segunda-feira, 21 de junho de 2010

Livro O Deserto dos Tártaros

Alguns livros são extremamente perigosos. Digo isso porque eles retiram de nossos pés o conforto em que estamos habituados e nos fazem mergulhar em outras realidades.Cada vez que os lemos,ficamos com a impressão que não somos mais os mesmos. Estabelecido tal círculo, estamos presos: passam a fazer parte de nós.

O Deserto dos Tártaros é um livro assim. Pode-se gostar ou não, mas ninguém o lê impunimente. Ele retrata a condição humana perante o mundo cheio de possibilidades. Possibilidades...Será?Qual é o destino final de todos nós?


Em tempos de incertezas, Giovanni Drogo acaba de se formar na academia militar. Agora oficial, sonha com mulheres, dinheiro, aproveitar a vida depois de tempos difíceis na escola. No entanto, ao contrário de suas previsões, foi destacado para o forte Bastiani, um velho forte de fronteira.


Giovanni parte, deixando para trás a família e os prazeres da cidade. A cavalo, o caminho é longo e solitário; é preciso subir e subir, pois a construção está situada no alto da montanha. Ele não está satisfeito, mas tem como certo, voltar em pouco tempo. Nem sequer imagina que passará ali o resto de seus dias. Por que Giovanni, jovem cheio de vitalidade, conforma-se em viver longe de tudo, desfrutando apenas da companhia de seus amigos em uma fortaleza decadente? Há um mistério, que perpassa toda a obra e que te convido a desvendar.


Ao norte do forte Bastini há uma grande planície, denominada deserto dos tártaros. Antigas lendas dão conta da existência desses vizinhos; vez por outra se vêem coisas por ali. Sombras, objetos que mudam de lugar. Por isso a tropa deve estar sempre pronta para se defender de uma possível invasão. Existirão ? Não importa. Importa é que eles são uma possibilidade. É preciso que existam para dar sentido a vida daqueles homens. A esperança move o mundo e é ela que mantém Giovanni preso; é natural do ser humano querer se destacar da mutidão. Giovanni sonha com a invasão dos tártaros e com a chance de fazer algo grandioso, ainda que morra na batalha.


O tempo passa e, movido pela esperança, chega um dia em que a existência humana termina. O livro também termina. E de modo surpreendentemente previsível. Entretanto, mesmo após o final da leitura, não se consegue evitar aquele vazio, incerto, uma pontada na alma, ressoando silêncios, uma certeza de que não estamos completos.

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