quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Segredos do Coração (La Bestia nel Cuore)




Antes, falando do título. Eu fiquei pensando no porque da escolha do que deram aqui: Segredos do Coração. Até já o deram a outro, refiro-me ao ‘Love Affair’. Do porque não escolheram um mais de acordo com o original. Pois nem todos os segredos que guardamos têm o peso de nos assombrar. Creio que assim o fizeram, porque há muitos segredos na trama. E segredos que machucam… Mas que pode afastar as pessoas, de deixarem de ver o filme.Eu confesso que fiquei em dúvida em qual caminho seguiria: se apenas os motivando, ou se me aprofundava mais na análise. O que não seria fácil em não trazer spoilers. O drama ‘La Bestia nel Cuore‘ vai nos conquistando aos poucos. Ah! Para aqueles que gostam em descobrir logo a trama principal, para em seguida se desinteressar em até acompanhar tudo com atenção. Fica já avisado que: 1- que já terá o principal segredo no início; 2- que só focar isso, irá perder uma bela história. Uma a mostrar que Família, podemos sim escolher. Pois nem sempre a que se herda é a que merece receber essa denominação. Temos nesse filme, uma emocionante lição de superação. Uma só não, há mais de outros personagens. Tentarei não trazer spoilers.O Cinema Italiano tem nos dado ótimas histórias centrando no núcleo familiar. Esse, é mais um. Chega a ser inadmissível o que os dois irmãos passaram. Enquanto um dos pais, se deixava dominar por sua perversão… havia o que não apenas fechava os olhos para o que acontecia, ainda exigia que tudo aquilo ficasse em segredo. Por que? A que preço tentava manter unida a sua própria família? Aquilo não era nem um lar. Seus filhos eram somente objetos?Uma das muitas reflexões que vem, e tem a ver com o título, logo com a trama a central, é sobre a nossa mente. Embora, no sentido figurado coração é sentimento, já chegarei aí… Ao longo da vida, as nossas vivências vão aumentando as nossas memórias. Fazendo uma analogia, nosso cérebro seria um mainframe. A cada dia, recebe mais dados. Eis que chegam num ponto, ele vai lá e compacta um pouco daquilo tudo. Vai fazendo assim de tempos em tempo. Meio que nos protegendo, algumas lembranças somem de vista…Você já parou para pensar qual seria a sua memória mais antiga? Da sua mais tenra idade? Em até no porque ela teve importância de ainda hoje lembrar com facilidade dela. Agora, e sobre alguma que por ser ainda muito criança, não teria como avaliar o quanto ela lhe faria mal, mas que não lembra mais dela?É meio por aí, que a Sabina vai tentar descobrir esse monstro que de repente voltou a lhe assombrar. Do qual não foi deflagrado do nada. Uma conjunção o trouxe à tona. E da sua infância.Os fatores foram: o tempo do túmulo dos seus pais expirara. É, a burocracia a chamando a findar de vez com os seus mortos. O outro, veio por conta da sua profissão: era dubladora. Até aí, nem seria muito pela cena violenta sofrida pela personagem do filme que lhe emprestava a sua voz. Em dar voz aquela cena. Pois ali naquela tela era uma ficção. Mas a abalou, e ela ainda não sabia o porque daquela projeção. Um outro que desencadeou os fantasmas da Sabina, ela só teria certeza um pouco depois. O fato de estar grávida. Assim, o seu corpo já estava captando todas as suas emoções, mesmo não tendo consciência ainda.Já fragilizada, os fantasmas da nova amiga, Maria, lhe confundem ainda mais a sua cabecinha. Até por não entender o seu corpo tendo repulsa pelo seu marido, Franco,… O destrata. Ele, por sua vez, só pensava em sua carreira de ator que não deslanchava. Não percebeu o quanto ela precisa dele. Ele só enxergava os seus próprios problemas. Mas Sabina não, mesmo passando por um inferno ainda se preocupava com uma velha amiga, Emília. Essa, a cegueira a fizera se entocar… Emília por sua vez, nutria um amor por Sabina…Quando o nosso cérebro envia recados que não estamos entendendo, estando acordados, ele tenta quando estamos dormindo, pelos sonhos. E é em um deles, que ela pega uma chave. Vê que quem poderá mostrar o arquivo certo, e até saber o que tem lá dentro, é seu único irmão, Daniele. Com vergonha do que pode vir a ter certeza, oculta do marido. Diz que quer rever o irmão e sua Família. Passar o Natal com eles. Por conta da longa distância, ela morando na Itália, e Daniele nos Estados Unidos, teria que levar mais dias separados. Por tudo que fervilha em sua mente… Então cobra do marido uma não traição. Numa relação que não ia nada bem.Mas naquele momento, o seu pesadelo maior é que teria que ser enfrentado. Sabina então vai ao encontro do seu irmão… Sem coragem de tocar no assunto, os dias passam… nesse ínterim algo lhe chama a atenção, o modo como o irmão trata seus próprios filhos… até que sua cunhada toca no assunto… Então… seu irmão lhe conta tudo. Tudo mesmo! É de nos deixar em suspense por uns instante até por não querer julgar aquilo, mas é difícil ficar indiferente. É difícil ser um juiz naquela história. Ele conta também que estar em Terapia para tentar superar. Ela então volta para casa. Tentando lidar com tudo, mas ciente da responsabilidade do filho que estar por vir. Franco ainda sem entender o porque dela ainda estar afastada dele, embora estejam junto.Mesmo que todos tendem a racionalizar os percalços dessa vida, algumas das regras já conceituada, não se encaixam. Para esses momentos, se faz necessário criar uma própria. E começar zerado. Ou não, como nessa fala do Daniele para Sabina:“Há dores que são incuráveis. A nossa é uma delas. Isso não nos impede de caminhar com os ombros retos. Agora que você é mãe, vai perceber como é importante o que falo. Uma cicatriz é um sinal indelével, não uma doença. Podemos retornar à vida, aquilo que achávamos que haviam nos roubado, mesmo se, para isso, tivermos que apagar para sempre as lembranças das crianças que fomos.“Lá no início eu citei que há mais segredos, não os trouxe por ter focado mais no drama dos dois irmãos. Mas as tramas paralelas são enriquecedoras. Até em mostrar que não adianta se esconder, que tal como Sabina fez, se tem que enfrentar o que nos amedronta, pois estão dentro de nós. E tirar dai um novo recomeçar. Em ir a luta! Pois, apesar dos pesares, a vida é só essa. Então, o mais certo a fazer é não desperdiçar esse tempo.Não deu para segurar lágrimas, risos e até um… um ‘È mole!’ com uma tal regra… nas cenas finais desse belo filme! Eu gostei muito! Confesso que de início achei que a atriz não conseguiria levar bem o personagem. Mas aos poucos fui percebendo que fora o caminho escolhido por ela. Assim, o filme por um todo acabou me conquistando. Não percam! Dou um dez!

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