A Noite de São Lourenço ***** (La Notte di San Lorenzo)
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Dois ou três personagens se destacam mais, mas é um filme sobre o coletivo, sobre os moradores de San Martino, um vilarejo da Toscana. O espectador acompanha ao mesmo tempo uns 20 personagens.
O mais impressionante de tudo, me pareceu, é que, no meio de toda aquela loucura, aquela insensatez, aquele desatino, ninguém, em momento algum, questiona todo o absurdo da guerra, da perda das casas, da caminhada louca à procura de nada, das mortes todas. Quero dizer: o filme foi feito para isso, para questionar o absurdo da guerra, o absurdo da divisão dos próprios italianos, da guerra civil que se instala, os assassinatos de irmãos, o fato de que todos, em determinado momento, se transformam em assassinos. E, para questionar isso, o filme propositadamente não mostra um só personagem perplexo com o fato de que todas as ordens naturais das coisas foram para o espaço, para o vinagre. Como se, na guerra, todos aceitassem como normal a loucura, o contra-senso, a vida de pernas para o ar.
A própria narradora da história – contada como uma fábula para fazer dormir o seu bebê – tinha seis anos em 1944, durante os acontecimentos, e se divertia com tudo aquilo, a vida fora da rotina, como se a guerra fosse um feriado, uma feira, um playcenter.
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