Ontem tive o prazer de assistir este belo filme em um canal a cabo especializado em filmes Cult. "Nascidas para sufrir" (é assim mesmo que se escreve), é o título desta bela fita que narra a história de Flora,
uma solteirona que mora numa aldeia na Espanha e que dedicou (pelo menos é o que ela diz) sua vida a cuidar de
outros. Sua única irmã morreu ainda jovem em um acidente automobilístico junto com o marido, ela assumiu a criação das três
sobrinhas, agora adultas. Aos 73 anos, seu medo é que as ditas sobrinhas a coloquem num asilo. Desconfiada das jovens, a única pessoa na qual Flora
realmente confia é a sua devotada empregada Purita. A moça (na verdade uma quarentona) trabalha incansavelmente
e lhe é dedicada há anos, logo Flora decide que quer deixar seus
bens para Purita. Ao consultar um advogado pretendendo adotá-la, descobre que
são muitos os trâmites e é aconselhada a tomar uma medida mais simples e singular
para garantir que sua vontade seja feita: casar com Purita.
Por tudo
de melodrama que um título desses poderia evocar, Nascidas para Sufrir
revelou-se outra surpresa. Leva um pouco de tempo para pecebermos
que tal título é na verdade, uma grande ironia, já que a
personagem Flora vive repetindo que é tão boa e se sacrificou tanto pelos
outros. E é justamente por ela ser tão insistente nessa lamúria que nos perguntamos se as
coisas realmente são como ela descreve. Sua relação com Purita joga ainda mais
lenha na fogueira, pois ao mesmo tempo em que ela parece tiranizar a passiva
empregada, fica a dúvida se também Purita seria a coitadinha que parece. Enfim,
neste roteiro habilidoso e sujeito a várias interpretações interpretações (gosto muito quando a coisa é assim), o espectador vai
mudando sua opinião a respeito dos personagens o tempo todo. Com uma série de
reviravoltas pequenas e significativas ao longo do filme, toda vez que
pensamos que a trama está a ponto de se estabilizar, novos fatos
balançam o rumo da história.
Com um
ritmo ágil, boas interpretações e direção segura, Nascidas para Sufrir é um retrato
muito interessantíssimo das relações pessoais e uma inteligente anedota em
cima do velho mote da luta de classes. Divertido na superfície, mas também
contundente em vários aspectos. Vale a pena conferir este
novo trabalho!
1 Comentários:
Parabéns pelo teu blog, Jeferson, Perfeito! fazes uma abordagem sobre todos os assuntos de uma forma q adorei....virei sempre!!!
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