segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Infância Revelada Em Os Incompreendidos





Se existe um filme que faz parte da coleção de qualquer cinéfilo, esse filme é Os Incompreendidos, do cineasta francês François Truffaut. E esse filme não é apenas o primeiro dele como diretor, mas também um dos precussores da Nouvelle Vague e um dos melhores filmes de todos os tempos. Trata-se de uma obra-prima. Chego a dizer que o cinema foi inventado para que filmes com esses fossem feitos.
Fotografado em preto-e-branco, Os Incompreendidos acompanha o percurso de um garoto de 12 ou 13 anos pela Paris do final dos anos 50.
A criança está sempre se metendo em encrencas, e vem daí o título original, Les 400 Coups - uma expressão idiomática francesa que pode ser traduzida por "pintar o sete".
Antoine Doinel(Jean-Pierre Leaúd) mata a aula e mente que a mãe morreu, ergue um altar em honra a Honoré de Balzac e quase mete fogo na casa, rouba e se arrepende, é preso e foge.O roteiro, do próprio Truffaut, em parceria com Marcel Moussy, recusa o clima de piegas que costuma a lambuzar filmes sobre infância.
É quase um documentário, profundamente alegre em certas partes e triste, suave, melancólico no seu todo.
Passados 51 anos, o final continua sempre carregado de emoção. É um dos filmes mais simples e mais belos em cento e poucos anos de cinema.

Truffaut não gostava de admitir o quão autobiográfico era esse longa-metragem. O próprio , teve uma infância bem parecida com a do protagonista de Os Incompreendidos. Amargou problemas com os pais, aplicou pequenos delitos e acabou detido em um reformatório para menores infratores. Foi salvo pela magia do cinema, e pelo crítico André Bazin, que além de ser seu conselheiro, foi para ele uma espécie de pai. Certa vez, quando concedia uma entrevista, chegou a declarar que " jamais conseguiria fazer um filme tão eficaz como Os Incompreendidos".

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