-lo pelo terreno das hesitações sentimentais.
Os jovens cineastas da época deixavam bem claro que os personagens em cena eram símbolos. As palavras de ordem da doutrinação comunista soam falsas na boca do jovem Fabrizio, que não conseguirá realizar a sua revolução.
Para dar um pouco de realismo, Antes da Revolução conta com o personagem de Adriana Asti, uma das muitas tias devoradoras de sobrinhos que o cinema italiano da época colocou em cena em dramas ou comédias.
Estreando no Brasil com 34 anos de atraso por causa da censura, o filme de Bertolucci aparece hoje como uma peça de museu, um produto típico do cinema italiano dos anos 60 e, como tal, sujeito a comparações com produtos mais elaborados e insinuantes.