Textos sobre literatura, música, cinema e filosofia - e sobre o que mais vier.
domingo, 11 de agosto de 2013
Guantanamera. Uma homenagem a Cuba e aos cubanos...
“Fale de
sua aldeia e estará falando do mundo” disse alguém, creio que Tolstoi. Assim é
com Jorge Amado e sua Bahia de Todos os Santos, assim é Gabriel Garcia Marquez
com sua Macondo, microcosmo que reproduz os problemas colombianos e assim é no
cinema com Woody Allen, por exemplo, e sua New York e é desse modo também que
ficamos conhecendo Cuba através do bom humor e da critica afetiva de Gutierrez
Alea. Com Guantanamera, Alea revisita
sua Cuba querida de uma maneira bem-humorada e criativa. Segunda parceria sua
com Juan Carlos Tabío, depois do sucesso de Fresa y chocolate, Guatanamera acabaria sendo o canto do
cisne de Alea que morreria no ano seguinte, abril de 1996. Temas como a
velhice, a amizade, encontros e desencontros são tratados de maneira sutil e
delicada, filtrados através de um olhar por vezes nostálgico e sempre afetivo. Guatanamera pode ser descrito como um
road movie incomum, estranho e absurdo: indo visitar sua cidade natal,
Guantanamo, depois de cinqüenta anos ausente, bem-sucedida como atriz em La
Habana, Yoyita reencontra seu eterno amor a quem tinha visto pela ultima vez
quando ainda era uma niña de 12 anos. A emoção do reencontro e das lembranças
de juventude acabam sendo um pouco demais, matando a velha atriz, e é no translado
por terra de Guatanamo a La Habana do corpo de Yoyita que a estória se
desenrola. Durante a viagem insólita acontecerá de tudo. Situações cômicas e
tristes, encontros e rupturas, risos e lágrimas.
É assim o
cinema de Alea: usando o microcosmo de sua aldeia e falando de coisas banais e
corriqueiras ele alcança uma dimensão muito maior: o microcosmo representado o
mundo, a dimensão humana e universal. Todos nós podemos nos reconhecer nos seus
filmes, lá observamos a nós mesmos nos nossos conflitos e além de tudo
simpatizamos com nossos semelhantes nas suas duvidas, paixões e esperanças e
confirmamos de fato que nossa aldeia é o mundo.
Sempre fui amante de filmes e um leitor voraz, desde que me entendo por gente. Nunca deixei de achar fascinante o fato de que há histórias maravilhosas dentro de livros e de telas luminosas . Portanto, este blog é uma espécie de extensão do meu hábito de leitura e cinema. Aqui, comento sobre as obras que leio, os filmes que vejo e os comentários geralmente são mais de caráter pessoal do que técnico. A intenção deste espaço é servir de guia para os outros que, como eu, não conseguem ficar afastados de um bom livro ou de um filme espetacular. Ocasionalmente, teço opiniões sobre algum assunto de importância pública. Sejam bem-vindos!
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