quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os Boas-Vidas (1953)





Dia desses revi Os Boas-Vidas, magnífico filme de Federico Fellini. Foi a minha segunda película do mestre de Rimini. O primeiro contato com sua obra deu-se com A trapaça, que já contém muito da mordacidade e de um tipo único de lirismo que marcariam, ao lado de muitos outros predicados, os trabalhos do cineasta.
Nos anos 50, numa cidade do litoral da Itália, um grupo de jovens de famílias abastadas vive pequenas aventuras, que os fazem esquecer de suas vidas medíocres e sem futuro.
O primeiro filme francamente autobiográfico de Fellini, que se retrata na figura de Moraldo (Interlenghi é o astro de Sciusciá), que mais tarde deixaria a cidade de Rimini para se tornar jornalista em Roma. O filme marcou época, ao fazer um retrato poético e carinhoso dos jovens do pós Guerra, que vivem numa cidade de interior sem perspectiva, conversando em bares e realizando pequenos "aprontos" para fugir da mediocridade.Com música de Nino Rota e cópia remasterizada, é difícil não se identificar com os protagonistas, principalmente se você nasceu numa cidade do interior do Brasil. O filme já começa num concurso de beleza, quando a vencedora, irmã de Moraldo, revela-se grávida e é obrigada a se casar com o amigo dele, Fausto. Riccardo Fellini é irmão do diretor. Vencedor do Leão de Prata em Veneza. Indicado ao Oscar de Roteiro Original. Serviu de inspiração para "Caminhos Perigosos", de Martin Scorsese e para muitos outros filmes.
Voltando a Fellini e à sua grandeza, emociono-me tremendamente com sua obra porque reconheço nela nossas caras problemáticas. Descubro, então, que o mestre soube como nenhum outro converter nossos paradoxos, dores e angústias em matéria-prima para a confecção de seus gloriosos mostrengos. Somos nós, enfim, os grandes palhaços de seu picadeiro. Ave, Fellini!

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial