Finalmente; Meia Noite em Paris
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F. Scott Fitzgerald (Tom Hiddleston), Ernest Hemingway (Corey Stoll), Gertrude Stein (Kathy Bates), T.S. Eliot (David Lowe) e até mesmo Pablo Picasso (Marcial Di Fonzo Bo), Luis Buñuel (Adrien de Van) e Salvador Dalí (Adrien Brody) são astros com quem ele tem a oportunidade de trocar algumas opiniões. A película vai se revezando entre o arrebatamento de Gil pelas estrelas do passado, por sua decepção com a falta de apoio de Inez em relação a seu livro e pela descoberta de novos amores. Primeiro filme do diretor rodado na França percebe-se a sua vontade de exibir o encanto de Paris. As imagens seguidas de cartão postal que iniciam o filme funcionam como uma maneira de apresentar a cidade ao espectador, mostrando que o cenário não é mais a corriqueira Nova York, nem mesmo Londres, lugar que tem despertado a atenção de Allen recentemente. Aqui, Paris aparece como fonte de inspiração justamente pelos seus cafés, pelas suas encantadoras ruas e principalmente pelo seu passado.
Como na maioria de seus filmes, Woody Allen constrói o protagonista baseado em si mesmo. Gil é inseguro, reservado, usa a camisa pra dentro da calça e anda sempre com as mãos no bolso, exatamente como o diretor. O próprio personagem do livro de Gil é igual ao personagem de Allen. Ambos são apegados ao passado e utilizam artifícios para não se desvencilhar dele.
A direção de Woody Allen surpreendeu, já que a expectativa era baixa após o fraquíssimo “Você vai conhecer o homem de seus sonhos” do ano passado. O tom fantasioso já visto em “A Rosa Púrpura do Cairo”, por exemplo, retorna neste seu trabalho. Assim como na produção de 1985, o diretor não se preocupa em explicar como o protagonista se desloca no tempo, mostrando que o que importa mesmo é a jornada do personagem e não os artifícios que existem por trás dela. “Meia noite em Paris” é uma declaração de amor. Uma declaração de amor à cidade, às artes e às noites chuvosas. Mas, disfarçado no charme de Paris, o filme, na verdade, quer nos mostrar que viver em função do passado só causa frustração. O passado serve apenas como base para a construção do que somos hoje. Porém, a verdade é que ninguém nunca está plenamente satisfeito com seu próprio presente.
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