quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Os Sonhadores







Parecia uma grande idéia: Bernardo Bertolucci, diretor de "O Último Tango em Paris", um dos filmes mais eróticos da história do cinema, fazer um filme sobre o começo da revolução sexual, em maio de 1968 em Paris, particularmente num momento preciso em que os jovens descobriam a Cinemateca Francesa (onde se formaram os críticos e cineastas da nouvelle vague), que sofria uma intervenção que destituía seu fundador, Henri Langlois. Isso, de certa maneira, seria o começo das manifestações de rua que se transformariam em motins e modificariam a sociedade francesa e o resto do mundo para sempre. O resultado chamado "Os Sonhadores" é tímido, discreto e apenas curioso. Quase nostálgico. Nunca inflamado ou apaixonado, como seria de esperar de um cineasta da estatura de Bertolucci ("O Último Imperador"), ainda mais falando de um assunto que entende e gosta: o cinema. Assim, é muito simpático rever Jean-Pierre Léaud, como si próprio, participando dos protestos, assim como as rápidas inserções de trechos e citações de 29 filmes famosos (como "Acossado", de Godard, "O Picolino" com Fred Astaire, "Monstros", "Vênus Loira", com Marlene Dietrich, e "Sabes o que Quero", com Jayne Mansfield).Cinéfilia à parte, o filme, porém, nunca decola. O roteiro de Gilbert Adair utiliza um velho esquema do romance: o jovem inocente americano que vai para Paris aprender sobre a vida e o amor (feito pelo inexpressivo Michael Pitt, que não é parente de Brad) e se envolve com um casal de irmãos (Eva Green, filha da estrela dos anos 60 Marléne Jobert, e Louis Garrel, este muito parecido com seu pai, o diretor de cinema e ator Philippe Garrel). Todos eles são malucos por cinema _o que justifica as citações_ e estão na fase de experimentação sexual, o que leva a alguns jogos perigosos. No livro que deu origem ao filme, o triângulo amoroso tinha um ângulo homossexual que Bertolucci não teve coragem de abordar. Alguma nudez, algum sexo, nada, porém que assuste mesmo nestes tempos pudicos.Superficial e tolinho, sem questionar muita coisa, também se conclui de forma imperfeita. Edição em DVD traz making of, documentário "Do Outro Lado da Janela" (sobre os acontecimentos na França em maio de 68), clipe de "Hey Joe" (com Pitt, dirigido por Bertolucci). Tudo legendado. Mas não tem comentário em áudio do diretor e do produtor, Jeremy Thomas, como na versão americana.


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