sábado, 8 de janeiro de 2011

Feitiço do Tempo










Foi com muita emoção que revi ontem esse cômico e singelo filme. Confesso que ao final , foi inevitável uma pausa para refletir sobre como tratamos o tempo em nosso século. Lidar com o tempo na sociedade contemporânea tem sido um dos maiores desafios que o homem tem enfrentado. Desde a Revolução Industrial foram criados inúmeros artifícios que teoricamente deveriam permitir que conseguíssemos dispor de mais horas para nossas atividades fora do trabalho, no entanto, o que podemos perceber é que há mais e mais pessoas reclamando continuamente da falta de tempo para o lazer, para a família, para novos estudos e por aí afora.
E se tivéssemos a nossa disposição a possibilidade de viver um mesmo dia outras vezes, em quantidade suficiente para que conseguíssemos corrigir os erros cometidos, aperfeiçoar ainda mais os acertos, ter um melhor relacionamento com as pessoas (reparando as eventuais falhas ou deslizes que cometemos no cotidiano) e, principalmente para que nossas vidas fossem mais interessantes e estimulantes.
Esse é o mote que carrega a trama do filme "O Feitiço do Tempo", estrelado pelo comediante Bill Murray (mais conhecido do grande público pelos filmes da série "Os Caça-fantasmas") e pela bela Andie MacDowell (do sucesso inglês "Quatro Casamentos e um Funeral", entre outros) e dirigido pelo também ator de comédias, Harold Ramis.
O que é aparentemente mais uma daquelas despretensiosas comédias norte-americanas constituem um filme de grande interesse para as escolas por nos permitir refletir a respeito não apenas da forma como nos relacionamos com o tempo que temos em nossas vidas (o que por si só já seria importante, diga-se de passagem), mas, também, do modo como estamos vivendo nossos elos com pessoas de suma importância em nossas vidas (nossas famílias, amigos, colegas de trabalho ou de escola,...).
O Feitiço do tempo é tão instigante que foi indicado em importante e renovador trabalho da área de filosofia que vem sendo utilizado em algumas de nossas escolas, isso lhe confere a aura de filme que realmente merece uma análise mais cuidadosa e uma reflexão mais profunda.
A história se inicia com uma equipe de jornalistas de uma estação de TV que são encarregados de produzir uma matéria sobre o "dia da marmota", tradicional festa realizada numa cidade do interior do estado onde opera a emissora. O repórter escalado para tal função está tendo que cumpri-la pelo quinto ano consecutivo e, fica extremamente aborrecido com isso. Some-se a esse dissabor o fato dele se tratar de uma pessoa cínica, que se confere o status de estrela e que, além disso, trata os outros com enorme desdém, para que possamos imaginar como o tempo pode curar as maiores feridas ou ainda, nos ajudar a consertar mesmo aquilo que aparentemente não tem solução aparente.
O que ocorre a seguir é a mesmice dos anos anteriores, as pessoas se repetem os acontecimentos e mesmo as falas do "dia da marmota" parecem idênticas àquelas que o tal repórter presenciou nas visitas dos anos passados. Quando termina a filmagem, ele imediatamente entra na van que os levou e, junto com a produtora da rede de TV e o cinegrafista, tomam o caminho de volta para casa. Uma grande nevasca acaba interrompendo a viagem de volta e os obriga a retornar para a cidade onde ocorre o evento que eles acabaram de filmar e ele tem que passar a noite por lá.
Quando o despertador do hotel onde eles estão hospedados toca, Phil Connors (Bill Murray) se levanta assustado, pois a música e os diálogos do radialista são os mesmos do dia anterior, imediatamente ele olha pela janela e se depara com uma situação semelhante a do dia de ontem, quando havia ocorrido a festa na cidade. Ele troca de roupa e desce as escadas deparando-se com as pessoas com as quais havia encontrado na véspera e, para seu espanto, as conversas que elas tem com ele iniciam-se do mesmo modo. Ao perguntar em que dia estão, é informado de que se trata do em sua opinião, famigerado "dia da marmota".
Phil parece ter ficado preso no tempo, exatamente no dia que lhe parece o mais odiável entre todos os de sua vida. As pessoas ao seu redor não tem a mesma consciência que ele, para elas, o dia não está se repetindo, o que lhe causa ainda maior angústia.
À princípio ele usufrui do conhecimento que possui em relação as coisas que ocorrem ao longo desse período de 24 horas de forma a obter vantagens para si mesmo. À medida que percebe que não consegue sair daquela situação (acorda várias vezes na mesma condição, amarrado a cidade, a marmota, aos habitantes, ao hotel e a seus companheiros de trabalho) fica desesperado, com o passar do tempo, amadurece sua relação com o acontecimento e busca um desfecho positivo para esse momento ímpar.

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