O humanista do gênero policial: Georges Simenon
As tiragens acumuladas de seus livros atingem mais de 500 milhões de exemplares. É o autor belga, e o quarto autor de língua francesa mais traduzido em todo o mundo.
Seu personagem mais famoso é o Comissário Maigret, personagem de 75 novelas e 28 contos.
Georges começou a aprendeu a ler aos três anos na escola Sainte-Julienne. A partir de 1908, começa o primário no Instituto Santo André, onde foi pelos seis anos seguintes um dos três melhores alunos. Nesta época sua mãe começa a alugar quartos para estudantes ou estagiários de várias origens, o que foi para o menino uma extraordinária abertura para o mundo. A partir de 1914, vai estudar com os jesuítas no Colégio São Luís. No ano seguinte, com doze anos, teve sua primeira experiência sexual, com uma menina de quinze, que seria o contraponto à castidade pregada pelos padres, como revelou em uma autobiografia. Passa então ao colégio Saint-Servais, onde completa o colegial e se desilude com as classes sociais por causa do convívio com colegas mais abastados. Em 1918, a pretexto dos problemas cardíacos do pai, decide parar com os estudos, sem fazer nem os exames finais, arrumando pequenos empregos sem qualificação como aprendiz de confeiteiro. Em janeiro de 1919, em conflito aberto com sua mãe, começa como repórter no jornal "La Gazette de Liége", período extraordinário para o jovem de dezesseis anos, que escreve mais de 150 artigos com o pseudônimo de "G. Sim.". Se interessa particularmente pelos inquéritos policiais, e assiste conferencias sobre policia cientifica feitos pelo criminalista francês Edmund Locard. Nesse ano redige ainda seu primeiro romance, "Au pont dês Arches", publicado em 1921 com seu nome de jornalista. A partir de 1919, publica também o primeiro de cerca de 800 esquetes humorísticos sob o nome de Monsieur Le Coq . Nessa época aprofunda seu conhecimento do meio boêmio, das prostitutas, dos bêbados, anarquistas, artistas e mesmo futuros assassinos. Freqüenta também um grupo de artistas chamados "La Caque", onde encontrara uma estudante de Belas-Artes, Regine Renchon, com quem se casa em 1923
Em 1930, numa série de novelas escritas para ‘’Detective’’, coleção encomendada por Joseph Kessel, aparece pela primeira vez o personagem ‘’Comissário Maigret’’. Em 1932 parte para uma série de viagens e reportagens na África, na Europa, Rússia e Turquia. Depois de um longo cruzeiro pelo Mediterrâneo, embarca para uma volta ao mundo entre 1934 e 1935. Nas suas escalas, produz reportagens, encontra numerosos personagens e faz muitas fotos. Não se furta também de descobrir o prazer com mulheres de todas as latitudes.
Durante toda a guerra entre 1940 a 1945, continua vivendo em sua vila de Vendée, mas este período é mal conhecido e sujeito a múltiplas versões. Algumas pessoas acham que durante esse período crucial em sua vida e sua obra, o escritor se tornou um colaborador dos alemães, enquanto outros acham que foi somente oportunista ao aceitar escrever em jornais controlados pelos invasores. Mas com certeza Simenon nunca denunciou ninguém nem nunca se engajou. Algumas denuncias de conterrâneos foram atribuídas ao seu estilo opulento de vida, quando as pessoas sofriam com racionamentos e cupons de alimentação, de outro lado a Gestapo o investigou por achar seu nome parecido com antropônimos israelitas. Desse período com certeza sobraram seus escritos, vinte romances, onde o que se sobresai é a região de Vendée, descrita como uma região luminosa, impressionista, onde o mar reencontra a terra. A visão ambígua que Simenon tinha da região e da burguesia local ofuscava seus habitantes. Agradecidos mas relutantes, homenagearam o autor em 1989 dando seu nome ao cais da cidade. Também trocou uma longa correspondência com André Gide nessa época.
Em 1952 é nomeado para a academia belga. Volta definitivamente para a Europa em 1955, onde após um movimentado período na Côte d'Azur freqüentando o ‘’jet-set’’, se instala em Epalinges, ao norte de Lausanne, Suíça, mandando construir uma grande mansão. Em 1960 preside o festival de cinema de Cannes, que aquele ano premiou com a palma de ouro La dolce vita de Fellini.
Em 1972 Simenon renuncia ao romance, mas não havia acabado de explorar os meandros do homem, a começar por ele mesmo, em uma longa autobiografia com 21 volumes ditada em um pequeno gravador.
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