quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ternura (Vinícius de Moraes)


Eu te peço perdão por te amar de repente

Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos


Das horas que passei à sombra dos teus gestos


Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos


Das noites que vivi acalentado


Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo


Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.


E posso te dizer que o grande afeto que te deixo


Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas


Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...


É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias


E só te pede que te repouses quieta, muito quieta


E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora.




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