O Caso Saint-Fiacre
Resolvi
começar esta série de artigos sobre a literatura de Georges Simenon por este
livro, pelo fato de ter sido o primeiro dele que li; o primeiro de muitos.
Confesso que me apaixonei completamente pela literatura desse belga, e por
todos os seus personagens. Como me considero um leitor
contemplativo/meditativo, é comum que depois da leitura de um livro eu passe
alguns dias em estado de graça por conta de tudo que li: dialogo com os
personagens, bem como com o escritor, concordo ou discordo de seus atos e, vez
por outra, até consigo arrumar um lugarzinho para mim na trama. Em se tratando
de um Simenon então, o êxtase é dobrado. Suas histórias, bem como seus
personagens de cunho psicológico conseguem tocar fundo na alma humana. De toda
a sua vasta obra, Maigret é o seu personagem mais popular, pois foram 84
romances protagonizados pelo mais humano dos detetives. Para o grande Jules
Maigret, acima de glórias e vaidades encontra-se o ser humano; esse ser tão
complexo que “sabe a dor e a delícia de ser o que é”.“Comunico-lhe que um crime será cometido na igreja de Saint-Fiacre durante a primeira missa do Dia de Finados.”
A tensão cresce ao longo do livro, de forma quase imperceptível. A cena da revelação é conduzida de forma perfeita, tanto que, algum tempo depois de ter escrito o livro, Simenon concedeu entrevista e declarou que “estava sob o signo de Sir Walter Scott”: os suspeitos reunidos em um velho e decadente castelo, sob o frio invernal da noite.
Este livro é para se ler de um fôlego só. É Simenon em estado de graça!

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