sábado, 30 de abril de 2011

A Religiosa. Discussão entre a religião e o cinema na França



















Pensem num filme que causou um enorme alvoroço quando foi lançado. Multiplique as polêmicas ao quadrado, e vocês terão uma ligeira noção do que foi que esse trabalho cinematográfico causou em 1966, ano de seu lançamento. O cineasta francês Rivette queria adaptar o romance de Denis Diderot (1713-1784), A Religiosa. A comunidade católica francesa se pôs em polvorosa mesmo antes que qualquer imagem tivesse sido filmada. Desde a apresentação do roteiro à “comissão de controle” em 1962, o filme já estava ameaçado de interdição total, o início das filmagens tendo sido autorizado apenas em 1964 sob “advertência”. O anúncio dessa decisão só faria aumentar as pressões de origem religiosa sobre Alain Peyrefitte, então Ministro da Informação, que cedeu. Em sua maioria, a imprensa foi contra a interdição de A Religiosa. Os religiosos diziam que a obra possuía um tom blasfematório que os desonrava. Yvon Bourges, o ministro seguinte, acaba interditando o filme em 1966. Seria preciso esperar até julho de 1967 para que A Religiosa passasse novamente pelas mãos da comissão e pudesse chegar finalmente aos cinemas. O mais curioso, é que todo esse barulho aconteceu em função de um filme cuja fonte é um livro existente na França desde 1796 (tendo sido publicada em partes a partir de 1760)! As duas irmãs de Suzanne Simonin foram ricamente dotadas. Seu pai já não pode dar ao luxo de fazer o mesmo por ela, que, aliás, não é sua filha. A solução, no século XVIII, era simples: colocar a criança mal amada num convento. Susan se recusa a pronunciar seus votos, mas ninguém a ouve e ela, contra sua vontade, termina sendo convencida por Madame Moni a aceitar seu destino e pronunciar seus votos no Convento de Longchamps.Mas, depois da morte da Superiora, Madre Sainte-Christine impõe uma disciplina de ferro. Ela tranca Suzanne em sua cela para tentar impedir sua tentativa de renunciar a seus votos, e diz que a jovem se acha possuída por um demônio. Inocentada, Suzanne é transferida para o Convento de Arpajon, onde há uma total liberdade introduzida pela Superiora, Madame de Chelles. Esta se torna muito interessada em Suzanne que, para escapar de seus avanços, foge com a ajuda de Dom Morel.Depois de correr e caminhar bastante, ela é encontrada, por fazendeiros, deitada à beira de uma pequena e estreita estrada de terra, sendo por eles recolhida. Mais tarde, ao caminhar pela mesma estrada, é descoberta pelos seus antigos perseguidores, o que a obriga a, mais uma vez, correr desesperadamente para não ser por eles apanhada, indo ter a uma lavanderia, onde é aceita para passar a ferro.Não se sentindo bem acolhida e, pelos comentários maldosos que ouve sobre uma freira que teria fugido do Convento de Arpajon, Suzenne deixa a lavanderia e passa a pedir esmola na rua. É nesse ponto que ela é recolhida por uma mulher elegante que fica impressionada com sua beleza. À noite, na casa para a qual é levada, cinco mulheres muito bem vestidas e maquiadas, cuidam para que ela fique igualmente irretocável para o evento que se seguirá.Assim, quando todas estão prontas, elas se dirigem a uma enorme e elegante sala de jantar, onde as esperam um igual número de homens, talvez da nobreza local. Todos se sentam à mesa e começam a fazer seus pares, os quais passam a se agarrar e a se beijar. Diante de tal situação, Suzanne consegue se levantar e, pedindo perdão a Deus, joga-se do alto de uma janela, morrendo.

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