quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fellini - o gênio imortal







Fellini nasceu em 1920, em Rimini, pequena cidade praieira da Itália. Iniciou como jornalista em Florença, na revista de humor "Marc Aurelio", provando ser extraordinário desenhista e caricaturista. Logo depois, passou a escrever pequenos roteiros e piadas para comediantes. Seus mestres no cinema foram Rossellini, para quem trabalhou em vários projetos (inclusive "Roma, cidade aberta" e "Paisà"), adquirindo conhecimento da mecânica da produção audiovisual, e Alberto Lattuada, com quem co-dirigiu seu primeiro filme. A influência neo-realista é visível na primeira fase de suas obras, com muitos personagens populares, de fácil identificação e grande carga emocional. Pouco a pouco, a imaginação de Fellini foi superando seu compromisso com a realidade. Em "Oito e meio" já estão presentes o sonho, a fantasia e o grotesco, que formariam a matéria-prima de sua carreira. Fellini escrevia roteiros, mas sempre a contragosto. Dizia que era uma pena transformar em palavras o que, na verdade, deveria ser transportado diretamente da sua imaginação para o filme. Gostava de inventar, de trabalhar com atores amadores e de não planejar muito metodicamente sua rotina de trabalho. Sabia cercar-se de outros grandes talentos, que enriqueciam as películas e davam um suporte seguro para suas "loucuras": Giulietta Masina (atriz), Marcello Mastroianni (ator), Nino Rotta (músico), Tonino Guerra (roteirista). Embora, em alguns filmes (principalmente em sua obra-prima "Amarcord" e no feroz "Ensaio de Orquestra") abordassem temas políticos, Fellini não se sentia à vontade com cobranças ideológicas: "Minha natureza não é política; e o discurso político me confunde na maioria das vezes. Não o compreendo. Mas confesso isso como uma fraqueza, como uma de minhas carências." Poucos diretores de cinema conseguiram marcar tão claramente seu estilo, a ponto de virar adjetivo. Dizer que tal filme ou tal personagem é "felliniano" significa identificá-lo com a estética ao mesmo tempo barroca e popular de seus trabalhos das décadas de 60 e 70, em que o exagero e a predileção pelo inusitado conduzem, na verdade, a uma reflexão séria - e muitas vezes cruel - sobre o cotidiano de seres humanos frágeis e anônimos. Em seus melhores filmes, como "Os boas vidas", "Julieta dos espíritos", "A doce vida", "Amarcord" e "La nave va", Fellini demonstra que o cinema pode ser absolutamente autoral sem perder sua universalidade.

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