quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Abraço Partido - Mais uma vez Argentina





Acabei de assistir pela segunda vez em três meses este brilhante filme argentino. Um filme fabuloso sobre a vida na sociedade judaica de Buenos Aires – gostoso, interessante, sensível, inteligente, bem interpretado, com bom roteiro. E não consigo parar de me perguntar: mas por que será que nossos “Hermanos” argentinos sabem fazer cinema melhor que nós? Por que os roteiros são melhores, mais bem desenvolvidos, os personagens mais bem esboçados, e os atores mais preparados para cinema? E por que eles conseguem fazer filmes sobre a vida o amor, a morte de pessoas normais, gente como a gente, com suas pequenas alegrias, grandes tristezas, a vida comum, real, sem deixar de mostrar a conjuntura que está por trás, a Grande História por trás das histórias dos personagens, e no Brasil boa parte dos filmes são sobre miseráveis, ou violentos, ou fora-da-lei, ou doidos de pedra, ou tudo isso junto ao mesmo tempo?
Este foi o terceiro dos quatro filmes em que o diretor Daniel Burman, nascido em Buenos Aires, trabalhou com o ator Daniel Hendler, nascido em Montevidéu. Fariam juntos dois anos depois Direito de Família, que é ainda melhor que este aqui. O Abraço Partido conta, com um ritmo gostoso, agradável, as histórias de várias pessoas que têm em comum o lugar onde trabalham e se encontram, uma galeria de lojas em Buenos Aires. Ariel, o personagem de Daniel Hendler, é uma das pessoas que freqüentam a galeria; sua mãe tem uma lojinha de lingerie, seu irmão trabalha com exportação e importação; algumas pessoas estão à procura de passaporte do país da Europa unificada de onde vieram seus pais e avós, uma saída para a vida sempre apertada em um país do Terceiro Mundo de economia sempre instável. Já Ariel está à procura de respostas para suas dúvidas de jovem ainda não instalado no mundo dos adultos – inclusive as sobre sua origem, sua família, seu pai, que um belo dia abandonou mulher e filhos para ir lutar no exército de Israel e nunca mais deu notícia. Este é um grande exemplo de um filme feito com poucos recursos (como a maioria dos filmes argentinos), onde o perdão, a reconciliação, a vontade de assumir as origens é explícita, além do mais mostra que não é preciso falar o tempo todo em holocausto par nos enternecer.

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