sábado, 24 de dezembro de 2011

Um olhar tocante em um filme sobre a Primeira Guerra que possui um foco diferente do padrão.



O estudo cinematográfico pertinente às duas grandes guerras do século passado gira, normalmente, dentro de um molde. Na imensa maioria dos títulos, mostram-se homens de um dos lados da batalha sofrendo os efeitos – físicos e psicológicos – derivados do cenário de barbárie. Feliz Natal, produção indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006, investe em um enfoque diferente, aproveitando-se de uma fantástica história real sucedida nas trincheiras, no Natal de 1914. Na França durante a Primeira Guerra Mundial, franceses e escoceses tentavam evitar o avanço do exército alemão. Em meio à batalha, os soldados dos três exércitos encontraram momentos para celebrar o Natal. No lado escocês, um padre chamado Palmer principiou uma cantoria de músicas típicas com seus homens. A resposta alemã foi à altura, com o tenor – agora soldado – Sprink cantando músicas natalinas. Em pouco tempo, os dirigentes dos três exércitos concordaram com um cessar-fogo para a noite de Natal, originando a confraternização entre os soldados. Feliz Natal é uma película edificante sobre o melhor lado da natureza humana. É formidável e, a certo ponto, reconfortante saber que os fatos descritos no filme ocorreram em não apenas uma, mas em diversos locais dos campos de batalha naquela noite. É encantador acompanhar essa expressão única de altruísmo. Neste sentido, o diretor do filme acerta ao não interferir demais ou tornar as cenas forçosamente dramáticas, deixando a força da história falar por si. Cenas como a da missa, na qual homens que deviam estar tirando as vidas uns dos outros se sentam lado a lado para ouvir uma canção, não necessitam de artifícios dramáticos para emocionar. O espectador sente-se atingido emocionalmente pela simples compreensão de que aquilo realmente aconteceu, de que tais instantes de generosidade foram encontrados em meio à brutalidade. Os soldados veem-se em dilemas nos quais não haviam entrado até então. Como continuar a guerra após descobrir que o inimigo é idêntico do ponto de vista humano? Como avançar assassinando quando se tem a noção de que não existem monstros do outro lado, mas seres humanos com aspirações e quimeras? E, talvez até mais importante, com o mesmo medo da guerra e igual saudade de casa? São estes pontos que levam o comandante francês responder a um superior quando é confrontado sobre a maneira de agir da sua tropa: “Morrer amanhã é ainda mais absurdo que ontem”.
Escrito e dirigido pelo francês Christian Carion, Feliz Natal é uma obra universal, capaz de atingir a todos por sua mensagem de esperança e solidariedade.
Bem dirigido e interpretado, o filme recompensa ser visto por sua mensagem de alento e esperança. Mesmo nos momentos mais difíceis, basta um pouco de boa vontade para que o ser humano consiga encontrar seu lado bom. Como fizeram estes homens naquela fria noite de Natal.

1 Comentários:

Às 8 de março de 2013 às 08:59 , Blogger Unknown disse...

Uma vez mais o parabenizo com seu bom gosto em matéria de filmes.
Aluguei este filme por causa do meu ídolo Daniel Brühl e a surpresa foi constatar uma obra maravilhosa, leve e tocante do cinema Europeu (para mim o melhor do mundo).
Filmes que agora constam no meu acervo Daniel Brühl e que recomendo a todos a irem a suas locadoras e levarem para ver:
Eva, um novo recomeço.
Feliz Natal.
Vítimas da Guerra.
Estrada de rei.
Lições de um Sonho.
Minhas palavras, minhas mentiras.
O Violinista que veio do mar.
Os educadores.
Pra que serve o amor só em Pensamentos.
Prisioneiros da magia.

 

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