domingo, 21 de agosto de 2011

Série Antoine Doinel - "Os Incompreendidos"






Como prometi, começamos hoje a nossa série de filmes de Truffaut com o personagem Antoine Doinel. Bom, pra começar, o Antoine Doinel era uma espécie de alter ego do próprio Truffaut. Então, tem umas coisinhas sobre ele que vale a pena contar. O Truffaut teve uma infância e adolescência bem sofrida: nunca conheceu o pai biológico, foi rejeitado pela mãe e criado pelos avós maternos até os 10 anos. Quando a avó morreu, voltou a viver com a mãe e um padastro – que lhe emprestou o sobrenome, mas que ainda o rejeitavam violentamente. Ia mau na escola, até abondoná-la, quando começou a praticar pequenos furtos. Enfim, a essas alturas, já tinha uma paixão muito grande pelo cinema, plantada pela avó falecida, e com 14 anos fundou um cine-clube. Óbvio, o clube não deu certo, mas fez barulho. E um grande crítico e também dono de cine-clube, André Bazin, se sensibilizou com o menino cinéfilo e o ‘adotou’. Virou um tutor intelectual e pai adotivo de Truffaut. Livro daqui, filme dali até que o Truffaut se transformou num dos grandes nomes da Novelle Vague, primeiro como crítico e depois como cineasta, revolucionou o cinema francês e influencia, até hoje, gente no mundo inteiro, com suas obras fantásticas, eternas. Mas eu comecei falando do Antoine Doinel, que é o personagem – atenção, não se percam! Um dos primeiros filmes do Truffaut, o primeiro autobiográfico e o que projetou seu nome no mundo, foi o Le 400 Coups, ou Os imcompreendidos - que conta a infância e adolescência do Doinel. Para o papel, ele escalou Jean-Pierre Léaud, então com 14 anos. É claro, a história se repetiu e Léaud transformou-se também em pupilo e meio que filho de Truffaut. E assim o Truffaut seguiu fazendo filmes com o Jean-Pierre por mais 20 anos, com ou sem o Antoine Doinel. A série começa com "Os Incompreendidos", seguido de um curta chamado "Antoine et Colette", que compõe o filme "Amor aos 20", uma coletânea de curtas de vários diretores. Depois vem "Beijos Proibidos / Baisers Volés", que apresenta a encantadora Claude Jade, por quem o Truffaut caiu em perdição, largou a mulher milionária e se casou, perdido de amor. Na seqüência, também com a dupla campeã Jean-Pierre/Claude Jade, "Domicílio Conjugal". A série encerra com "Amor em Fuga", que traz de volta a não menos linda Collete, de quase 20 anos antes. Todos os filmes são maravilhosos.
Tudo me encanta nos filmes do Truffaut: os roteiros perfeitos, inteligentes, sensíveis, a narrativa fluente, a fotografia deslumbrante, as trilhas sonoras, uma mais perfeita que a outra, e por aí vai. Dava pra falar muito dele, mas aí entramos em outra seara. Já me estendi demais. Vamos ao filme de hoje





Este é o primeiro da série e a história dele já está bem contada lá em cima. O Antoine Doinel é maltratado pela mãe e pelo padastro e começa a aprontar deliciosas travessuras na escola - a cena em que a turma sai para um passeio na cidade e, pouco a pouco, todos fogem do professor, é ótima. Apanha da mãe, é expulso, vai para um reformatório, enfim... É a infância do Truffaut retratada em filme. Fantástico. Quem conseguir este DVD que está aí na foto, poderá ver também o curta Antoine e Colette, de 1962. Aqui Doinel volta à Paris para morar sozinho, arruma pequenos bicos, reencontra amigos e se apaixona, por música, arte e por Colette. É o início da juventudade e da saga de amores de Doinel. De todos os outros filmes da série ste é na minha ponião aquele que mais me chamou atenção em relação a qualidade da trilha sonora que casa perfeitamente com o movimento de câmera. A cena de abertura é simplesmente perfeita, revelando uma Paris em preto e branco, charmosa até mesmo no inverno, sensacional! Amanhã trarei o segundo filme da série. Até!





























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