quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Cuíca de Santo Amaro. Um longa-metragem sem reserva para um personagem libertário...


Assisti hoje à tarde na UFBA ao maravilhoso filme Cuíca de Santo Amaro e confesso que me diverti muito. Ri tanto que algumas pessoas até olharam para trás (rindo também). Um documentário excelente que busca recuperar a riquíssima história de José Gomes, o Cuíca de Santo Amaro. Cuíca viveu em Salvador e ficou famoso entre os anos 40 a 60 do século XX pelas poesias que fazia e os livretos que produzia. Escrevia, declamava, distribuía e vendia a varejo e atacado em várias partes do Centro de Salvador, principalmente na Baixa dos Sapateiros a sua poesia cruel, forte, contundente, panfletária e (principalmente) excitante dos usos e costumes, mazelas e glórias da Cidade da Bahia. Cuíca passeia entre o poético e o nefasto, da chacota a denúncia, do drama, daqueles mais burguesinhos ao épico mais engajado; por conta disso fala sobre adultérios, descoberta do petróleo em Salvador, Segunda Guerra Mundial, assim como a história da mulher de Brotas que capou o marido mulherengo, ou então do sujeito que tinha um pênis tão grande que conseguia carregar no bilau trinta quilos sem arriar. Isso sem nenhuma cerimônia, do mais alto ao mais baixo calão.
Talvez alguém possa compará-lo ao personagem de Mario de Andrade, Macunaíma; sem caráter, vendendo versos ainda não escritos para os poderosos, por causa de um ou outro escândalo que descobriu. Algumas vezes até foi pago para inventar histórias escandalosas de alcova. Não foram poucas as vezes que tomou uns tabefes e foi parar na delegacia.
Um trabalho indispensável para a construção da memória do povo da Bahia. Com belas e bucólicas imagens de Salvador na primeira metade do século XX, Cuíca de Santo Amaro é um filme maravilhoso. Confira o trailer!
 

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